Liderança E Mercado De Travbalho
Casos: Liderança E Mercado De Travbalho. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: miguelvivan • 11/11/2013 • 1.548 Palavras (7 Páginas) • 242 Visualizações
O mundo do trabalho do século XXI
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iguel Vivan, economista, inserido no mercado de trabalho há mais de dez anos é enfático ao dar sua opinião, sem medo do quão estranho possa ela soar: trabalho por obrigação e não tenho nenhuma pretenção de me “realizar profissionalmente”, como muitas pessoas sonham. O trabalho para mim será sempre maçante. Passo a semana esperando o sábado e o ano inteiro esperando as férias. Por outro lado, o trabalho me dá recursos para que eu possa me realizar fora dele, através dos meus momentos de lazer.
Hoje em dia é difícil encontrar opiniões que convirjam pra esse ponto apontado por Vivan. Numa época onde gestores tentam a todo custo estimular e incentivar seus funcionários e colaboradores, opiniões como essa se tornam um tanto quanto polêmicas.
A empresária do ramo de publicidade, Judith Mair, chama a atenção para os modismos do mundo empresarial, principalmente na gestão de recursos humanos. A vontade de fazer o ambiente de trabalho se tornar uma extensão do ambiente familiar é feita por vezes de maneira artificial, de modo que tudo pareça alegre, dinâmico e gerador de felicidade e reconhecimento. Cursos, integrações, dinâmicas de grupo, viagens e festas, são alguns dos artifícios utilizados pelas organizações para que o ambiente empresarial seja o mais agregador e animador possível.
Há quem diga, porém, que nada melhor do que trabalhar em um ambiente como esse, onde executar tarefas profissionais se torna um lazer, e o cumprimento de metas soa como uma satisfação pessoal, uma sensação de extremo prazer. Realização profissional se torna uma palavra de ordem para estas pessoas, que a perseguem muitas vezes em detrimento de uma melhor remuneração.
Mas até que ponto isso é benéfico ao trabalhador? Está aí lançado um trade-off: o que vale mais, satisfação e realização profissional, ou maior remuneração?
Nem tão ao céu, nem tão ao inferno
Ter trabalhadores motivados e focados nos seus afazeres é o sonho de qualquer empresa e os novos modos de gestão vão sempre por essa linha. “Extrair o máximo de seus colaboradores”, “fazer com que 'vistam a camisa'” são bordões utilizados frequentemente por consultores da área de recursos humanos, que tentam todos os dias fazer com que as pessoas imaginem o trabalho como uma grande diversão e que aquilo não esteja separado de sua vida pessoal.
Essa modificação da forma como se entende o trabalho vem acontecendo de forma muito rápida nos últimos tempos. A sociologia diria que a transformação do mundo do trabalho se deu de forma mais evidente com o surgimento do capitalismo. Até então outras atividades eram mais importantes e geravam mais atenção da sociedade da época. Com o ambiente capitalista formado, o trabalho passa a ter caráter central na sociedade. Assim a posição social e as relações sociais ficam evidentemente ligados ao trabalho.
O que acontece hoje é a tentativa de não dissociar vida e trabalho, fazer com que os funcionários estejam sempre ligados à empresa, e é aí que mora o perigo. Ao invés desse pensamento ingênuo de tornar o local de trabalho uma maravilha, não é mais fácil assumir seu papel de homem-cumpridor-de-tarefas e simplesmente fazer suas obrigações em troca de um salário? Assumir que está cumprindo seu papel na empresa exclusivamente para ganhar dinheiro é motivo de vergonha? Precisamos nos estimular tanto para cumprirmos satisfatoriamente nossas tarefas?
A moda do “trabalho dos sonhos” pode durar algum tempo, mas não esqueçamos: prazer é prazer e trabalho é trabalho.
Quem manda em mim sou eu!
Mudanças culturais, evoluções no modo de pensar. O desafio de ser um “empreendedor de si mesmo”.
Antigamente os indivíduos nasciam com seu destino praticamente traçado. As diretrizes de sua vida e sua orientação profissional já estavam definidas desde antes da sua concepção. O desenrolar de sua vida serviria apenas para “encher linguiça”. Salvo raras excessões, o que determinava o rumo profissional dos indivíduos eram as tradições culturais, classes sociais a que pertenciam, etc.
O novo panorama que se vê hoje leva o homem a tomar conta de sua própria vida. Não é mais a família que determina sua carreira, não são os professores que vão lhe dizer o que fazer. Você está com as rédeas na mão. Você é estimulado a correr riscos, apostar em mudanças, ter uma mentalidade voltada ao sucesso.
Esta modificação do cenário, apesar de ter diversos pontos que podem contribuir para a realização pessoal e profissional das pessoas, também pode conter alguns perigos. A obsessão pela performance pode trazer severos prejuízos, como a cobrança exagerada de si mesmo, pressão por resultados, riscos de problemas psicológicos, quadros de depressão, etc.
A linha que separa o bem do mal é tênue. Não há que se demonizar este culto à performance. A eficiência, o aproveitamento do tempo, o trabalho dinâmico, entre outros pontos tão pregados mundialmente, tem por objetivo melhorar o mercado, dar produtividade aos trabalhadores. O ponto que se deve ter atenção é o exagero.
Tomar o controle da sua vida para si foi uma conquista, mas fazer disso um problema não vale a pena. A cobrança demasiada por suas decisões é um erro recorrente das pessoas.
Um exemplo dessa atitude está retratada no filme Wall Street – poder e cobiça, onde o personagem Buddy Fox, interpretado por Charlie Sheen, é um jovem corretor da bolsa de valores. Ele escolhe viver uma vida de riscos, se espelhando em Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas, um grande corretor, rico e obcecado pelo seu trabalho.
Depois de algum tempo, Fox consegue o padrão de vida que almejava, porém os problemas começam a aparecer. A ganância e cobiça fazem com que ele tenha problemas psicológicos,
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