Historia De Icapui
Trabalho Universitário: Historia De Icapui. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: eilton • 17/9/2013 • 2.790 Palavras (12 Páginas) • 449 Visualizações
ICAPUÍ, PROCESSO DE FORMAÇÃO
BREVE HISTÓRICO DE ICAPUÍ E PROCESSO DE FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO
Alguns Historiadores, como Pompeu Sobrinho (1944), afirmam, com base em estudo das notas de viagens e dos mapas elaborados por Juan de la Cosa, que as naus dos espanhóis Vicente Ianez Pinzón e Diego Lepe aportaram, no final de janeiro ou início de fevereiro de 1500, no litoral cearense, mais precisamente junto ao cabo e “Santa Maria de la Consolación”, chamado depois de “Cabo Corso” e “Ponta de Jabarana”, que seria a atual Ponta Grossa (SILVA, 1993 e FREITAS FILHO, 2003). Assim, 2 meses antes do ‘descobrimento’ oficial do Brasil pelo fidalgo Pedro Álvares Cabrau, os primeiros europeus a pisarem nas terras brasileiras foram os citados espanhóis, que fundearam suas naus na chamada baia dos arrecifes, hoje Retiro Grande (à oeste da Ponta Grossa).
Conforme FREITAS FILHO (2003), com o intuito de deliberar a posse oficial do território ‘descoberto’, Pinzón desembarcou e, vendo ao longe um agrupamento de indígenas que se mantinha à distância dos invasores, leu em voz autiva o pretendido auto de posse. Em seguida seus marujos trataram de grafar seus nomes e o do Rei de Castela nas árvores e nas rochas que se dilatavam ao longo do cabo, com o intuito e registrar sua passagem pelo local. No entanto, por causa do tratado de Tordesilhas de 1494, que delimitava as possessões de Portugal e Espanha, em terras que viriam a ser colonizadas, a descoberta e o ato de demarcação de posse de Pinzón não tiveram efeito, tendo sido renegados da história oficial.
Ao longo do século XVI, diversas excursões náuticas percorreram as costas do Nordeste brasileiro, tanto por portugueses (para o reconhecimento da área) como por piratas de diferentes nacionalidades. Desta forma, por ser a baia de Retiro Grande uma das mais protegidas do Ceará, sendo portanto, um ponto estratégico, é factível pensar que ali aportaram diversas naus ao longo deste período.
Contudo, a colonização portuguesa do Estado efetiva-se somente a partir do século XVII, sendo “motivada por uma visão estratégica de conquista do litoral norte e defesa da região (...) que se encontrava assediada por diversos outros estrangeiros tais como franceses, holandeses e ingleses” (TUPINAMBÁ, 1999). Capistrano de Abreu, citado por SILVA & CAVALCANTE (2002), identifica a presença de duas correntes de povoamento do Estado:
“A corrente de povoamento que penetra no sentido litoral-sertão, chamada ‘sertão de fora’, é originária de Pernambuco e alcança o interior cearense através do vale do rio Jaguaribe. A outra, conhecida como ‘sertão de dentro’, é de origem baiana e penetra pelo sul do estado, através do Cariri”.
Para FREITAS FILHO (2003), antes mesmo de se efetivar as tentativas de povoamento do Estado, pela necessidade do estabelecimento de intensas relações entre o Recife e o Maranhão, abriu-se a duras custas, o tráfego pela Velha Estrada Geral, também conhecida como Caminho Praieiro, porque percorria as praias entre um destino e outro. Neste período, surgiram as primeiras povoações de Icapuí, Areias (atual distrito de Ibicuitaba) e Cajuais, como pontos de parada para a longa jornada e Retiro Grande, como ponto estratégico na defesa do território.
É sabido que desde os primórdios da invasão européia nestas terras, os povos indígenas, que milenarmente habitavam estas paragens, muito lutaram para, em vão, tentar assegurar seus territórios. Conforme CORDEIRO (1989), eram cerca de vinte e dois Povos Indígenas no Ceará (Sec. XVI), cada um com idioma próprio. Dentre estes podem ser citados “os Tarariú, Karirí, Tremembé e Guanacé, do grupo Tapuia, que ocupavam a maior parte do estado e os Tabajara e Potyguara, do grupo Tupinambá”, que segundo TUPINAMBÁ (1999) se localizavam na região do Baixo Vale do Jaguaribe, portanto nas terras onde viria se formar o município de Icapuí6.
Aos poucos, o território foi sendo conquistado, os índios exterminados, aldeados, escravizados ou expulsos. Um dos cenários destes cruéis genocídios foi a praia de Tremembé, em Icapuí, empreendido em 1678, pelo governador do Maranhão, Inácio Coelho da Silva, que naquele instante voltara-se com suas tropas contra a nação Tremembé, que perseguidos na região oeste, vieram ocupar a porção leste do litoral cearense, este triste episódio originou o nome da localidade (FREITAS FILHO, 2003).
A pecuária exerceu importante papel na conquista do território, em Icapuí não foi diferente. Porém, em virtude das limitações do clima, relevo e solos, os núcleos originais do município (Séc. XVIII) nunca tiveram um peso relevante na empresa de gado cearense. Ainda segundo o autor supra citado, o primeiro grande pecuarista a se instalar no território icapuiense, mais precisamente no Vale da Mata Fresca, foi o português Antônio de Sousa Machado, tendo sido também o primeiro a plantar e difundir a semente da fé católica, erguendo uma modesta capela7.
Ao se fixar na região, o referido português adquiriu a área em sesmaria, para ele e seus descendentes, sendo nomeado Sargento Mor, passando então, a estimular o desenvolvimento das três vilas: Retiro Grande, por causa do interesse estratégico da coroa portuguesa, na defesa do território; Areias e Cajuais, por se encontrarem em locais de passagem e possuir um clima mais favorável para o desenvolvimento da pecuária e da agricultura de subsistência, além de estarem próximas ao mar, garantindo o abastecimento de pescado para os residentes locais.
Como principais mercados da carne bovina despontavam Pernambuco e Paraíba. Inicialmente, o gado era transportado a pé, perdendo muito peso e prejudicando o comércio. Para resolver o problema, inicia-se o processo de salga das mantas de carne, instituem-se assim as primeiras charqueadas8, que tiveram sua origem na vila de Santa Cruz do Aracati, na bacia do Jaguaribe, da qual fazia parte o atual território de Icapuí.
A atividade passa a ser lucrativa e Aracati “torna-se o ‘pulmão da economia colonial cearense’, transformando-se na vila mais progressista do século XVIII” (SILVA & CAVALCANTE, 2002), não só pelas charqueadas, mas por sua relativa proximidade à Recife e Salvador e por abrigar importante porto, atraindo comerciantes de toda parte. Foi neste período, quando Aracati tornou-se o principal empório comercial do Ceará, que as terras a leste (atual município de Icapuí) passaram a receber o maior impulso em sua colonização.
Nesta época, a região compreendida entre Retiro Grande e Redonda, foi uma área que recebeu vários povoadores
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