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Matemática Financeira

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Por:   •  29/4/2013  •  5.933 Palavras (24 Páginas)  •  1.180 Visualizações

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ntrodução

A administração nasceu na Europa no século XVIII, durante a Revolução Industrial. As primeiras fábricas modernas começaram a colocar em prática diversos conceitos que se tornariam universais no século seguinte. Mas não foram as fábricas que inventaram a divisão do trabalho. No entanto, a Revolução Industrial teve papel marcante na disseminação dessa prática.

As teorias da administração espelham o momento histórico em que são produzidas. A partir do início do século XX, a organização eficiente do trabalho nas empresas tornou-se a base do desenvolvimento da teoria e da prática da administração. Muitas pessoas e grupos participaram desse processo. Entre eles pesquisadores e estudiosos, como Frederick Taylor, industriais, como Henry Ford; executivos como Henri Fayol; cientistas, como Max Weber.

Desta forma o objetivo deste trabalho é apresentar um panorama das teorias da administração que se desenvolveram no século XX e se destacaram durante todos estes anos. As teorias apresentadas serão: escola clássica, enfoque comportamental, enfoque sistêmico, enfoque da qualidade e modelo japonês.

Taylor e a Administração Científica

Nos Estados Unidos, no século XIX, e no começo do século XX, a indústria se expandiu aceleradamente. Essa expansão estimulou o estudo sobre as formas de aumentar a eficiência dos processos de produção. A preocupação com a fabricação eficiente de produtos já era muito antiga e acentuou-se durante a Revolução Industrial. As condições no início do século XX fizeram essa preocupação dar origem ao primeiro evento importante na história da administração contemporânea: o movimento da Administração Científica, liderado por Frederick Winslow Taylor. Os princípios e as técnicas criados por este movimento procuraram aumentar a eficiência dos trabalhadores por meio da racionalização do trabalho. As contribuições que Taylor deixou contam - se entre as mais importantes da história das teorias e práticas da administração.

Em 1895, Taylor apresentou à sociedade o que é considerado o primeiro trabalho da administração científica: A piece-rate system (um sistema de pagamento por peça). Taylor argumentou que a administração deveria primeiro procurar descobrir quanto tempo levaria para que um homem dando o melhor de si, completasse uma tarefa. A administração poderia então estabelecer um pagamento por peça de forma que o trabalhador se visse compelido a trabalhar o suficiente para assegurar remuneração razoável (MAXIMIANO, 2000).

Com o passar dos anos, a questão dos salários passou para plano secundário, porque ficou evidente que constituía um aspecto de um contexto muito maior. Então, na segunda fase do movimento da administração científica, a ênfase deslocou-se, da produtividade do trabalhador, para o aprimoramento dos métodos de trabalho. Neste momento Taylor conclui que a racionalização do trabalho deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação de seus princípios. Ele assegurava que as indústrias de sua época padeciam de males que poderiam ser agrupados em três fatores: vadiagem sistemática por parte dos trabalhadores; desconhecimento pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização; falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho.

Taylor descreve o homem como um indivíduo preguiçoso, limitado e mesquinho. Portanto, culpado pela vadiagem e desperdício das empresas deveriam ser controlados continuamente por meio do trabalho previamente racionalizado e do tempo padrão. Então, a padronização das máquinas e ferramentas do trabalho passa a ser uma preocupação para a obtenção da eficiência.

Esta segunda fase corresponde ao estudo Shop managemet (Administração operações fabris). Taylor fez o que se tornaria a característica distinção entre o homem médio e o homem de primeira classe. Segundo Taylor, o homem de primeira classe é altamente motivado e realiza seu trabalho sem desperdiçar tempo nem restringir sua produção. O ideal seria a pessoa ser selecionada para a tarefa que lhe fosse mais apropriada e incentivada financeiramente, elevando a eficiência do operário. Quanto maior a eficiência, maior a produtividade (MAXIMIANO, 2000).

Uma das idéias do movimento de administração científica é a de que o homem é um ser eminentemente racional e que ao tomar uma decisão conhece todo o curso de ação disponíveis, bem como as conseqüências da opção por qualquer um deles. Pode, assim, escolher sempre a melhor alternativa e maximizar os resultados de sua decisão. Os objetivos do homem assim prefixados e sabendo a sua reação, facilitaria muito as relações com ele (MOTTA & VASCONCELOS, 2002).

