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Interação Fármaco Nutriente

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Por:   •  3/11/2014  •  8.866 Palavras (36 Páginas)  •  439 Visualizações

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1 Fármaco no Trato Gastrointestinal

Para que se possa entender como ocorre a interação fármaco/nutriente, é necessário relembrar os processos que os fármacos sofrem no organismo bem com seu trajeto. O fármaco para atingir a ação desejada no organismo, é preciso atravessar uma série de membranas celulares, além dos diversos fatores físico-químicos moleculares que acabam por interferir na sua absorção ou até travessia para dentro das células. (OLIVEIRA JUNIOR, 2011; BRUNTON, 2012) Vale lembrar que a espessura e área permeável das membranas celulares acabam por influenciar na velocidade do transporte das substâncias. (OLIVEIRA JUNIOR, 2011)

O transporte e a disponibilidade do fármaco no seu sítio de ação são influenciados pelas características que cada fármaco tem como: peso molecular e conformação estrutural, grau de ionização, lipossolubilidade relativa dos seus compostos ionizados ou não ionizados, que se ligam as proteínas séricas e teciduais. (BRUNTON, 2012) Segundo Rodrigues, 2009, a travessia do fármaco pela membrana celular ocorre pelos seguintes processos:

 Transporte ativo: processo feito contra um gradiente de concentração, por saturabilidade e seletividade e pela inibição competitivas por compostos cotransportados. Portanto para que esse processo ocorra é necessário que haja gasto de energia.

 Transporte passivo (Difusão simples e Difusão facilitada): a difusão ocorre a favor do gradiente de concentração, podendo ser por difusão simples quando o fármaco atravessa a membrana sem ajuda de carreadores ou por difusão facilitada quando há necessidade de carreadores, porém sem gasto de energia.

1.1 Trajetória do Fármaco no Organismo

A trajetória do fármaco no organismo como visto na figura 1, pode ser representado por 3 fases: biofarmacêutica, farmacocinética e farmacodinâmica.

1.1.1 Fase Biofarmacêutica

Os processos do fármaco desde sua administração até sua absorção são compreendidos nesta fase, processos estes que são a liberação e a dissolução do princípio ativo, ficando assim disponível para absorção. A biodisponibilidade do princípio ativo (PA) pode sofrer interferências nesta faze fazendo com que haja variação do tempo de absorção e quantidade absorvida consequentemente prejudicando o objetivo da farmacoterapia. (SILVA; CYSNEIROS; EMIM, 2007; MOURA; REYES, 2002; RODRIGUES, 2009)

Figura 1: Esquema de correlações entre absorção, distribuição, ligação, metabolismo e excreção de um fármaco e suas concentrações nos locais de ação. Fonte: BRUNTON, 2012

1.1.2 Fase Farmacocinética

Esta fase engloba a absorção, distribuição, biotransformação (metabolização) e excreção do fármaco; compreende o que o organismo faz com o fármaco após sua administração. (SILVA; CYSNEIROS; EMIM, 2007) Sendo de extrema relevância as interações entre fármacos e nutrientes, pois é nesta fase que ocorre às interações mais significativas porque a maioria dos fármacos são administrados por via oral. (RODRIGUES, 2009)

A absorção é o processo de movimento do fármaco do local de administração para o compartimento central (corrente sanguínea), e depende da via de administração, química do fármaco e sua capacidade de atravessar as membranas celulares, velocidade do esvaziamento gástrico (quando este for feito por administração oral) e movimentos gastrintestinais, e qualidade da formulação do produto. (BRUNTON, 2012; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010)

Um fator importante referente ao fármaco é a biodisponibilidade, pois trata da quantidade de fármaco que chega à circulação sistêmica para exercer sua ação farmacológica e a qual velocidade acontece esse processo. (BERNHARD, 2005) Alguns fatores podem prejudicar a biodisponibilidade do fármaco como: efeito de primeira passagem, variações na atividade enzimática da parede intestinal ou do fígado, pH gástrico, motilidade intestinal, instabilidade química do fármaco. Os estudos de biodisponibilidade são de grande importância, pois se consegue avaliar a margem terapêutica de um fármaco, ou seja, determinar a concentração mínima necessária para obter a resposta farmacológica e a concentração máxima tolerada, a qual pode atingir níveis tóxicos. (SANTOS; TORRIANI; BARROS, 2013)

Distribuição ocorre quando o fármaco deixa a corrente sanguínea e se desloca para os líquidos intersticiais e intracelulares. Inicialmente os órgãos mais irrigados como fígado, rins, cérebro recebem a maior parte do fármaco; já os órgãos menos irrigados como pele, músculos, vísceras e tecido adiposo recebem uma menor porção do fármaco podendo demorar alguns minutos até horas para que a concentração do fármaco nos tecidos esteja em equilíbrio com o nível sanguíneo. Neste processo são vários os fármacos que se ligam à proteínas como a albumina por exemplo, sendo que a fração ligada à proteína não exerce efeito no organismo e somente a fração não ligada é que exerce função farmacológica no órgão-alvo. (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010; BRUNTON, 2012)

Biotransformação ou metabolização é o processo de transformação do fármaco onde resulta em vários metabólitos, tendo como principal órgão o fígado. Este processo se divide em fase I e fase II, onde na fase I ocorrem reações bioquímicas como oxidação, redução e hidrólise ocasionando a modificação estrutural dos fármacos resultando em metabólitos ativos ou não. Estas reações são catalisadas principalmente pelo sistema enzimático CyP – 450. Já na fase II ocorrem reações de conjugação do composto original ou do metabólito da fase I com moléculas endógenas, em geral são altamente polares e inativos que são facilmente excretados pela urina ou fezes. (OLIVEIRA JUNIOR, 2011; MOURA; REYES, 2002; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010; BRUNTON, 2012)

Excreção é a saída ou eliminação do fármaco na forma inalterada ou como metabólitos ativos ou inativos tendo como principal órgão excretor os rins. (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010; OLIVEIRA JUNIOR, 2011)

1.1.3 Fase Farmacodinâmica

Nesta fase verifica-se os mecanismos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação, ou seja, o efeito do fármaco no organismo.(BRUNTON, 2012) A maioria dos efeitos farmacológicos acontecem quando o fármaco interage com as macromoléculas (receptores) .Existem fármacos que sua ação só é possível devido a interação inespecífica entre moléculas

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