O Brasil Desbrava A Russia
Trabalho Escolar: O Brasil Desbrava A Russia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: nanda1206 • 9/9/2013 • 1.436 Palavras (6 Páginas) • 299 Visualizações
Os brasileiros desbravam a Rússia
Burocracia, máfias, funcionários que trabalham como espiões. A vida dos
brasileiros que tentam conquistar um dos mercados que mais crescem no
mundo pode ser bem difícil
Por Cristiane Mano, de Kaliningrado | 07.08.2008
Revista EXAME -
Duas coisas chamam a atenção de quem olha pela ampla janela de vidro do prédio
de três andares que abriga a nova fábrica da Sadia em Kaliningrado, na Rússia. A
primeira delas é o imenso descampado nos arredores, uma extensa planície à
margem do mar Báltico. A outra é a série de guindastes que pontua o horizonte. Ali
está o sinal do surgimento de uma das mais prósperas áreas industriais da Rússia.
Até pouco tempo atrás, o enclave do território russo entre a Polônia e a Lituânia,
com tamanho semelhante ao do estado de São Paulo, não passava de uma base
militar quase abandonada. Mantida por sua estratégica proximidade da Europa, a
área é o único ponto do território russo que não congela no inverno. Nos últimos
cinco anos, uma série de incentivos fiscais e o espantoso crescimento do país
atraíram 56 indústrias de diversos países para Kaliningrado. O terreno onde a
Sadia, ergueu sua fábrica estava há tanto tempo abandonado que os operários
encontraram, a menos de 2 metros de profundidade, armas, cintos e capacetes
deixados ali por soldados durante a Segunda Guerra Mundial. Em janeiro deste
ano, além da Sadia, outra empresa brasileira iniciou operações a poucos
quilômetros dali — a fabricante paulista de freezers comerciais Metalfrio. As duas
passaram a compor, junto com a fabricante de ônibus gaúcha Marcopolo, o time
das primeiras empresas brasileiras que decidiram desbravar o território russo e
montar fábricas no país.
Esse grupo — ainda modesto — é atraído por um dos mercados consumidores que
mais se expandem no mundo. Com taxa de crescimento de cerca de 7% ao ano, o
PIB russo triplicou nos últimos cinco anos e pode desbancar o Brasil entre as nove
maiores economias do mundo em 2010, segundo recente relatório da agência de
risco Standard & Poor’s. A Rússia deverá passar neste ano de quarto para segundo
maior mercado de automóveis na Europa, à frente do Reino Unido e da Itália e
atrás apenas da Alemanha. Oito montadoras estrangeiras anunciaram
investimentos de 2 bilhões de dólares no país nos próximos anos — a Toyota e a
Volkswagen foram as primeiras a inaugurar suas fábricas, na região de São
Petersburgo, no final de 2007. “As multinacionais brasileiras com ambições globais
primeiro se concentraram na China e na Índia. Agora, a Rússia entrou nesse
circuito obrigatório”, diz o especialista Álvaro Cyrino, da Fundação Dom Cabral, de
Belo Horizonte.
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Uma das características mais evidentes do ambiente de negócios russo é sua
monumental burocracia, capaz de fazer com que as repartições e os cartórios
brasileiros pareçam brincadeira de criança. O olhar do governo de Moscou paira até
sobre detalhes, como o local de hospedagem de estrangeiros no país. Há um mês,
em sua última visita à Rússia, Ruben Bisi, diretor de operações internacionais da
Marcopolo, foi barrado no embarque do aeroporto de Pavlovo, a cerca de 400
quilômetros ao leste de Moscou. O policial abriu o passaporte e perguntou onde
estava o recibo carimbado pelo hotel — uma das maneiras de o governo russo
controlar o trânsito de estrangeiros. Como o documento havia ficado na casa que a
Marcopolo mantém em Pavlovo para funcionários brasileiros, Bisi ficou numa saiajusta.
“Paguei 150 dólares de multa para que o burocrata me desse o tal carimbo no
papel e me dissesse que eu podia ir embora.”
A burocracia russa já resultou em consequências mais sérias. “Tudo é mais difícil do
que imaginávamos e tivemos de atrasar em cerca de seis meses a operação”, diz o
catarinense Hugo Gauer, ex-diretor do escritório alemão da Sadia. e principal
executivo da nova operação em Kaliningrado desde janeiro deste ano. Durante a
obra, sucessivos problemas para obter a autorização de uso de energia elétrica no
local fizeram com que a construção fosse iniciada sem luz. Com equipamentos
movidos a geradores, os operários usaram capacetes com lanternas (similares aos
de mineradores) para enfrentar a escuridão durante meses, até que a situação se
normalizasse. Devido à lentidão do governo, por enquanto apenas as linhas de
produção de hambúrgueres e de nuggets estão em operação em Kaliningrado. As
outras duas (de massas congeladas e de embutidos) aguardam autorização do
governo local e devem ser iniciadas no segundo semestre. A Sadia já juntou cerca
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