Dessa forma, o ser humano, era considerado um ser simples e previsível, cujo comportamento não variava muito. Então, incentivos financeiros adequados, constante vigilância e treinamento eram ações consideradas suficientes para garantir uma boa produtividade. Entretanto, o operário que produzia tinha bom salário, porém tinha que suportar o seu trabalho simples, repetitivo, padronizado e robotizado.

Essas leis, de caráter simplista, além de não levarem em conta as diferenças individuais, reduzem a fadiga a um problema exclusivamente fisiológico, quando se sabe que se trata realmente de um fenômeno psicofisiológico (MOTTA E VASCONCELOS, 2002)

Segundo Maximiano (2002), os quatro princípios da administração científica são:

a) O objetivo da boa administração era pagar salários altos e ter baixos custos de produção.

b) Com esse objetivo, a administração deveria aplicar métodos de pesquisa para determinar a melhor maneira de executar tarefas.

c) Os empregados deveriam ser cientificamente selecionados e treinados, de maneira que as pessoas e as tarefas fossem compatíveis.

d) Deveria haver uma atmosfera de íntima e cordial cooperação entre a administração e os trabalhadores, para garantir um ambiente psicológico favorável à aplicação desses princípios.

“ Estudo de tempos e movimentos, descrições de cargos, organização e métodos, engenharia de eficiência e racionalização do trabalho foram algumas das idéias que a ação de Taylor colocou na ordem do dia “(MAXIMIANO, 2000).

Os mais importantes participantes deste movimento foram: o casal Frank e Lílian Gilbreth, que desenvolveu técnicas para minimização de tempos e movimentos; Henry Gantt, que criou o gráfico de Gantt ou cronograma e se preocupou com o aspecto psicolólgico e humanístico dos trabalhadores , também foi um dos criadores do treinamento profissionalizante e Hugo Munsterberg que é considerado o criador da psicologia industrial, criou e empregou os primeiros testes de seleção de pessoal, também foi o primeiro consultor de organizações para assuntos de comportamento humano.

Segundo Motta & Vasconcelos (2002), Os mecanismos ou técnicas usados na administração científica, tornavam os administradores e engenheiros os cabeças, quem estabelecem padrões e os operários apenas obedecem, executando estritamente as operações planejadas.

Isso nos faz pensar a importância do administrador na teoria de Taylor. Antes, ele participava da produção apenas em pequena escala, agora sua participação é infinitamente maior, já que precisa planejar exaustivamente a execução de cada operação e cada movimento, reduzindo-os ao máximo com movimentos diferentes e de maneira mais rápida.

O Taylorismo enquanto método de organização científica da produção, mais do que uma técnica de produção é essencialmente uma técnica social de dominação. A classe dominante faz valer seu controle e poder sobre os trabalhadores para sujeita-los de maneira mais eficaz e menos custosa à sua exploração econômica ao organizar o processo de trabalho, dividindo-o, estruturando as relações e distribuindo individualmente a força do trabalho dentro de uma fábrica (RAGO & MOREIRA , 1984).

Rago & Moreira falam ainda que o sistema Taylor é uma estratégia adequada à dominação burguesa que visa constituir o trabalhador dócil politicamente e rentável economicamente, que submissos, produz como o “operário padrão”, e controlando suas atitudes, introduzindo novos hábitos e comportamentos, eliminando outros supérfluos, “racionalizando” a postura, economizando tempo e modelando a figura do trabalhador .

O Taylorismo além de ser um modelo de produção que vem consolidar o processo capitalista, o trabalhador perde sua autonomia, desempenha o seu trabalho de forma metódica, é robotizado, pouca atenção lhe é dado, acentuando assim a dimensão negativa do trabalho.

Conforme Rago & Moreira (1987), o método científico objetiva construir a própria identidade da figura do trabalhador que seria o soldado do trabalho. A idéia de ciência passa a legitimar o método Taylor, já que nesta perspectiva ele se fundamenta num saber objetivo, competente, neutro, apolítico, desinteressado, da ordem da “verdade” , opondo-se à anarquia dos métodos empíricos tradicionais .

Os autores Rago & Moreira (1984) comentam ainda que, ao individualizar o operário no interior da fábrica, distribuindo prêmios e gratificações, o sistema Taylor pretende quebrar toda forma de articulação e todo laço de solidariedade entre os explorados, incentivando o espírito de concorrência entre eles.

Além de incentivar essa competição entre os empregados, o Taylorismo coloca o trabalho como atividade fundamental para o homem procurando ocupar o trabalhador de tal modo que sua alienação se consuma radicalmente. Este sistema faz do homem que é forte, ativo, massa bruta, destituída de consciência de capacidade crítica e criatividade.

