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O CONSTRUTIVISMO NA SALA DE AULA: Uma Abordagem De Conceitos Presentes Numa Simples Fala De Criança.

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Por:   •  3/2/2015  •  2.915 Palavras (12 Páginas)  •  691 Visualizações

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O artigo tem por base a fala de uma criança quando questionada sobre como conseguiu ser aprovada na 1ª série, após haver revelado grandes dificuldades no processo de alfabetização. É um estudo que faz a relação entre essa fala e o Construtivismo. Aborda conceitos de Piaget e de pesquisadores sobre o Construtivismo, que fornecem dados para se compreender o sujeito que aprende.

REJANE PADOVANI RUZZA

O CONSTRUTIVISMO NA SALA DE AULA: uma abordagem de conceitos presentes numa simples fala de criança. (*)

Rejane Padovani Ruzza

Resumo: O presente texto é o resultado de um estudo mais aprofundado de parte de um dos trabalhos de avaliação do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, Psicopedagogia. Tem por base a fala de uma criança quando questionada sobre como conseguiu ser aprovada na 1ª série, após haver revelado grandes dificuldades no processo de alfabetização. É um estudo que faz a relação entre a fala da criança e o Construtivismo.

1- Introdução

Ao abordar-se aqui o relacionamento da fala de uma criança – do aluno – que após dificuldades de alfabetização na 1ª série veio a lograr êxito, sendo aprovada através da Concepção Construtivista da Aprendizagem e do Ensino, não se pode deixar de citar o nome de Jean Piaget. Sua teoria fornece dados para se compreender o sujeito que aprende. Nesta análise da frase da criança serão trabalhados os conceitos de Piaget, estudos de pesquisadores sobre o Construtivismo e o resultado de nossas observações do que está na fala e do que está subentendido nela. “Aprender é construir. A aprendizagem contribui para o desenvolvimento na medida em que aprender não é copiar ou reproduzir a realidade. Para a concepção construtivista, aprendemos quando somos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos aprender. Essa elaboração implica aproximar-se de tal objeto ou conteúdo com a finalidade de apreendê-lo; não se trata de uma aproximação vazia, a partir do nada, mas a partir das experiências, interesses e conhecimentos prévios que, presumivelmente, possam dar conta da novidade.”

Sendo que, dentro da concepção construtivista da aprendizagem e do ensino, há um caráter ativo do qual participa não apenas o sujeito que aprende como também outros elementos a sua volta fica evidente, na frase do aluno, esse aspecto da aprendizagem escolar como um processo ativo no qual o aluno constrói, modifica, diversifica seus esquemas de conhecimento, reelabora, soma com outros para se chegar a um objetivo.

Procurar-se-á aqui encontrar nessa frase conceitos do Construtivismo dentro de cada parte dela e de acordo com seu significado intrínseco também. O aluno, ao ser questionado sobre como conseguira se aprovado, dando uma definição bem abrangente, que envolve desde a elaboração do processo até como conseguiu chegar ao final, dentro de sua sabedoria ingênua e simples, respondeu:

“É assim, Ó, eu fui fazendo, fazendo,

Eu fui tentando e aí eu consegui. (...)

Tem que ir ajeitando na minha cabeça,

Misturando com as outras coisas.”

As implícitas referências ao ensino e à aprendizagem, na frase acima, são portadoras dos conceitos fundamentais de Piaget :

“inteligência como adaptação, comportando mecanismos de assimilação (ajuste do objeto aos esquemas de compreensão do sujeito) e acomodação (ajuste do sujeito, transformação dos seus

esquemas de compreensão em função do objeto) e conhecimento como resultado do ato cognitivo”.

2- A fala – relação com o Construtivismo

“É ASSIM, Ó, EU FUI FAZENDO, FAZENDO, ...”

Primeiramente, o sujeito que aprende se põe frente ao objeto

de sua aprendizagem. Depois, transfere essa experiência para a ação. No conceito de Piaget, o sujeito vai ajustando o objeto aos seus esquemas de compreensão.

Vê-se aqui o aluno que foi formando seu próprio conhecimento por diversos meios: diferentes experiências no meio físico ou social, lendo, cantando, contando, observando, manipulando, construindo, etc.

Nessa frase, pode-se imaginar que pela interjeição “Ó” (OLHE!), antecedendo o verbo fazer, o aluno mostra com as mãos como fez: “É ASSIM”, com elas em movimentos circulares constantes, expressando corporalmente seu modo de fazer, agindo ativamente no processo de construção, “FAZENDO, FAZENDO, ...” - acertando, errando - construindo aos poucos. Cabe aqui a citação que diz “o importante não é salientar o erro, mas resgatar sua positividade. Ele é encarado como indicador da etapa em que o aprendiz se encontra, uma espécie de saber relativo, com seus esquemas interpretativos possíveis àquele momento da constituição do conhecimento. Compreendê-lo abarca identificar como e por que se instala, ou seja, com que recursos conta o sujeito da aprendizagem para manifestá-la naquele momento e daquele modo”.

O “FAZENDO” duplamente citado leva a crer que não se conseguiu na primeira vez, mas que o erro foi positivo, fez parte do processo para se chegar ao produto.

Vai-se perceber que o aluno não cita o professor em sua fala. Entretanto, apesar de ser o aluno que realiza a sua própria construção (“FAZENDO...”), está intrínseco que esta foi orientada para que ele alcançasse o sucesso. Apesar da orientação recebida do professor, ele mostra-se autônomo na resolução de sua tarefa.

“...EU FUI TENTANDO...”

Dentro de uma concepção dinâmica do conhecimento, ações físicas e mentais fazem parte do processo da criação.

Muitas vezes é preciso fazer de outras maneiras para se conseguir, e vemos aqui que o aluno foi tentando estabelecer relações práticas e teóricas entre o que já conhecia e o novo apresentado.

Às vezes, o novo só parecerá novo mas poderemos interpretá-lo com os significados que já possuímos,

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