Letramento E Alfabetização
Artigo: Letramento E Alfabetização. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Jescika • 29/10/2013 • 945 Palavras (4 Páginas) • 359 Visualizações
Considerações sobre o ensino da oralidade
Por Heloisa Cerri, consultora pedagógica da Fundação Victor Civita
Ensinar oralidade na escola não é ensinar a fala cotidiana. Envolve a linguagem formal. Por isso, como qualquer outro conteúdo curricular, deve ser ensinada na escola de forma planejada e sistematizada. Infelizmente, na educação atual a reflexão sobre a fala se restringe ao período de alfabetização. A preocupação com o desenvolvimento da oralidade dos alunos é muitas vezes deixada de lado nas séries seguintes do Ensino Fundamental e Médio. Mas precisa ser retomada. Veja a seguir algumas considerações sobre o tema.
“Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania.”
(Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa – 5ª a 8ª séries, p. 67)
1. Língua escrita e língua falada não são a mesma coisa. Devem, portanto, ter momentos separados de ensino. O fato de que escrita e oralidade dispõem do mesmo sistema de signos lingüísticos não significa que ambas sejam de natureza semelhante. Aprende-se a falar, falando e, a escrever, escrevendo.
2. Para seus alunos aprenderem a falar publicamente, ensine-os a observar e a refletir sobre a fala produzida em diferentes situações comunicativas. Leve para a sala de aula, exemplos em vídeo e fita cassete ou, se houver disponibilidade, leve-os para locais onde possam acompanhar ao vivo algum tipo de situação comunicativa. Por exemplo, a Câmara Municipal da sua cidade. Mostre a eles que, em cada caso, há diferentes propósitos e que são utilizadas técnicas lingüísticas específicas. Num segundo momento, crie com os alunos situações semelhantes em que eles precisem falar como nos casos que observaram e analisaram. Proponha debates para que as crianças exponham fatos e idéias, peça que contem histórias, apresentem seminários, simulem um discurso de formatura, apresentem um noticiário de rádio ou organizem um sarau. Outra possibilidade interessante é levar à escola alguém famoso, um autor de livros, por exemplo, para que seja entrevistado pelos alunos.
3. O trabalho com a oralidade tem como objetivo desenvolver as habilidades lingüísticas de falar e de escutar. E, nesse caso, escutar não significa apenas demonstrar respeito pelo interlocutor, mas também observar a argumentação, o encadeamento de idéias e até apropriar-se da lógica por ele utilizada, se for necessária uma contra-argumentação.
4. Planejar e sistematizar as atividades com oralidade significa inseri-las no planejamento escolar feito antes do início do ano letivo. Para colocar as atividades em prática, você precisará fazer a seleção de material que sirva de modelo para o aluno (fitas, CDs, vídeos) e planejar os trabalhos extra-classe. A avaliação deve também ser prevista para ocorrer em todos os momentos. Faça avaliações diagnósticas para poder definir o ponto de partida do seu trabalho, planeje formas de avaliação durante as atividades (relatórios de acompanhamento, conversas com os alunos) para que, se for o caso, você possa intervir e redirecionar as atividades.
5. Ampliar as atividades para projetos que envolvam outras disciplinas, toda a escola e, se possível, a comunidade tornará o trabalho mais eficaz e significativo para os alunos. Veja alguns exemplos: sarau de poesias para a comunidade escolar, encenação de peça em um teatro ou espaço público da cidade, programa de rádio transmitido para a toda a escola durante o recreio, debate público com políticos ou personalidades
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