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Manejo De Solos Ecológicos

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Por:   •  25/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  5.527 Palavras (23 Páginas)  •  343 Visualizações

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Manejo Ecológico do Solo

Tereza Cristina de Oliveira Saminêz1 Francisco Vilela Resende2

Introdução

Nos sistemas naturais a ciclagem dos nutrientes ocorre através dos processos de formação e decomposição da biomassa vegetal (fluxo orgânico) e através das entradas e saídas de nutrientes por via não orgânica (fluxo mineral). O fluxo mineral é decorrente da ação de agentes físicos, sendo as entradas via chuva, vento e decomposição de rochas e as saídas por lixiviação, erosão e fixação (a curto prazo). Os ecossistemas naturais possuem mecanismos para minimizar as perdas de nutrientes, sobretudo na vegetação (Khatounian, 2001).

Nos agroecossitemas as principais saídas do fluxo mineral se dão por lixiviação, erosão e exportação pelas culturas, e as entradas por fertilizantes e corretivos. A capacidade de reserva de nutrientes dos solos, retenção de nutrientes no complexo coloidal e matéria orgânica (MO), será maior quanto maior a presença de argilas do tipo 2:1 e teor de MO. Para os solos mais intemperizados, pobres em argilas 2:1 e MO, como os de cerrado, maior é a importância do fluxo orgânico de nutrientes. A preservação dos nutrientes nos solos dependerá diretamente do manejo do solo e da biomassa vegetal. Assim, dependendo do manejo da biomassa vegetal dada pelo produtor, maior ou menor será a quantidade de nutrientes a serem incorporados ao sistema, via adubação (fluxo mineral). Segundo Hernani et al. (1995), como alternativas de manejo da biomassa vegetal têm-se a rotação e consorciação de culturas, e o uso de espécies de adubos verdes.

Preparo do solo

O conceito de solo como um corpo predominantemente mineral, morto, focalizado no manejo agroquímico e como mero substrato para as plantas deve ser abandonado pelo olericultor que se adentrar ao sistema orgânico de produção. Na linha de raciocínio da agricultura orgânica o solo deve ser encarado como um organismo vivo e sua fertilidade baseada em aspectos físicos, químicos e também biológico, que no modelo convencional de agricultura é relegado a um segundo plano.

Na olericultura convencional trabalha-se com intensa movimentação do solo para construção de canteiros, leiras, abertura de covas e sulcos, muitas vezes utilizando-se de intensa mecanização, que resultam na degradação física e desequilíbrio biológico do solo. No sistema orgânico de produção de hortaliças deve-

1 Engª Agrª, Msc em Agronomia, Área de Concentração Solos, Pesquisadora da Embrapa Hortaliças. Caixa Postal 218, CEP 70359-970 - Brasília –DF. E-mail: tereza@cnph.embrapa.br. 2 Eng° Agrº, Dr. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Hortaliças. E-mail: fresende@cnph.embrapa.br Os tópicos bases e princípios de sistemas orgânicos, Planejamento da horta e Requisitos básicos para produzir organicamente foram adaptados do texto de Carlos Armênio Khatounian.

se adotar uma abordagem conservacionista, evitando-se a mobilização excessiva e compactação do solo.

O preparo do solo no primeiro ano de cultivo deve basear-se em aração, gradagem e levantamento dos canteiros (Sudo et al., 1997). Nos anos subsequentes evitar, na medida do possível, o uso de enxada rotativa e outros implementos que causem degradação excessiva de solo. Recomenda-se um sistema de preparo de solo com mecanização reduzida, deixando-o sempre protegido por cobertura morta ou verde.

Os canteiros devem ter de 0,80 m a 1,0 m de largura, 15 a 20 cm de altura e estar distanciados uns dos outros em aproximadamente 30 cm (Vieira et al., 1997). Para hortaliças de canteiro ou leiras como alface, cenoura, alho, rúcula, batata-doce, mandioquinha-salsa, etc, o olericultor orgânico pode trabalhar com canteiros ou camalhões semi-defintivos reduzindo a freqüência de máquinas e implementos nas áreas de produção. Desta forma, os canteiros são apenas reparados com enxadas, após cada cultivo. A adubação orgânica é aplicada sobre os canteiros ou leiras e sua incorporação feita pelos próprios organismos do solo.

O cultivo mínimo ou plantio direto é feito sobre a cobertura morta da cultura anterior, normalmente adubos verdes ou restos culturais, sem que seja feito um novo preparo de solo. As espécies a serem usadas como cobertura morta devem ser selecionadas segundo seu potencial de formação de palhada. Coquetéis de gramíneas e leguminosas, além de espécies de adubos verdes, podem ser utilizados como formadores de palhada. Para isto é necessário aguardar até que as plantas completem seu ciclo. São relatados com bons resultados os exemplos do plantio de tomate e pimentão sobre palhada de aveia preta, e vagem e pepino sobre palhadas de gramíneas. O cultivo mínimo e plantio direto são usados para cultivo orgânico de hortaliças plantadas em covas e/ou sulcos como brássicas, cebola, pimentão, quiabo, berinjela, jiló, tomate, promovendo revolvimento mínimo do solo e usados espécies adequadas para formação de palhada.

Fertilidade do solo

A produção de hortaliças é uma atividade extremamante desgastante quanto à fertilidade do solo. Apenas as forrageiras de corte, plantas para produção de silagem ou feno causam maior impacto na fertilidade do solo do que as hortaliças. Este desgaste se dá pelo uso intensivo do solo e retirada elevada de biomassa e nutrientes da área (Esquema 1).

Portanto, ao iniciar o cultivo orgânico de hortaliças em uma área, é fundamental a realização da análise química do solo para verificar seu pH e teores totais de nutrientes e de matéria orgânica. Ao longo dos anos, análises periódicas devem ser realizadas com o objetivo de acompanhar possíveis oscilações do pH e dos teores de nutrientes totais. A manutenção do solo em equilíbrio é o foco principal dos sistemas orgânicos de produção e a análise periódica do solo é o principal instrumento de acompanhamento deste fator, além de fornecer os suportes para seu restabelecimento.

A correção do solo ou calagem deve ser realizada três meses antes do plantio. Recomenda-se usar calcário dolomítico de boa qualidade e em quantidades nunca superiores a duas toneladas por hectare, por ano (Brasil, 1999). A elevação exagerada do pH pode causar redução na produção, por diminuir a disponibilidade de micronutrientes, tais como: Boro (B); Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn) (Vieira, 1997). A quantidade de calcário e adubos a serem utilizados serão calculados com base na análise química do solo. Em relação a fosfatagem

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