A Administração científica significa um empenho no sentido de aplicar os métodos da ciência aos problemas complexos e crescentes do controle do trabalho nas empresas capitalistas em rápida expansão. Faltam-lhe as características de uma verdadeira ciência porque suas pressuposições refletem nada mais que a perspectiva do capitalismo com respeito às condições da produção. Ela parte não do ponto de vista humano, mas do ponto de vista capitalista, do ponto de vista da gerência de uma força de trabalho refratária no quadro de relações sociais antagônicas. Não procura descobrir e confrontar a causa desta condição ”natural”. Investiga não o trabalho em geral, mas a adaptação do trabalho às necessidades do capital (BRAVERMAN, 1987 p. 82-83).

De qualquer forma, a administração científica foi o primeiro passo em busca de uma teoria administrativa e por conseguinte levou vários pontos que seriam estudados posteriormente.

Ford e a Linha de Montagem

Outra importante contribuição para a administração foi feita por Henry Ford, fundador da Ford Motor Company e criador da linha de montagem móvel. Ele estabeleceu o padrão de organização de processos produtivos que se tornaria universal.

Segundo Motta & Vasconcelos (2002), as inovações de Ford permitiram eliminar quase todos os movimentos desnecessários das ações dos trabalhadores. Procurava-se organizar a tarefa de forma a requer o mínimo consumo de força de vontade e esforço mental. Os operários podiam permanecer em seus postos de trabalho movimentando-se na fábrica o mínimo possível. Ford também adotava uma forma rígida de divisão do trabalho, tanto horizontal como vertical.

O Fordismo tem início simbólico em 1914. Ford adotou o dia de trabalho de 8 horas e duplicou o valor do salário, para 5 dólares por dia. Segundo Harvey, (1992), o propósito era obrigar o trabalhador a adquirir a disciplina necessária à operação do sistema de linha de montagem de alta produtividade. Era também para dar aos trabalhadores renda e tempo de lazer suficientes para que consumissem os produtos produzidos em massa que as corporações estavam por fabricar em quantidades cada vez maiores. Então, Ford enviou um exército de assistentes sociais aos lares dos seus trabalhadores para ter certeza de que o “novo homem” da produção de massa estava correspondendo às necessidades e expectativas da corporação. Essa experiência trouxe problemas sociais, políticos e psicológicos.

O operário Fordista também sofria com o trabalho repetitivo, massificado, trabalho esse existente enquanto peça fundamental para o aumento do lucro capitalista.

Ford aplicou à fabricação de automóveis os dois princípios fundamentais da produção em massa:

a) O primeiro principio é a divisão do trabalho (exatamente como Adam Smith observou no século XVIII). O processo de fabricar um produto é dividido em partes. Cada pessoa e grupo de pessoas, num sistema de produção em massa, tem uma tarefa fixa, que consiste em fabricar ou montar uma das partes, o funcionário sabe realizar apenas a tarefa fixa que lhe foi designada tornando a especialidade do trabalhador.

b) O segundo principio é a fabricação de peças e componentes padronizados e intercambiais. Cada peça ou componente pode ser montado em qualquer sistema ou produto final. Nenhum produto, peça ou componente é fabricado para um produto final especifico.

Ford e outros primeiros fabricantes de automóveis tiveram que desenvolver soluções para os problemas de controle de qualidade, controle de estoques, administração de pessoal, para fabricar eficientemente grandes quantidades de produtos feitos de dezenas de milhares de peças. Foi essa necessidade que criou o ambiente propicio para a disseminação das técnicas da administração cientifica.

Conforme Maximiano (2000), o fordismo permitiu a generalização da linha de montagem e de um sistema econômico fundamental para a consolidação da sociedade industrial, porém sofreu com os efeitos da rigidez de seu modelo e os problemas ligados ao controle de pessoal. O sistema era eficiente, mas não favorecia a inovação e a adaptação ao mercado. Consequentemente, nos anos 70 esse modelo de produção começou a perder espaço para o modelo de produção japonês, o modelo Toyota .

A crise estrutural da era fordista caracterizou com a queda na taxa de lucro causada pelo aumento do preço da força de trabalho, o desemprego estrutural que se iniciava, causando uma retração do consumo , o aumento das privatizações, dados pela crise fiscal do Estado capitalista . Isso era resultado do sentido destrutivo da lógica do capital, devido a tendência decrescente do valor de uso das mercadorias e na exploração cada vez maior do trabalhador, caracterizada pela intensificação do trabalho e da deteriorização das condições laborativas. Era um modelo de produção que desrespeitava o trabalhador e os produtos tinham cada vez menos vida útil (PERES, 2004).

