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Medidas - Introdução

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Por:   •  14/8/2014  •  2.291 Palavras (10 Páginas)  •  255 Visualizações

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É impossível imaginar o mundo sem as medidas. Elas estão presentes de forma intensa em nossas vidas, desde as roupas que compramos até as grandes construções. Altura, peso, volume, velocidade, etc.: A todo momento estamos medindo alguma grandeza.

E isso não é exclusividade do homem moderno. Desde os tempos mais remotos, o ser humano observou essa necessidade de medir determinados objetos e começou a compara-los com outros. No começo usando parâmetros simples como pés, braços, palmos, tudo com o objetivo de facilitar sua sobrevivência. Com a evolução da espécie, veio também os avanços nos sistemas de medidas. Objetos mais sofisticados como réguas, termômetros, velocímetros, balanças que permitiam um resultado mais preciso do que membros do corpo – que variavam de acordo com a estatura da pessoa.

Com o intuito de padronizar as medidas em todo o planeta, se estabeleceu um Sistema Internacional de Unidades no ano de 1960, que determinava unidades universais para determinadas grandezas. O peso seria calculado em quilos, o tempo em segundos, o comprimento em metros, entre outros casos.

O fato é que sem essa capacidade de medir, não estaríamos em uma sociedade tão desenvolvida como a que nós desfrutamos nos dias atuais. E graças a essa incrível ideia podemos aprimorar cada vez mais nossas tecnologias.

Depois, vieram as balanças, as réguas, as ânforas e outras tantas medidas até a criação, em 1960, do sistema internacional de unidades, que estabelece grandezas universais para serem empregadas mundialmente.

Por viver num mundo já metrificado, você talvez ache muito natural — e até óbvio — que as distâncias sejam medidas em quilômetros e o arroz em quilos, por exemplo. Mas poderia ter sido diferente. Se o Brasil e boa parte do mundo não tivessem adotado o metro e as outras unidades exportadas pelo império napoleônico, talvez ainda usássemos o sistema imperial britânico, com suas jardas, onças e galões. E veríamos o mundo de outra maneira.

Conceber grandezas resultou da lenta e gradual sofisticação do pensamento humano, cujos primórdios remetem à Pré-História. "Medir foi uma maneira intuitiva de garantir a sobrevivência", diz o físico Giorgio Moscati, da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente do Comitê Internacional de Pesos e Medidas, órgão gestor do sistema internacional de unidades. Há cerca de 30 mil anos, enquanto lascava pedras e manuseava ossos para fabricar instrumentos de caça e de defesa, o homem começou a avaliar dimensões. Comparava as lascas entre si e analisava se eram adequadas para o uso que esperava delas.

Quando caçava, aprendeu — após repetidas tentativas — a calcular a distância do alvo, a força com que deveria atirar a lança e a velocidade que deveria conferir ao arremesso. "Não se trata apenas de um comportamento instintivo", diz o historiador da ciência Ubiratan D'Ambrosio, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "A capacidade de avaliar dimensões surge de um pensamento abstrato que começa a despontar de modo tênue nesse homem primitivo."

Aves e mamíferos também estimam distâncias e aprendem a dosar a própria velocidade na hora de conseguir alimento, chegar ao ninho ou fugir de um predador. Mas é a relação entre custo e benefício que está por trás dessas estimativas. "Ao contrário do que acontece nos humanos, não se trata de um processo consciente", diz o neurofisiologista Gilberto Xavier, da USP. "O sistema nervoso desses animais acumula informações a partir de experiências prévias e gera predições baseadas na memória. As estimativas resultam, então, de um cruzamento de probabilidades."

Erros e acertos também modelaram a experiência humana. Mas o desenvolvimento da linguagem e, posteriormente, da cultura possibilitou ao homem identificar as diferentes dimensões presentes no ambiente e conferir-lhes um significado. "A vida em sociedade exigiu comunicação", diz Ubiratan. "A troca de impressões com os demais membros do grupo foi a base para a criação de um padrão comum." Assim surgiram os primeiros sistemas de medidas, que permitiam a todos compreender determinados conceitos, mesmo que não tivessem lidado com eles anteriormente.

Cada civilização da Antigüidade tinha o seu próprio sistema de medidas. No Egito, país onde foi inventada a balança cerca de 5 mil anos antes de Cristo, as medições eram consideradas de suma importância. Sustentavam o burocrático Estado egípcio. "Como a economia egípcia era baseada na agricultura e na cobrança de impostos, o uso de medidas padronizadas tornou-se fundamental", diz o egiptólogo Antonio Brancaglion, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Os escribas, que eram a base da administração e da burocracia do Egito antigo, controlavam as aferições, o uso correto das medidas e os registros dos produtos agrícolas.

As primeiras medidas egípcias, como as de outros povos da época, eram inspiradas no corpo humano. A unidade mais usada era o côvado, a distância do cotovelo até a ponta do dedo médio. O padrão real correspondia a 7 palmos ou 28 dedos, o que equivaleria hoje a 52,3 centímetros. Para medir áreas de plantações, os egípcios utilizavam cordas com nós - o que acabou originando uma atividade curiosa: a dos esticadores de corda. Para comparações de massa, eram usados pesinhos com formatos de animais, como leões e touros. Muitos deles foram encontrados em tumbas e pirâmides. Os egípcios viam os instrumentos de medida como artefatos muito valiosos. "Réguas e balanças eram sepultadas junto com seus proprietários", diz Antonio. "Existiram casos em que as réguas eram folheadas a ouro e dadas de presente pelo faraó ao dignitário."

Na Roma antiga, as medidas oficiais também eram valorizadas e respeitadas. No centro de todas as cidades do Império Romano, funcionava uma espécie de escritório onde havia uma bancada com os principais padrões, tanto de comprimento quanto de volume. "Os romanos iam até lá para conferir as medidas de suas ânforas e réguas", diz o historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Obviamente, devido às limitações da época, tais padrões não eram tão precisos." O sistema romano de medidas, bastante influenciado pelo grego (a Grécia foi conquistada em 146 a.C.), era composto de unidades como polegada, pé, onça e libra. Os nomes serviram de inspiração para as medidas usadas ainda hoje no sistema imperial britânico. Os valores, no entanto, não são os mesmos.

A primeira tentativa de unificação das medidas veio com o

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