O Contexto Histórico-Social e Intelectual do surgimento da Sociologia enquanto ciência
Por: GustavoCanto • 8/11/2017 • Trabalho acadêmico • 589 Palavras (3 Páginas) • 993 Visualizações
Contexto Histórico-Social e Intelectual do surgimento da Sociologia enquanto ciência.
A Sociologia, enquanto ciência, surge durante o Século XIX, num período pós-Revolução Francesa, que havia derrubado uma monarquia absolutista e aberto o campo político de modo a influenciar não só a Europa, como também o mundo, e contemporânea à Segunda Revolução Industrial, que vinha motivada pela Primeira, a qual obteve na descoberta do carvão como fonte energética, gerando o surgimento da máquina à vapor e locomotiva, sua principal característica. A Segunda Revolução Industrial aperfeiçoou o processo industrial, principalmente com a substituição do carvão mineral como matriz energética pelo gás e petróleo, e o advento do uso da energia elétrica na iluminação industrial e urbana. Esse aperfeiçoamento provocou uma Revolução Social, pois com a intensificação do êxodo rural e, consequentemente, do processo de urbanização, as pequenas cidades de outrora que tinham sua principal fonte econômica na agricultura, se transformaram em grandes cidades, repletas de gigantescas indústrias. Com esse grande êxodo rural, o número de trabalhadores das indústrias aumentou consideravelmente, o que gerou o enriquecimento dos líderes das indústrias e das classes superiores. Foi nesse contexto industrial que surgiu o proletariado, composto pelos trabalhadores, os quais eram chefiados pela burguesia, composta pelos donos das indústrias, que compunham as classes superiores. Essa burguesia, diferentemente daquela do fim da Idade Média e início da Idade Moderna, que pautava-se no Mercantilismo e intervencionismo do Estado na economia, baseava-se no Liberalismo, que previa a não intervenção estatal na economia, de modo que haveria uma livre concorrência, e os preços seriam regulados pela lei da oferta e da procura. Tais revoluções ocasionaram uma evolução não somente tecnológica, como também científica, o que provocou uma mudança no pensamento intelectual da sociedade, que antes procurava as respostas para as questões da humanidade na Teologia, no Misticismo, utilizando-se da fé como principal resposta para todos os seus questionamentos e fenômenos. Agora, a sociedade passou a ter um modo de pensamento científico, que era comprovado por meio de métodos, e racionalista, baseado na razão e no empirismo, criando-se a necessidade de tudo ser provado por meio do experimentalismo, o que acabou provocando o pensamento ateísta. É nesse contexto social, intelectual e de afirmação da Modernidade em meio a uma sociedade capitalista-industrial estruturada em economias nacionais, que Auguste Comte cria o Positivismo, que baseando-se na ciência e na razão, entendia que a sociedade está em processo de evolução. Esse processo evolutivo era exemplificado na lei dos três estágios de Comte, que previa a evolução de uma determinada sociedade no seu modo de pensar, partindo de um pensamento teológico e que explicava tudo por meio do sobrenatural, passando pelo campo metafísico que seria o meio-termo entre a teologia e o positivismo, até finalmente chegar no pensamento positivo que se utilizava do racionalismo como resposta. Essa sociedade positivista, urbana, industrial e liberal, que era o caso da sociedade europeia na época, era entendida como o ápice da civilização, e possuía até mesmo um método científico que visava a objetividade criado por Comte, denominado de Física Social, para ser estudada. Esse conceito da sociedade europeia civilizada, era tido como etnocêntrico, ou seja, como modelo para as demais sociedades do mundo, que deveriam passar pelo mesmo processo evolutivo, a fim de se chegar à máxima civilização. Enfim, o surgimento da Sociologia enquanto ciência está intrínseco à todos esses fatores sociais, econômicos e intelectuais do século XIX, sendo eles determinantes para a sua criação.
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