A produção em série suprimia a dimensão intelectual do trabalho operário, tido apenas como ferramenta, cabendo-lhe apenas executar mecanicamente tarefas. Este operário nunca era chamado a participar da organização do processo, apenas fazia uma atividade repetitiva e desprovida de sentido.

Segundo Peres (2004), essa crise exigia que o capital viesse a estabelecer mutações em sua estrutura. Como é difícil controlar o capital utilizou-se do contexto da era Ford para um processo de reorganização, que teve como principal resultado a emergência do neoliberalismo, com a privatização do estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a falência do setor público estatal. Com isso ocorre um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho dando origem ao modelo flexível de produção.

Fayol e o Processo Administrativo

Conforme Maximiano (2000), ao lado de Taylor e Ford, Fayol é um dos contribuintes mais importantes do desenvolvimento do conhecimento administrativo moderno. Seu trabalho foi realizado aproximadamente na mesma época que o de Taylor, pois viveu no período de 1841-1924. Entretanto, ao contrário de Taylor, que começou do nível operacional de uma organização, Fayol trabalhou nos níveis organizacionais da cúpula administrativa.

Fayol foi o pioneiro no reconhecimento de que a administração deveria ser vista como uma função separada das demais funções da empresa. Ele ajudou a tornar mais nítido o papel dos executivos, ou seja, os administradores de nível mais alto na hierarquia da organização.

Maximiano (2000), comenta ainda que, Fayol chegou a diretor geral de uma empresa de mineração em 1888. A empresa estava à beira da falência, mas quando ele se aposentou, em 1918 sua situação financeira era sólida. Esse resultado ele atribui a seu sistema de administração, uma idéia que se dividia em 3 partes principais:

a) A administração é uma função distinta das demais funções, como finanças, produção e distribuição.

b) A administração é um processo de planejamento, organização, comando, coordenação e controle.

c) O sistema de administração pode ser ensinado e aprendido.

Fayol considera a empresa uma entidade abstrata, conduzida por um sistema racional de regras e de autoridades, que justificam a sua existência à medida que atende ao objetivo primário de fornecer valor, na forma de bens e serviços, a seus consumidores. O trabalho do dirigente consiste em tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos integrantes

da organização, de modo que as atividades de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar estejam numa seqüência lógica. Uma vez organizada a empresa, seus colaboradores necessitam de ordens para saber o que fazer, e suas ações precisam de coordenação e controle gerencial como qualquer atividade comum a todos os empreendimentos humanos como família, negócios, governo .

Conforme Kwasnicka (1995), Fayol completa sua teoria com a preposição de 14 princípios que devem ser seguidos para que a administração seja eficaz:

a) Divisão de trabalho, a designação de tarefas especificas para cada individuo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes.

b) Autoridade e responsabilidade, sendo a primeira direito de mandar e o poder de se fazer obedecer e segunda, a sanção – recompensa ou penalidade – que acompanha o exercício do poder.

c) Disciplina, o respeito aos acordos estabelecidos entre empresa e seus agentes.

d) Unidade de comando, de forma que cada individuo tenha apenas um superior.

e) Unidade de direção, um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo.

f) Subordinação do interesse individual ao interesse geral.

g) Remuneração do pessoal, de forma eqüitativa e com base tanto em fatores externos quanto internos.

h) Centralização, o equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados.

i) Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia, a série dos chefes deste o primeiro ao ultimo escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol).

j) Ordem, um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar.

k) Eqüidade, o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o vigor quando necessários.

l) Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento.

m) Iniciativa, que faz aumentar o zelo e atividade dos agentes.

n) Espírito de equipe.

Ford e Taylor cuidaram da empresa de baixo para cima, com base no chão – de – fábrica, Fayol cuidou da empresa de cima para baixo, a partir do nível do executivo (conforme a figura abaixo), onde o dirigente é a principal fonte de energia para as operações. Mesmo que essa noção viesse a ser aprimorada mais tarde, com os grupos inteligentes e auto geridos, as idéias fundamentais continuam válidas em qualquer espécie de organização ou sistema de administração.

Bases da administração moderna, segundo Maximiano (2000):

Max Weber e a Burocracia

Max Weber um importante cientista social e jurista alemão, ocupou-se de inúmeros aspectos das sociedades humanas. Na década de XX Weber publicou estudos sobre o que ele chamou o tipo ideal de burocracia no qual as organizações são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem limitadas.

