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ESTUDO GEOGRÁFICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM BAURU NO

PERÍODO DE 2003-2007: notas preliminares

Álvaro de Barros ZAGO

Ivo Francisco BARBOSA

José Tiago de Melo CAMARGO

Alunos do Curso de Geografia

Universidade do Sagrado Coração - Bauru

RESUMO

No artigo os autores analisam a leishmaniose como parte do complexo patogênico

tropical. Recorrem ao histórico de casos da doença do tipo tegumentar (úlcera de Bauru)

no início do século XX e os casos de ocorrência do tipo visceral na cidade de Bauru, no

período de 2003 a 2007. Concluem que o aumento dos casos pode ser explicado por

fatores climáticos aliados ao pouco cuidado dos vizinhos, donos de terrenos e órgãos

públicos que colaboram para o surgimento de criadouros dos flebotomíneos.

Palavras-chave: Doenças tropicais – Leishmaniose visceral - Bauru

ABSTRACT

In the article, the authors examine the leishmaniasis as part of the tropical pathogenic.

They look over the disease cases history of cutaneous type (ulcer of Bauru) at the

beginning of the twentieth century and the occurrence of cases of visceral kind in

Bauru, in the period 2003 to 2007. They conclude that the increase in cases may be

explained by weather conditions associated with little care of neighbors, owners land

and public agencies that cooperate for the emergence of breeding of sand flies.

Key-words: Tropical diseases - visceral leishmaniasis - Bauru

INTRODUÇÃO

A geografia é ciência muito abrangente, perpassando por fenômenos naturais,

biológicos e sociais de nosso planeta.

Através de seu estudo podemos perceber as relações entre o homem e o meio na

construção e/ou modificação do espaço. Na relação homem-meio podemos considerar o

homem como parte integrante da paisagem, porém encontra fatores que dificultam sua

adaptação ao meio. E entre esses fatores encontra-se o fator biológico. Muitas vezes a 2

ocupação humana não respeita as condições ecológicas das diferentes regiões criando

embates que leva à maior incidência das doenças. A geografia médica, ramo da

geografia preocupada com o estudo das doenças, ou seja, das patologias analisadas à luz

dos conhecimentos geográficos. Este ramo da geografia também é conhecido por

patologia geográfica, geopotologia, medicina geográfica, constiuindo ramo da geografia

humana ou da biogeografia.

Em um país de grande extensão territorial como o Brasil, localizado na maior

parte na região tropical do planeta, a geografia médica é de grande importância, pois há

grande facilidade na formação de complexos patogênicos e nichos ecológicos. Isso

facilita a propagação de determinadas doenças endêmicas em certas regiões. Muitas

delas que pareciam estar erradicadas voltam a estar presentes entre nós.

Nas regiões tropicais e, portanto, em quase todo o território brasileiro,

formam-se com facilidade vários “complexos patológicos”, bem como

“nichos ecológicos naturais”, podendo estes serem circunscritos ou

difusos. (LACAZ, 1972: 23).

Para se estudar as denominadas “doenças tropicais”, há necessidade de se

recuperar o conceito de complexos patogênicos ou patológicos de Maximilien Sorre. O

geógrafo francês, define os complexos patogênicos ou patológicos como sendo as:

... associações de seres de diferentes graus de organização, cujo centro

é o homem, que se ligam a ele pelo parasitismo e cuja atividade se

traduz nele em enfermidades”... “O núcleo de todos estes complexos é

constituído pela associação do organismo humano a um determinado

parasita: vírus, bacilo, fungo ou verme...” “A transmissão do agente

patogênico se realiza de homem para homem ou por mediação da água

(afecções hídricas) ou do ar... (SORRE, 1967: 35).

Enfatiza-se a Leishmaniose focando as ocorrências em Bauru, cidade de porte

médio do interior do Estado de São Paulo, devido ao aumento de sua freqüência

veiculado