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Modelo Classico De Regressão

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Por:   •  14/5/2014  •  9.184 Palavras (37 Páginas)  •  188 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Desde que Thirlwall publicou seu artigo “The Balance of Payments Constraint as an Explanation of International Growth Rate Differences”, em 1979, que se discutem as contribuições de Thirlwall para a literatura de crescimento econômico sob a restrição externa. Essas contribuições estão reunidas no que ficou conhecido por “Lei de Thirlwall ”. Em resumo, essa “lei” sugere que o crescimento sustentável máximo de determinado país é dado pela equação que define a taxa de crescimento econômico que equilibra a restrição do balanço de pagamentos, ou seja, y_BP=x⁄π=εz⁄π. Sendo, x igual à taxa de crescimento do volume de exportações, π é a elasticidade renda da demanda por importações, ε representa a elasticidade renda da demanda por exportações e z é a taxa de crescimento da renda mundial.

Como discutido em McCombie (2011) a racionalidade dessa “lei” é que nenhum país pode crescer mais rápido que o equilíbrio do balanço de pagamentos por muito tempo pois assim sua dívida externa, como proporção do PIB, cresceria a níveis que iriam precipitar um colapso na confiança internacional, a queda na capacidade de captar créditos internacionais e uma crise cambial. Por outro lado, se a taxa de crescimento de equilíbrio do balanço de pagamentos é menor que o máximo permitido pela oferta de fatores, o país estaria restringido a crescer a taxas menores. Esse é um modelo Keynesiano orientado para a demanda em que, nessas circunstâncias, um aumento no crescimento das exportações, relaxando assim a restrição do balanço de pagamentos, iria permitir um crescimento maior do produto.

Contudo, diversas possíveis objeções emergiram das hipóteses de Thirlwall. Embora os estudos realizados, tanto para países desenvolvidos quanto para países em desenvolvimento, sugerem que a “Lei de Thirlwall” não pode ser rejeitada, ou ainda, que pode haver diferenças nas elasticidades renda entre os países, poucos trabalhos sugerem uma relação endógena entre a elasticidade renda relativa e as taxas de crescimento relativo, além de não investigarem a importância do cambio real para a restrição externa e o crescimento econômico.

Quanto à discussão do câmbio real, os trabalhos alinhados com o modelo de Thirlwall (1979) assumem a hipótese de que, no longo prazo, os preços relativos permanecem inalterados ou seu impacto seria insignificante. Por outro lado, há uma emergente literatura que aponta para uma influência da variável cambial sobre o crescimento, tanto de forma direta (ver, por exemplo, Rodrik, 2007; Gala, 2008; Sampaio e Gala, 2008), quanto de forma indireta, ou seja, via determinação das elasticidades renda (como em Missio e Jayme Jr., 2012).

Outra discussão importante nesse capítulo diz respeito à endogeneidade das elasticidades-renda, vastamente estimadas na literatura de crescimento sob restrição externa. Seguindo a abordagem tradicional, as elasticidades renda da demanda de importações (π) e exportação (ε) estimadas são exógenas, sendo essa hipótese primordial para se encontrar a taxa de crescimento compatível com o equilíbrio no balanço de pagamento. Entretanto, caso este estimador não seja exógeno a equação de equilíbrio proposta por Thirlwall pode não ser válida, ou pode ser válida, mas nesse caso, refletindo uma relação de causalidade “bi-direcional” entre a taxa de crescimento de equilíbrio (que reflete a razão das elasticidades) com o crescimento efetivo. Essa crítica à “Lei de Thirlwall” possui como marco teórico Krugman (1989). Esse autor sugeriu o que ficou conhecido como regra dos 45 graus.

Essas, portanto, são as preocupações desse trabalho, e que será analisada nesse trabalho, ou seja, define-se como objetivo investigar se a razão das elasticidades (ε/π) é endógena, e se o câmbio real é capaz de influenciar o crescimento econômico via influência sobre a razão das elasticidades.

Se as elasticidades são exógenas (estruturais) o modelo desenvolvido por Thirlwall (1979) é válido, caso contrário, algumas economias ficariam relativamente menos prósperas a medida que a renda mundial aumente, aumentando assim a diferença entre os países ricos e pobres. Nesse sentido, as políticas internas deveriam objetivar a melhora na competitividade.

2. MODELOS EXPORT-LED E A HIPÓTESE DE KRUGMAN (REGRA DOS 450)

“Todos sabemos que as diferenças nas taxas de crescimento entre os países são determinadas, principalmente, pelas diferenças nas taxas de crescimento da produtividade total de fatores” e ainda, “é difícil perceber o canal de transmissão entre o equilíbrio do balanço de pagamentos, encontrado por meio de elasticidades-renda desfavoráveis, e o crescimento da produtividade total de fatores”.

O parágrafo acima pode ser lido em Krugman (1989, p. 1037) e pode se entendido como uma crítica feita aos modelos export-led, especialmente, à “Lei de Thirlwall”.

Em contrapartida, Thirlwall (2005, p.51) inicia o debate afirmando que: “Na teoria neoclássica o crescimento da produção é função dos insumos fatoriais e da produtividade dos fatores sem o reconhecimento de que os insumos de fatores são endógenos e de que o aumento da produtividade dos fatores também pode ser função da pressão da demanda na economia. Na prática, a mão de obra é uma demanda derivada da própria demanda de produção, o capital é um meio de produção produzido e, por conseguinte, tanto é consequência quanto causa do aumento da produção. O crescimento da produtividade dos fatores será endógeno se houver rendimentos estáticos e dinâmicos de escala”.

Para melhor entender o ambiente em que se dá esse debate, considere, primeiramente, a formulação inicial dos modelos export-led, que futuramente veio a ser a fundamentação teórica da lei de Thirlwall. A apresentação a seguir está presente em Thirlwall (2005).

Nesses modelos export-led, como o próprio nome sugere, assume-se a função de demanda por exportações como sendo o componente mais importante da demanda autônoma em uma economia aberta, de modo que o crescimento das exportações rege o crescimento da produção a longo prazo, ao qual se adaptam os outros componentes da demanda. Dessa forma, assume-se que:

g_t=y(x_t) (1)

onde g_t é o crescimento da produção ao longo do tempo e x_t é o crescimento das exportações. Para definir o crescimento das exportações utiliza-se uma função multiplicativa convencional (elasticidade constante) da demanda de exportações, que faz da demanda de exportações uma função dos preços relativos, medidos em moeda comum (competitividade), e da renda fora do país:

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