Conforme Maximiano (2000), Weber descreveu as organizações burocráticas como máquinas totalmente impessoais que funcionam de acordo com regras que ele chamou de racionais – regras que dependem de lógica e não de interesses pessoais.

Assim, Weber cunhou a expressão burocrática para representar esse tipo ideal de organização dos sistemas sociais ou burocracia, num sentido que vai além do significado pejorativo que por vezes tem. Burocracia é a organização eficiente por excelência. E para conseguir essa eficiência a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas (KWASNICKA, 1995).

De acordo com Kwasnicka (1995), Weber definiu as características do modelo burocrático da seguinte maneira:

A organização burocrática é regida por normas escritas que determinam os atos e decisões administrativas. ; a burocracia baseia a sua divisão de trabalho de uma forma que estabelece o grau hierárquico de cada cargo, o poder e responsabilidade; as atribuições e as condições necessárias; no sistema burocrático o fator mérito individual é o mais importante no critério seleção, promoções e transferências e pessoas de um cargo a outro; a necessidade de separar o coro administrativo da propriedade da administração; os bens da organização burocrática devem estar livres de qualquer controle externo, não se permitindo monopolização de posições; a burocracia procura caracterizar a profissionalização de seus membros.

Conforme Maximiano ( 2000), Weber estudou e procurou descrever o alicerce formal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua atenção estava dirigida para o processo de autoridade-obediência (ou processo de dominação) que, no caso das organizações modernas, depende de lei. No modelo de Weber, organização formal e organização burocrática são sinônimos.

Então ele vem falar dos três tipos puros de autoridade ou dominação legitima (aquela que conta com acordo dos dominados): autoridade tradicional - baseia-se nos usos e costumes, passa de geração em geração, depende da crença na “santidade dos hábitos”; autoridade carismática - baseia-se nas qualidades pessoais de um líder; depende de os seguidores admirarem as qualidades do líder; autoridade legal-racional - baseia-se em normas impessoais e racionais, cria “figura de autoridade”, direitos e obrigações.

Os modelos de administração a partir de Taylor, Ford e Fayol, refletem a burocracia existente, uma vez que demonstram o processo de dominação – autoridade-obediência com regras estipuladas em favor da organização, onde os funcionários deverão comportar-se de acordo com as normas e regulamentos estabelecidas a fim de que atinja a máxima eficiência possível, não levando em conta a organização informal e nem a variabilidade humana.

Enfoque Comportamental

Nas preposições de Taylor, Fayol, Ford e Weber, a preocupação básica é o desempenho dos recursos e processos, de uma tarefa ou de toda a empresa. As pessoas são consideradas primariamente como recursos de produção que eram um reflexo da orientação que vinha da Revolução Industrial. A prioridade da eficiência da produção, naquele momento de expansão industrial, quando o importante era aproveitar as oportunidades do mercado.

Segundo Maximiano (2002), sempre foi evidente que a administração não iria muito longe se as pessoas não fossem consideradas em sua totalidade, e não apenas como “peças humanas”, como parte importante do processo de administrar organizações. Quando se consideram as pessoas como pessoas, e como fator prioritário no processo administrativo, o que se está fazendo é adotar o enfoque comportamental. As áreas de interesse do enfoque comportamental são: Comportamento e diferenças individuais – percepção, personalidade, competências, estilos. Comportamento coletivo e processos interpessoais – cultura organizacional, clima organizacional, grupos informais, processo de comunicação, processo de liderança, processo de motivação .

O principal componente e “pedra fundamental” do enfoque comportamental é a escola das relações humanas, que nasceu de um experimento famoso, (experiência de Hawthorne) realizado nos anos de 1927 e 1933, ainda na esteira do movimento da administração científica, onde um grupo de pesquisadores desenvolveram um estudo numa fábrica da Western Electric, para descobrir se as variações na iluminação teriam algum efeito sobre o desempenho dos trabalhadores (MAXIMIANO, 2000).

Mayo e seus colaboradores interpretaram os resultados do experimento e formularam uma série de conclusões que criaram uma nova filosofia de administração (a escola das relações humanas). Em essência, essas conclusões diziam que o desempenho das pessoas era determinado não apenas pelos métodos de trabalho, segundo a visão da administração científica, mas também pelo comportamento.

