Movimento Moderno: Walter Gropius

Os novos tempos para a arquitetura moderna têm inicio com o arquiteto alemão Walter Gropius (1883-1969), principalmente por causa da sua iniciativa em criar a escola Bauhaus, em 1919, na cidade alemã de Weimar.

Esta escola foi um verdadeiro centro irradiador de novas idéias no campo da arquitetura, do urbanismo, da estética industrial e do próprio ensino da arte. Assim, não podemos falar de Gropius, sem citar a Bauhaus.

Walter Gropius

Para Gropius, nas escolas de arte não deveria existir uma rígida separação entre as chamadas “belas-artes” e as “artes decorativas”, ou seja, as que produziam objetos para a vida diária. Ao contrário, defendia a existência de uma única arte, a arte do século XX, que se caracterizava por sua utilidade social.

Segundo o crítico Michel Ragon, por Graça Proença, o objetivo da Bauhaus era “reunir pintura, escultura. Arquitetura, desenho industrial, numa mesma ação, reconciliar as artes e os ofícios, as artes e a técnica”.

Em síntese, a Bauhaus propunha a integração da arte na indústria.

Gropius entendia que a arte devia superar a fase artesanal e servir-se dos meios de produção industrial para ser uma atividade adequada ao modo de vida do século XX.

O programa de ensino da Bauhaus possuía um acentuado caráter prático, cujo objetivo era levar os alunos a dominar as possibilidades de materiais como pedra, a madeira, o metal, a argila, o vidro e as tintas.

Essa aprendizagem era complementada por noções de previsão de custo e orçamento de uma obra. Apesar disso, não se descuidava do estudo convencional da natureza, da geometria, do desenho, dos volumes e das cores.

Desse modo, era evidente que havia na escola a intenção de dar uma formação completa para os alunos. Mas seu objetivo maior era adquirir uma respeitabilidade que lhe permitisse influir no trabalho dos desenhistas que criavam os modelos dos objetos da vida cotidiana industrializados no país.

Em 1926, a escola mudou-se para Dessau e aí continuou a existir como um centro de artes e ofício, cuja atenção especial estava voltada para os projetos que poderiam ser produzidos pelas industrias. Desde o início a Bauhaus contou com a colaboração de diversos artistas plásticos. Mas em 1926 reuniu-se, ao lado de Gropius, um grupo de mestres famosos, como moholy-Nagy, Breuer, Kandinsky, Paul Klee e Schlemmer.

Sede da Staatliche Bauhaus em Dessau, Alemanha

Desde tempos imemoriais artistas e artesãos ocupavam espaços distintos no universo das artes em geral. Os primeiros, os artistas, sempre se viram como uma espécie de aristocracia das belas artes, os favoritos das musas, os eleitos de Apolo, o deus-Sol que tudo alumia, enquanto os artesãos, humildes, tinham como inspirador a Hefesto, o deus corcunda da forja que, infeliz, malhava o ferro incandescente na bigorna numa oficina nos subterrâneos da Terra, suando por todos os poros em meio às labaredas e às ferramentas ardentes.

Impington Village College, Inglaterra

Uma fundação chamada Bauhaus tem em Abril de 1919 como um dos primeiros propósitos, a superação desse estigma histórico-corporativo pela educação do artista-artesão, alguém tão hábil com as mãos como enfronhado na concepção mais elevada da arte, um ser capaz de conceber um objeto qualquer, esteticamente relevante, e, ao mesmo tempo, hábil em executá-lo em conjunto com os demais colegas da construção.

Fazer, enfim, com que o belo Sol de Apolo entrasse em harmonia com a fornalha do torto Hefesto. Ou ainda, metaforicamente, promover a simbiose da estética cosmopolita de Goethe com o aço alemão dos Krupp.

Gropius House, Lincoln, MA, 1938

Para levar tal concepção à prática, “entra” em ação um jovem arquiteto promissor, Walter Gropius. Nascido em Berlim em e883, estuda em Munique e em sua cidade natal antes de participar do estúdio de Behrens (arquiteto prenunciador do modernismo), em 1907, onde completa sua formação. Junto com Le Corbusier e Ludwig Mies van der Rohe, com quem estudara na oficina do precursor da arquitetura moderna, Peter Behrens, em Berlim, Gropius é um dos mais notáveis arquitetos e artistas da modernidade.

Contribuiu substancialmente para a consolidação da arquitetura funcional, bem como para uma nova estética da técnica de construção e da produção industrial em massa (desenho industrial).Em 1910 estabelece escritório próprio Sua primeira obra conhecida é o projeto para a fábrica Fagus em Alfeld (1911), realizado com Adolf Meyer.

Transferindo-se de Berlim para Weimar, determinou a junção das duas escolas que lá existiam: a Escola de Artes e Ofícios (a Kunstgewerbeschule) e a Escola de Belas Artes (a bildende Kunst): que vieram a formar a célebre Staatliches Bauhaus, ou simplesmente Escola da Bauhaus, instalada no edifício de Van der Velde, Escola que foi um marco no design, arquitetura e arte moderna.

Negando as características nacional-históricas na arquitetura e nas artes, a Bauhaus lança as bases do modernismo, tendo em Gropius um de seus fundadores.

Walter Gropius pressentiu que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir daí dever-se-ia