Malandro é Malandro E Mané é Mané

Volta e meia ouvimos alguém criticar a corrupção que há no Brasil. Falam mal dos políticos, os rotulam de antiéticos e se sentem indignados com tamanha malandragem por parte de nossos governantes. Porém nós vemos diante de uma contradição, pois, por muitas vezes, essas mesmas pessoas procuram formas de tirar vantagem sobre determinada situação. É o que chamamos ternamente de jeitinho brasileiro.

Grande parte da população mal se dá conta de que faz uso de tal pratica, pois está se tornou algo banal, considerada até mesmo parte de nossa cultura. Muitos acreditam que furar fila, jogar papel no chão, não devolver o dinheiro que recebeu a mais no troco, entre outros, não passam de ações normais e sem importância que todos praticam. Há também aqueles que apesar de se dizerem totalmente contrários a prática da malandragem fazem uso dela em seu dia a dia. Alienados pela cultura de que, como diz a música, “malandro é malandro e mané é mané” nos esquecemos dos princípios morais que tanto exigimos das outras pessoas quando se trata de nós mesmos.

A linha entre o certo e o errado vem se tornando cada vez mais tênue. Vejam o exemplo das “cadeiras brancas” em um pré-vestibular da cidade de Montes Claros-MG, onde os assentos que se localizavam na frente da sala eram reservados a alunos que pagassem um valor a mais por eles. Está, por sua vez, não é uma pratica ilegal, porém isso e as desculpas dadas não fazem com que ela deixe de ser errada, amoral e injusta, ferindo o direito a igualdade de cada um. Não apenas o colégio se mostrou digno de tais adjetivos, mas também aqueles que pagaram por essas cadeiras. Diversas justificativas tanto por parte dos responsáveis pelo curso como pelos pais que pagaram para que seus filhos se sentassem na frente foram dadas, esse é o jeitinho brasileiro em ação. E assim muitos levam a vida, cometendo pequenos e grandes atos que ferem os princípios éticos e arranjando desculpas que abrandem sua consciência.

As escolas juntamente com os pais devem ensinar as nossas crianças, principalmente por meio de exemplos, os valores morais, o que é certo e o que é errado, o que se pode e o que não se pode fazer. E aqueles que passaram da fase de serem ensinados devem se reeducar, pois só alcançaremos a sociedade ética que almejamos se mudarmos a nós mesmos e erradicarmos o tão conhecido jeitinho brasileiro de nossa cultura.

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