Movimentos Sociais
Artigo: Movimentos Sociais. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: 232429 • 28/10/2014 • 4.636 Palavras (19 Páginas) • 951 Visualizações
Movimentos Sociais
Maria da Glória Gohn no Livro-Texto da disciplina, faz um mapeamento das principais ações coletivas, organizadas em movimentos, redes de mobilização ou associações civis da atualidade.
O foco do mapeamento são as áreas temáticas e seus eixos de manifestações como problemas sociais e a contextualização desses problemas, sua localização geográfica, seus objetivos programáticos e características das suas redes de mobilização.
Além disso, são discutidas as categorias analíticas mais debatidas na atualidade - rede e Mobilização social - com seus vários paradigmas teóricos, sem, contudo, considerá-las substitutas da categoria movimentos sociais.
Com efeito, o livro em apreço, o 15º de autoria individual de Glória Gohn, não se prende a meras listagens, mas apresenta um painel temático e histórico das organizações sociais estudadas, conforme suas próprias palavras:
imaginem telas de um filme sendo abertas, sequencialmente, descortinando cenários de sujeitos em movimento (...) A meta perseguida neste desfilar de cenas, cenários e paisagens é a de que se possa fazer um balanço das ações coletivas expressas em movimentos sociais que tanto podem ter caráter emancipatório e transformador, como meramente integratório e conservador (p. 08).
Neste sentido, a autora descreve os problemas detectados de acordo com as suas linhastemáticas, assim como os Movimentos e Organizações correspondentes, retratando de forma crítica as suas dinâmicas, de modo que o retrato seja o mais fiel possível. Ou melhor, de sorte a garantir que a fotografia produzida não seja apagada, borrada ou inerte, mas que não seja também colorida demais, louvatória, com tons propagandísticos (p. 08).
Como objetivo final, o livro pretende fomentar o debate sobre os movimentos organizados, voltados para a transformação da realidade social, destacando a dicotomia existente entre os movimentos de emancipação e os de controle social. Contém duas partes ou divisões, sendo que, na primeira, é realizada uma análise da conjuntura na qual os movimentos estão inseridos, com destaque para as categorias analíticas referentes a essas organizações. E, na segunda, são descritas as diversas formas de associativismo, organizadas em 10 eixos temáticos:
1 – Movimentos ao redor da questão urbana;
2 – Movimentos em torno da questão do meio ambiente: urbano e rural;
3 – Movimentos indenitários e culturais: gênero, etnia e gerações ;
4 – Movimentos de demandas na área dos direitos;
5 – Movimentos ao redor da questão da fome;
6 – Mobilizações e movimentos sociais: área do trabalho;
7 – Movimentos decorrentes de questões religiosas;
8 – Mobilizações e movimentos sociais rurais;
9 – Movimentos sociais no setor das comunicações; e
10 – Movimentos sociais globais.
Na primeira parte são ainda destacados cinco pontos de diferenciação dos movimentossociais atuais em relação aos do passado, quais sejam:
1 – Houve redefinição na sua própria identidade e na qualificação do tipo de suas ações. Esta mudança está menos focada em pressupostos ideológicos, como no passado, e mais nos vínculos de integração com esferas da sociedade, organizadas segundo critérios de cor, raça, gênero, habilidades e capacidades, bem como de conscientização e geração de saberes. Além disso, os movimentos sociais da atualidade, ao atuarem num cenário contraditório, em que políticas, programas e projetos podem engessá-los, discutem e problematizam a esfera pública com vista à construção de novos modelos organizativos;
2 – Os movimentos do passado possuíam papel essencialmente universalizante, uma vez que lutavam pelo “direito a ter direitos” (p. 17). Mas, hoje, o que se busca é o reconhecimento e o respeito às diferenças e às demandas e características particulares, representados pelos movimentos identitários. Atualmente existe grande variedade de organizações, articulações, projetos e experiências, refletindo a ampliação do leque dos movimentos sociais;
3 – O próprio Estado está reconfigurando as suas relações com a sociedade e gradualmente reconhecendo existência desses novos sujeitos coletivos. No entanto, conforme Gohn aponta, disso decorre uma inversão de papéis: ao estabelecer relações com os movimentos sociais, o Estado passa a exercer uma influência política “de cima para baixo”, retirando deles o seu caráter político e de pressão. Em outraspalavras, os movimentos sociais passam a sofrer forte influência e até mesmo controle das estruturas políticas do Estado, que transformam as identidades políticas dos movimentos, e fazem com que a demanda coletiva seja suplantada por uma série de outras demandas específicas, isoladas e débeis. E, em decorrência, o Estado torna-se o único ponto de integração e convergência.
4 – Com a alteração do formato das mobilizações neste milênio e a ampliação dos sujeitos coletivos, os movimentos sociais estão agora dispostos em redes associativas, graças à profusão de novas tecnologias de comunicação. Isso decorre também do alargamento das fronteiras dos conflitos, como a questão migratória e imigratória e de acesso a recursos estratégicos, como água, energia, terra, etc. Esses conflitos, por sua vez, deixam de ter somente como eixo os Movimentos Sociais x Estado, e referenciam-se em novos eixos, incluindo corporações e outros agentes econômicos interessados em tais recursos.
5 – Continuam prevalecendo grandes lacunas na produção teórica e acadêmica acerca dos movimentos sociais, apesar de sua recorrente presença na literatura das Ciências Sociais. Tais lacunas dizem respeito ao próprio conceito de movimento social e englobam: a sua qualificação como novos; a sua distinção de outras ações coletivas ou organizações sociais, como as ONGs; as consequências de sua institucionalização; e o seu papel no atual momento histórico. Estas lacunas têm dificultado o entendimento e o mapeamento corretosda categoria movimentos sociais, a qual se vê suplantada pela categoria mobilização social, que pode ser entendida como simples participação e cooperação muitas vezes induzidas por estruturas políticas externas a ela.
A musica do Grupo Subsolo – Preso a liberdade, relata a sobre a necessidade da independência e a utopia
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