Conforme Maximiano (2000), as conclusões mais importantes de Mayo são as seguintes: - A qualidade do tratamento dispensado pela gerência aos trabalhadores influencia fortemente seu desempenho. Bom tratamento, bom desempenho; - O sistema social formado pelos grupos determina o resultado do indivíduo, que é mais leal ao grupo do que à administração. Se o grupo resolve ser leal à administração, o resultado é positivo para a empresa. O resultado é negativo para a empresa quando o grupo resolve atender a seus próprios interesses.

As conclusões de Mayo lançaram as bases de uma nova filosofia de adminstração: a filosofia das relações humanas. Outros autores, alguns dos quais vinham desenvolvendo trabalhos anteriores, produziam outras contribuições que se juntaram para compor o moderno enfoque comportamental. Na década de 30, Kurt Lewin liderou pesquisas a respeito da influência do grupo sobre o comportamento individual, e a partir de seu trabalho

desenvolveram-se os conceitos e as técnicas da chamada dinâmica de grupo. Nos anos 50 e 60, tiveram grande expansão os estudos e a pesquisas sobre liderança e motivação. Nos anos 90, começou a estabelecer-se a teoria da inteligência emocional.

Enfoque Sistêmico

A escola clássica, tem uma visão da administração em que predominam os fatores técnicos; na escola comportamental, predominam os fatores humanos. A integração desses dois enfoques é um dos interesses do enfoque sistêmico.

Conforme Kwasnicka (1995), a abordagem sistêmica é uma abordagem integrativa. Na administração ela tenta combinar os vários elementos da ciência comportamental, ciência administrativa e abordagem clássica de forma coesa a fim de obter um resultado. A resolução de problemas e a tomada de decisão constituem objetivos de estudo e investigação para os quais é necessário recorrer ao uso de várias disciplinas.

A essência do enfoque sistêmico é a idéia de elementos que interagem e influenciam-se para realizar objetivos. O enfoque sistêmico formou-se com base em três linhas principais de pensamento independentes, que nele estão sintetizadas: a teoria da forma, a cibernética e a teoria dos sistemas.

Na teoria da forma (gestalt), a realidade é feita de conjuntos de partes inseparáveis, a natureza de cada parte é definida pela finalidade do conjunto. Na teoria dos sistemas, a realidade é feita de sistemas; para entender a realidade, é preciso analisar relações entre as partes dos sistemas. Na cibernética, os sistemas podem controlar seu próprio desempenho, a ferramenta para o autocontrole é a informação (MAXIMIANO, 2000).

As bases do enfoque sistêmico conforme Maximiano (2002), são:

- Organização é sistema feito de um sistema técnico e um sistema social;

- sistemas influenciam-se mutuamente;

- organização é sistema cercado por ambiente;

- papel da administração é cuidar do desempenho global do sistema.

A teoria dos sistemas é a reorientação do pensamento e da visão do mundo com base na introdução dos sistemas como um novo paradigma científico, que contrasta com o paradigma analítico, mecanístico e linear de causa -e- efeito- da ciência clássica. O enfoque sistêmico enxerga as organizações como produto da interação de dois sistemas interdependentes, o técnico e o social. A organização, além disso, mantém um processo de troca de energia e informações com o meio ambiente.

Segundo Kwasnicka (1995), a abordagem sistêmica contribui para o desenvolvimento da abordagem contingencial também chamada situacional. Essa abordagem tem como princípio básico que não basta apenas considerar as várias relações internas e externas à organização, mas que a organização deverá estar pronta a adaptar-se às diferentes situações que esses ambientes possam apresentar.

Enquanto a teoria de sistemas fornece uma visão da organização funcional, dentro de um ambiente, isso é muito abstrato para soluções de problemas administrativos; a contingencial procura situar melhor os elementos do ambiente e suas inter-relações.

Enfoque da Qualidade

A expansão da indústria no início do século XX e, particularmente, a invenção da produção em massa fizeram surgir outro desenvolvimento extremamente importante na construção do edifício da moderna administração: o controle da qualidade total.

Conforme Maximiano (2002), A evolução do controle de qualidade para a moderna administração da qualidade total é uma história que tem três períodos, filosofias ou “eras” principais:

- Era da inspeção: Produtos são verificados um a um; cliente participa da inspeção; inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade.

- Era do controle estatístico: produtos são verificados por amostragem; departamento especializado faz controle da qualidade; ênfase na localização de defeitos.

- Era da qualidade total: Processo produtivo é controlado; toda a empresa é responsável; ênfase na prevenção de defeitos; qualidade assegurada, sistema de administração da qualidade.

