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Letramento

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Por:   •  9/1/2014  •  Seminário  •  9.521 Palavras (39 Páginas)  •  203 Visualizações

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A aprendizagem das crianças não ocorre sem estímulos, não nascem

espontaneamente e nem são inatas e, apesar da escrita fazer parte da

vida das crianças desde seu nascimento. Essa presença não é suficiente

para que ela aprenda, pois é necessária a sua atividade sobre ela,

através de experiências significativas. Porém, algumas crianças chegam

à escola sabendo muito sobre a linguagem escrita e outras chegam sem

nenhuma vivência com essa prática. “Essas diferenças são enormes e

podem traduzir em profundas desigualdades na sua escolarização se nada

for feito no sentido de compensar, pelo menos em parte, essas

diferenças”. (MACHADO & COLABORADORES, 2000).

O ensino de língua pressupõe o desenvolvimento, no aluno, das

capacidades de observação, reflexão, criação, discriminação de

valores, julgamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão e ação

encaradas, também, como objetivo geral do ato de educar. A busca do

homem como produto do processo educativo remete-o para a sua

característica principal que é: ser reflexivo e criador. A partir

desse objetivo o processo educativo deve preocupar-se com o

desenvolvimento das capacidades de refletir, criar, observar. Por

isso, a finalidade do ensino de língua é ser um instrumento de

comunicação e interação para que o aluno possa manter contatos

coerentes com seus semelhantes e entender a língua como instrumento de

uso nos contatos diários.

Assim, a alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua

utilização como código de comunicação. “De uma forma mais ampla, ela

pode ser definida como um processo no qual o indivíduo reconstrói a

gramática e suas variações” Porém, esse processo não se resume apenas

na aquisição dessas habilidades mecânicas no ato de ler, mas implica a

capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e

produzir conhecimento. A alfabetização promove a sua socialização, já

que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas,

acesso a bens culturais, ou seja, ela favorece o exercício consciente

da cidadania e o desenvolvimento da sociedade como um todo.

Alfabetizar, portanto, é promover o indivíduo na socialização da

gramática, suas variações, codificação e decodificação, produzir

conhecimento e desenvolvimento da linguagem. O que se constitui numa

fusão entre o processo de alfabetização e o de letramento.

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E A FUNÇÃO SIMBÓLICA

Logo ao nascer, o bebê relaciona-se com o mundo por meio dos sentidos

e da ação, estabelecendo, pouco a pouco, relações entre as suas ações

e a resposta do meio. Assim, segundo Piaget, a criança desenvolverá

esquemas de ação que se tornarão cada vez mais complexos. O domínio da

função simbólica, nessa perspectiva, é adquirido a partir da evolução

sensório-motora e se origina na ação. Dá-se através da imitação e do

domínio de imagens mentais, que serão acomodados em esquemas mentais.

Estes esquemas vão se tornando estáveis e configuram em repertórios

convencionais. (LUQUET& PALÁCIOS, 1995).

Para Piaget, o surgimento da representação só é possível quando esses

esquemas permitirem a evocação de imagens mentais acerca dos objetos,

mesmo na ausência dos mesmos, o que denomina “função simbólica”, que

diz respeito à capacidade humana de representar algo por um sinal, um

símbolo ou um objeto, o que inclui a imagem mental, o desenho, o jogo

simbólico, a imitação diferida e, sobretudo, a linguagem. Ao construir

esse “esquema” de representação a criança passa da inteligência “ação”

para a inteligência “pensamento” (BELINTANE, 2005).

Nesse sentido Vygotsky, entende que o ser humano logo que “vem ao

mundo” se vê envolvido em um ambiente social e, através da mediação

simbólica, vai gradativamente internalizando os valores, as regras,

enfim, a cultura desse meio, transformando-se, de sujeito biológico,

em sujeito humano. Para Vygotsky, o processo de apropriação dessa

bagagem cultural não se dá por mera reprodução, pois ao incorporar

esse mecanismo o sujeito transforma as suas funções psicológicas

elementares em funções psicológicas superiores, que é um tributo

essencialmente humano. Assim, os signos, como instrumentos de

interação, cumprem um papel central na organização do comportamento

humano, pois viabilizam

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