Mudanças Ocorridas No Serviço Social
Dissertações: Mudanças Ocorridas No Serviço Social. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Dyva • 15/6/2013 • 3.998 Palavras (16 Páginas) • 461 Visualizações
ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL: REFLEXÕES SOBRE A VIVÊNCIA PROFISSIONAL.
Patrícia Maria Bispo Farias1
RESUMO
O presente artigo tem como finalidade analisar as mudanças ocorridas na profissão de Serviço Social e qual a contribuição que as mesmas trouxeram para a categoria, mais precisamente, como o Código de Ética Profissional de 1993, vem sendo aplicado em sua prática. Para realização desta pesquisa foi feita entrevista semiestruturada de caráter qualitativo, exploratório, descritivo e a observação assistemática e análise de conteúdo a observação de desempenho com profissionais do Serviço Social alunos do curso de pós Graduação em Gestão e Planejamento Estratégico em Serviço Social da FANESE. Utilizou- se como instrumento técnico para a coleta de dados a entrevista. Também, optou-se pela aplicação técnica de observação. A observação cuidadosamente analisada possibilitou compreender como atuam os profissionais e confrontar os valores que regem seus comportamentos e atitudes com os princípios do Código de Ética. Percebeu-se que os Assistentes Sociais apresentam um discurso dúbio, ao mesmo tempo em que recorrem ao Código de Ética para fundamentar suas ações, entram em conflito com suas próprias percepções de mundo.
PALAVRAS-CHAVE: Ética, Atuação Profissional, Serviço Social.
1. INTRODUÇÃO
O referido artigo tem como finalidade refletir sobre a aplicabilidade do Código de Ética Profissional na prática dos Assistentes Sociais. O interesse pelo tema surgiu em virtude do Projeto ético-político dos profissionais de Serviço Social, materializado entre outros pelo Código de Ética de 1993, o qual enfatiza e prioriza a ampliação e consolidação da cidadania. Esta é considerada tarefa primordial de toda a sociedade com vistas à garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes
trabalhadoras, e revela-se como um dos princípios fundamentais a serem
1 Graduada em Serviço Social pela Universidade Tiradentes - UNIT em Aracaju no Estado de Sergipe.Pós Graduanda em Gestão e Planejamento Estratégico em Serviço Social pela Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe- Fanese em Aracaju no Estado de Sergipe.E-mail: patrícia_bfarias@yahoo.com.br
operacionalizados pela profissão (CÓDIGO DE ÉTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS, 1993).
O Serviço Social possui também, como princípio, o posicionamento a favor da igualdade e da equidade social, opção por um projeto social, vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação e exploração de classe, etnia e gênero (CÓDIGO DE ÉTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS, 1993). Por isso, o Assistente Social, no exercício da profissão, precisa ter como pilar central a ética profissional.
Portanto, os eventos que permeiam a profissão do Assistente Social são conflituosos e ganham visibilidade na perspectiva da compreensão da realidade social dos seus usuários e as expressões da questão social em instâncias antes não contemporizadas. Tudo isso deve ser feito sem ignorar que a palavra „ética‟ levanta um debate onde são adotados certos juízos de valor, onde coexistem conceitos diferentes e circunstâncias exteriores que norteiam o cotidiano dos mais diversos campos de atuação que têm sua prática pontuada por um contexto histórico.
Diante do exposto, inicialmente, analisou-se as transformações ocorridas no Serviço Social, destacando a implantação do Código de Ética e seus norteamentos em relação à ação profissional dos Assistentes Sociais. No segundo momento, observou-se o que pensam e falam os Assistentes Sociais sobre as referidas questões e como lidam com as mesmas na sua prática profissional cotidiana. Por fim, buscou-se chamar a atenção sobre a dificuldade de conciliar visões de mundo e crenças que regem os juízos de valor dos profissionais com os preceitos defendidos pelo Código de Ética.
2- REVISÃO DA LITERATURA
Para se analisar sobre o Serviço Social e novos padrões que atuam como base para a prática profissional do Assistente Social, faz-se necessário refletir acerca da sua trajetória desde a gênese da profissão até a atualidade, objetivando melhor entender os avanços e contradições, como também os entraves com que se deparam os Assistentes Sociais para adotar o Código de Ética vigente.
No Brasil, o Serviço Social teve origem na década de 1930, referenciado, basicamente, pelo Serviço Social europeu, fato que, como já sugerido, implicou uma forte influência da doutrina social da Igreja católica. Assim, em 1936, foi criada a Escola de Serviço Social, na cidade de São Paulo, que contou com a influência de profissionais de Serviço Social, formados fora do país. A criação dessa escola, junto com a escola de Serviço Social do Rio de Janeiro, foi responsável pela formação de vários profissionais que impulsionaram o surgimento de escolas de Serviço Social em diversos locais do Brasil. A idéia de ser uma profissão a „serviço dos pobres‟ chegou ao Brasil de forma forte e foi aceita pelas classes dominantes, reflexo das primeiras candidatas que eram filhas dessas elites. O Serviço Social se apresentava com características familiares e paternalistas, suas funções consistiam na seleção dos clientes para obtenção de benefícios: medicamento e acesso a obras sociais. Era necessário um conjunto de medidas e esforços para suprir as necessidades desses clientes, dando-lhes assim melhores condições de vida (VIEIRA, 1985).
A profissionalização do Serviço Social está internamente relacionada à conjuntura vivenciada pelo processo social. Nesse sentido, depara-se com a forte influência da Igreja Católica como formadora ideológica e doutrinária nos centros de formação superior. São destaques a Encíclica “Rerum Novarum”, no final do século XIX, que consiste na divisão proposta entre o socialismo e a Igreja, permitindo formas de exploração da força de trabalho assalariado e, conseqüentemente, a acumulação do capital. O confronto com o socialismo acontecia através da defesa da propriedade privada, pois de acordo com a encíclica, a propriedade era um processo natural gerado pela posição divina, concedida por
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