Na era da qualidade total, a ênfase desloca-se para o sistema da qualidade. No estágio seguinte, a era da qualidade total, a ênfase desloca-se para o sistema da qualidade. A qualidade não diz respeito apenas ao produto ou serviço, nem é uma responsabilidade apenas do departamento da qualidade, mas sim de todos os funcionários e abrange todos os aspectos da operação empresa (MAXIMIANO, 2002).

Alguns autores tiveram algumas idéias sobre qualidade total, como Deming –que introduziu a idéia da corrente de clientes, em cada estágio do processo, onde o estágio precedente é o fornecedor e o estágio seguinte é o cliente. Ele fala também de fazer certo da primeira vez. Ele mostrou um método para a administração da qualidade que corresponde a 14 princípios, um deles se refere a estabelecer a constância do propósito de melhorar o produto e o serviço, com a finalidade de a empresa tornar-se competitiva, permanecer no mercado e criar empregos. Ele comenta que a inspeção não produz qualidade e fala ainda sobre o ciclo PDCA. Que quer dizer: estudar um processo e planejar seu aprimoramento; implementar a mudança; observar os efeitos; estudar os resultados.

Já Feigenbaum fala da Total quality control, quem define qualidade é o cliente; qualidade é um problema de todos; para administrar a qualidade é necessário um sistema e qualidade depende das pessoas.

E Ishikawa coloca que todos os funcionários e áreas da empresa são responsáveis pela qualidade; fala também do método de resolução de problemas de qualidade; círculos da qualidade que é um grupo de voluntários de um mesmo setor ou área de trabalho, que se reúnem regulamente para estudar e propor a solução de problemas que estejam comprometendo a qualidade e a eficiência dos produtos.

Maximiano (2002), comenta que na passagem dos anos 70 para os 80, as técnicas de controle da qualidade e os princípios de administração da qualidade, que já haviam evoluído para a filosofia da qualidade total, espalharam-se em todo o mundo. Os manuais de avaliação tinham também um papel orientador, uma vez que muitas grandes empresas os entregaram a fornecedores selecionados, os quais foram avisados de que depois de certo tempo, eles seriam avaliados com base nos critérios constantes nesses manuais. Em vez de criar seus próprios manuais de avaliação de fornecedores, algumas grandes empresas preferem usar as Normas ISO( International Standardization Organization), criada em 1947com sede em genebra, ela regulamenta as relações entre fornecedores e compradores. A inspeção da adoção das Normas ISO é feita por empresas e escritórios internacionais de credenciamento, que são contratados e têm delegação para fornecer os certificados de conformidade.

Modelo Japonês de Administração

A história da administração da qualidade total confunde-se com a história do modelo japonês de administração. Já que o modelo japonês é uma combinação dos princípios e técnicas da qualidade total, da administração científica e das condições culturais japonesas.

O discurso da qualidade total é o de qualificar os processos de produção, trabalhadores e produtos através de programas de qualidade total, que seria mais uma estratégia do capital para atingir o seu único objetivo, o lucro.

Conforme Maximiano (2002), as bases do modelo Japonês :

O Toyotismo surgiu como solução para a crise do capital ocorrida nos anos 70. Com ele, uma nova forma de organização industrial e de relação entre capital e trabalho emerge depois do Taylorismo/Fordismo. São relações mais favoráveis aos trabalhadores quando comparadas aos modelos anteriores, principalmente por possibilitarem o advento de um trabalhador mais qualificado, participativo, multifuncional, polivalente e com maior realização no ambiente de trabalho

( PERES, 2004).

Peres (2004), vem falar que essas mudanças no processo produtivo ocorridas com o advento do Toyotismo , enfatizando melhorias ao trabalho é ocultado neste mesmo processo a intensificação e precarização do trabalho.

O Toyotismo é um modelo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da globalização do capitalismo na década de 50, mas só a partir da década de 70 é que foi caracterizada como filosofia orgânica da produção industria (modelo japonês), adquirindo uma projeção global. As empresas toyotistas assumiram a supremacia produtiva e econômica, principalmente porque consistia em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e matéria –prima, ao contrario do padrão norte-americano.

Eiji Toyoda, da família proprietária da Toyota, e Taiichi Ohno, o chefe da engenharia da empresa, são os principais responsáveis pelo conjunto de técnicas de manufatura que se tornou conhecido como Sistema Toyota de Produção. Anos 50, ambos concluíram que o sistema Ford não poderia funcionar na Toyota, que era sensivelmente menor e precisava de soluções mais eficientes e menos dispendiosas. Ao longo de um período de cerca de 20 anos, Toyoda e Ohno colocaram em prática os princípios que formam a base do sistema Toyota de produção , a eliminação de desperdícios e produção de veículos com qualidade.

