Metodologias De Ensino Para A Educação Física Escolar - Possibilidades E Adequações
Artigo: Metodologias De Ensino Para A Educação Física Escolar - Possibilidades E Adequações. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rodwell • 18/8/2013 • 1.833 Palavras (8 Páginas) • 1.091 Visualizações
Metodologias de Ensino Para a Educação Física Escolar – Possibilidades e Adequações
As chamadas metodologias tecnicistas , ou ligadas à aptidão física do tipo Abordagem Sistêmica(1980), possuem alguma utilidade para as aulas de Educação Física Escolar? Qual é o seu espaço ou suas possibilidades ? As chamadas inovadoras ou tecnicistas inovadoras- por exemplo, os estilos de ensino de Muska Mosston(1986)- merecem alguma atenção ? As metodologias mais conservadoras, como as Concepções Abertas de Ensino(1986), ainda servindo como referência para diversos concursos públicos, devem ser revitalizadas ? Como e por que utilizar as metodologias mais críticas como a sugerida pelo Coletivo de Autores(1992)?
Essas questões ainda merecem algum destaque, uma vez que não existe possibilidade de consenso sobre as inúmeras interpretações metodológicas e suas variadas utilizações. Não podemos pactuar com alguns niilismos pedagógicos do tipo: o professor cria o seu próprio método, ou pior, um receituário infalível de truques e macetes para controlar alunos rebeldes em fúria. Entre um extremo e outro, ou seja, entre a total falta de previsão por parte do professor e a ditadura da ordem unida, existe um espaço considerável de intervenção a ser discutido, sem com isso se pretender realizar algum tipo de fechamento de questão. Não devemos, como professores responsáveis pela educação e pelo ensino, escamotear as nossas dificuldades pedagógicas, fazendo com isso um processo de trabalho na base do improviso que não produz nenhum significado para professores e alunos.
As metodologias de ensino denominadas tecnicistas(por exemplo:Abordagem Sistêmica de Singer e Dick, 1980 e Muska Mosston,1986) são todas aquelas em que a aptidão física ou a performance motora(ou do movimento) estão em destaque quase exclusivo. Essas sistematizações de ensino consideram apenas o aspecto instrucional do gesto motor ou performance motora como objetivos de uma aula de Educação Física, deixando pouco, ou nenhum espaço, para o desenvolvimento de conteúdos formativos ou sócio-culturais, de igual ou maior importância, dentro de um projeto pedagógico de Educação Física Escolar.
Sem considerar os aspectos limitantes apresentados nessas metodologias, mesmo na aquisição da performance motora(e não são poucos), passamos a considerar apenas as implicações didáticas no uso de uma metodologia tecnicista. Um dos maiores problemas na utilização de métodos tecnicistas é o crédito na promessa de um ensino melhor e mais eficaz do gesto motor, ou seja, ao utilizar essa metodologia, o nosso aluno aprenderá mais e de forma mais rápida, afinal numa aula de basquete esse aluno deve aprender os movimentos técnicos do jogo, proporcionando um melhor aproveitamento durante a sua prática. Essa dimensão técnica no ensino dos movimentos é bastante confusa na nossa área. Podemos considerar a validade do aspecto instrucional de qualquer processo de ensino, desde que saibamos que essa dimensão não deve ser reduzida ao ponto de, numa aula de Educação Física, não se ensinar absolutamente nada sobre coisa alguma da cultura corporal (danças,lutas, ginástica, jogos etc.), tornando sem sentido todo o processo de ensino aprendizagem. Por outro lado, não devemos deixar de considerar aspectos imprescindíveis da formação social do educando, contemplados nos conteúdos sócio-culturais específicos da nossa disciplina, que, por isso mesmo, são de igual ou maior importância.
Por exemplo, a comparação de performances, aproveitamento de oportunidades, desempenhos individuais etc. são bastante comuns numa aula de Educação Física. O professor numa dimensão pedagógica tecnicista pode deixar de aproveitar esses momentos e não relacioná-los com uma reflexão crítica sobre essas diferenças com as mesmas condições numa perspectiva social, sendo apenas um instrumento para reforçar essas naturalizações (as habilidades como dotes naturais), perdendo a dimensão prática desses exemplos de amplitude social. Os esportes, as danças, as lutas possuem uma forte representação social que pode e deve ser ampliada, numa perspectiva crítica, dentro do contexto político-econômico sem perder as características específicas da disciplina. O problema encontrado por alguns professores reside na dificuldade de inserir esse contexto nas suas atividades e para isso algumas metodologias mais críticas podem auxiliar tais procedimentos.
A questão(reduzida) é o não aproveitamento da concepção ampliada de ação do ensino nas aulas de Educação Física, por uma dimensão estreita da valorização de apenas um dos aspectos seus educacionais(a performance motora). As metodologias tecnicistas são, por isso mesmo, redutoras, não possibilitando um maior aproveitamento da dimensão educacional da disciplina Educação Física Escolar.
Contudo, podemos aproveitar alguns dos seus subsídios técnicos, redimensionando os seus fins. Por exemplo, na Abordagem Sistêmica(Singer e Dick,1980), reconsiderando o esquema reducionista fabril(input,output), podemos aproveitar as preocupações sobre a análise de ensino proposta no seu sistema para auxiliar na reflexão da aprendizagem do movimento de forma mais crítica. Os estilos de ensino de Muska Mosston (segunda versão,1986), fora do seu desenho individualista/evolucionista(baseado na meritocracia), podem auxiliar os professores no tocante à democratização dos procedimentos de avaliação(avaliação recíproca), assim também como nos processos de participação efetiva do aluno(inclusão, descobertas do conhecimento etc.).
No entanto, devemos observar que tais metodologias ou procedimentos didáticos estão contextualizados dentro de uma perspectiva tecnicista, obedecendo uma lógica performática e, dessa forma, inviabilizam muitas vezes uma concepção mais ampla de política de análise social. As metodologias conservadoras do tipo Concepção Aberta de Ensino, originalmente desenvolvida para a Educação Física alemã( Hildebrandt e Reiner, 1986), apenas orientam para uma ação pedagógica mais participante, haja vista as dificuldades da Educação Física Escolar no que se refere à participação efetiva dos alunos nos processos decisórios por parte dos mesmos. Entretanto, sua aplicação é mais em relação aos procedimentos de co-decisão, que podem ser compreendidos mais como pressupostos didáticos do que propriamente metodologias de ensino. O que vale ressaltar é a insistência de algumas bancas organizadoras de concursos públicos em inserir na bibliografia essa obra de cunho meramente reformista, de pouco aproveitamento pedagógico por sua reduzida amplitude de análise do contexto político-social.
Caso contrário da metodologia apresentada por Celi Taffarel, na obra Criatividade nas Aulas de Educação
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