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Impactos Ambientais De Uma Mineração Aurífera

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Por:   •  22/8/2014  •  6.625 Palavras (27 Páginas)  •  367 Visualizações

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IMPACTOS AMBIENTAIS DE UMA MINERAÇÃO AURÍFERA

Márcio José dos Santos e Paulo Ricardo da Rocha Araújo

Resumo

Este trabalho discute impactos ambientais relativos às atividades da mineradora Rio Paracatu Mineração S.A., na cidade de Paracatu – MG. Trata-se de mineração aurífera localizada em área urbana, cujo processo de licenciamento ambiental não tratou adequadamente os riscos do uso de cianeto no beneficiamento mineral, liberação de arsênio contido no minério e geração de drenagem ácida na área de lavra.

Palavras-chave: impacto ambiental, poluição ambiental, arsênio, cianeto, drenagem ácida.

Abstract

This work discusses relative environmental impacts to the activities of the mineradora Rio Paracatu Mineração S.A., in the city of Paracatu - MG. It is auriferous mining located in urban area, whose process of environmental licensing didn't treat the risks of the use of cyanide appropriately in the mineral beneficiamento, arsênio liberation contained in the minério and generation of acid drainage in the area of it plows.

Key-Words:

Introdução

O ouro da cidade de Paracatu foi descoberto no início do séc. XVIII, contido em aluviões. Na metade daquele século a produção de ouro já estava encerrada, deixando um legado de pobreza e escravidão. Muitos anos após o primeiro período de exploração ocorreram surtos garimpeiros, com a introdução de novas tecnologias de produção: o processo de amalgamação com a utilização de mercúrio e o uso de máquinas e bombas para reprocessar os rejeitos dos surtos anteriores.

Com a utilização de processos químicos de beneficiamento tornou-se possível a extração de ouro contido na rocha dura. Isto foi feito por uma empresa transnacional, a Rio Tinto Brasil, através de sua subsidiária Rio Paracatu Mineração S.A. – RPM. Estudos realizados na década de 1980 levaram à cubagem de uma jazida de baixo teor aurífero no local denominado Morro do Ouro, junto à zona urbana da cidade (Figura 1).

A lavra iniciou-se em dezembro de 1987, movimentando anualmente 17,2 milhões de toneladas de minério de 0,7 gramas de ouro por tonelada. A mina, em princípio, atingiria a exaustão em 2016. Posteriormente, as reservas foram ampliadas e desenvolveu-se um projeto de expansão da produção, que passaria de 5.5t/ano de ouro para 15t/ano, a partir de 2008. Essa expansão foi depois assumida pela empresa canadense Kinross Gold Corporation, que adquiriu o capital social da empresa em 2005.

Contudo, na reserva ampliada o teor de ouro no minério caiu para apenas 0,44g/t. O teor aurífero muito baixo exige, para sua viabilização econômica, um enorme volume de extração e custos muito reduzidos para todas as operações de lavra, beneficiamento e gestão de resíduos. A vida útil da mina termina em 2040, com capacidade nominal de 61 milhões de toneladas ao ano de minério extraído. (KINROSS, 2010)

Figura 1 – Localização da Mina Morro do Ouro

Fonte: Henderson (2006)

O objetivo geral deste trabalho é apontar possibilidades e evidências de poluição química gerada pelas atividades de lavra, beneficiamento de minério e estocagem de resíduos resultantes desses processos.

Metodologia

Este é um trabalho de revisão bibliográfica voltado para o exame dos impactos ambientais causados pela mineradora de ouro RPM na cidade de Paracatu. Para a sua elaboração procurou-se reunir as publicações que surgiram na área acadêmica, os dados disponibilizados publicamente pela empresa, documentos de órgãos oficiais, jornais e sítios da Internet. Entretanto, a empresa mineradora tem a posse exclusiva de dados e informações muito importantes, que são resguardados a título de confidencialidade, e que poderiam esclarecer e aprofundar o conhecimento sobre as reais condições ambientais em que se desenvolvem os seus processos de produção.

A Natureza do Minério e o seu Beneficiamento

A mina do “Morro do Ouro” é a de mais baixo teor de ouro do mundo, apenas 0,4 g de ouro por tonelada de minério. O minério é do tipo sulfetado, com predominância de arsenopirita (arsênio) e pirita (ferro) com pirrotita (pirita magnética) e quantidades menores de calcopirita (cobre), esfalerita (zinco) e galena (chumbo) (HENDERSON, 2006).

Para a recuperação do ouro, o minério é britado e finamente moído, e depois submetido a processos de separação gravítica e flotação, hidrometalurgia, eletrólise e refino (MONTE et al, 2002).

Segundo Torem (2004), a recuperação total de ouro, enxofre e arsênio obtida nos ensaios de concentração gravítica (jigagem) e subseqüente flotação do rejeito do processo de concentração gravítica foram 80,44%, 64,90%e 58,22%, respectivamente. Por meio dos processos de jigagem e flotação do rejeito, foram obtidas recuperações de ouro, enxofre e arsênio de 93,73%, 88,82 e 49,29%, respectivamente.

Todo o efluente final da unidade industrial (usina de beneficiamento e hidrometalurgia), é encaminhado através de um canal até a barragem de contenção de rejeitos, exceto o rejeito sulfetado. Este é transferido para um tanque de tratamento e precipitação de sólidos e depois segue para uma barragem específica, revestida com argila com alto grau de impermeabilidade. Esta solução passa por uma etapa de recuperação de ouro residual e segue para o circuito de recuperação de cianeto. Cerca de 60% do cianeto contido no rejeito é recuperado. Depois, a solução é tratada com sulfato férrico para precipitação de cianeto e arsênio e, a seguir, bombeada para o canal de efluentes (HENDERSON, 2006).

Uma visualização do corpo do minério é apresentada na Figura 2. Observa-se que o corpo de minério, com espessura aproximada de 150m, mergulha no sentido oeste. Ele é mais rico em ouro na sua porção basal, onde, de acordo com Henderson (2006), é também maior a presença de arsenopirita.

Figura 2 – Seção de sondagem 05N – Vista para Norte.

Fonte: Henderson (2006)

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