O primeiro componente do sistema Toyota de administração, que deu origem ao modelo japonês, é a eliminação desses desperdícios, por meio da aplicação da filosofia do just-in-time e das técnicas de racionalização do trabalho , criadas pelo movimento da administração científica.Conforme Maximiano(2000), Just-in-time significa produzir apenas o necessário, no momento certo. Kaizen é a palavra japonesa que significa aprimoramento contínuo. É usada para designar os esforços sistemáticos de redução de desperdícios, levados a efeito por meio do procedimento inventado por Taylor: análise de uma tarefa, proposição da maneira mais eficiente de realiza-la e implantação da tarefa modificada.

Maximiano (2000), fala ainda que, depois dos desperdícios, a segunda inconveniência que a Toyota procurou evitar foi a maneira tradicional de enfrentar os problemas do processo produtivo. Os defeitos são tratados de forma pontual um a um, sem a preocupação de ir às causa. Os trabalhadores recebem a instrução de parar a linha de produção sempre que encontrassem um problema que não conseguissem resolver. Depois eles deveriam analisar sistematicamente cada erro, perguntando sucessivamente ”Por quê?” até chegar à causa fundamental. Essa metodologia foi chamada de “cinco por quês.

No começo, quando esse procedimento foi instalado, a linha de produção parava a toda hora. Á medida que eram corrigidos em suas causas fundamentais, os problemas caíam dramaticamente, a ponto de a proporção de veículos fabricados em relação à produção prevista aproximar-se de 100%. Ou seja, os problemas foram virtualmente eliminados.

As técnicas desenvolvidas na Toyota foram rapidamente adotadas em outras empresas do Japão. Um conjunto de soluções se tornou conhecido como” as artes industriais japonesas” ou o “modelo japonês de administração”. O conjunto dessas técnicas e soluções também ficou conhecido como sistema de produção enxuta, por causa de sua orientação para a economia de recursos. Posteriormente, a idéias central da produção enxuta , que é a eliminação de desperdícios, ganhou maior envergadura e alcançou toda a administração da empresa. Nos anos 90, a expressão organização( ou empresa)enxuta passou a fazer parte do vocabulário da administração, já como um elemento que integra os chamados novos paradigmas da administração(MAXIMIANO,2002).

Assim, o modelo flexível que emergiu com o Toyotismo pretende romper com a imagem negativa do trabalho da administração clássica, através de programas de “qualidade total” para que o trabalhador se integre no processo produtivo e através de uma participação maior venha trazer maior lucratividade para a empresa.

Conclusão

Os modelos de organização e gestão do trabalho passaram por vários processos, da revolução industrial até a atualidade. Cada teoria provocou a seu tempo um gradativo passo para o desenvolvimento da teoria da administração.

O operário que era explorado no seu trabalho e tido como uma máquina com tarefas mecânicas, na era Taylorismo/Fordismo, agora é valorizado como ser pensante, consciente e integrado ao processo produtivo. Isso se deve ao novo modelo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da globalização, do modelo flexível de produção - o Toyotismo, que veio inovar , dando ênfase à qualidade total, valorizando o trabalho em equipe e a qualificação do trabalhador.

Porém, o Toyotismo como nova base técnica do capitalismo e com a presença de novas tecnologias microeletrônicas na produção, vem exigir um novo tipo de envolvimento operário e uma nova subordinação formal- intelectual do trabalho ao capital. Isso nos faz pensar que a força do trabalho humano até hoje é desprezada em favor do capital como poder transformador que atinge dimensões globais.

Referências Bibliográficas

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HARVEY, David. Condição pós-moderna. 4ªed. São Paulo: Loyola, 1992.

KWASNICKA, Eunice Laçava. Introdução à Administração. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1995.

MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à Administração. 5ª ed.rev. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2000.

MOTTA, F.C.P. & VASCONCELOS, I.F.F.G. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

PERES, M.A. C. DO TAYLORISMO/FORDISMO À ACULULAÇÃO FLEXÍVEL TOYOTISTA: NOVOS PARADIGMAS E VELHOS DILEMAS. No prelo, 2004. UNOPEC.

RAGO, L.M & MOREIRA, E.F.P. O que é Taylorismo. 1ª ed. ColeçãoPrimeiros Passos. Ed. Brasiliense: 1984.

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