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O Corpo Na Escola

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Por:   •  14/6/2013  •  9.046 Palavras (37 Páginas)  •  816 Visualizações

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O corpo na escola

Ano XVIII boletim 04 - Abril de 2008

SUMÁRIO

O CORPO NA ESCOLA

PROPOSTA PEDAGÓGICA ...................................................................................................03

Léa Tiriba

PGM 1: A ESCOLA, A DISCIPLINARIZAÇÃO DOS CORPOS E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

…......................................................................................................................................... 14

Walter Kohan

PGM 2: EDUCAÇÃO DE CORPO INTEIRO......................................................................... 19

Daniela Guimarães

PGM 3: ACONCHEGANDO O CORPO NA ESCOLA: AS PERSPECTIVAS......................... 28

Alexandra Pena, Isabel C. Bogéa Borges, Leonor Pio Borges

PGM 4: EDUCAÇÃO E VIVÊNCIA DO ESPAÇO:

DIÁLOGOS ENTRE A ARQUITETURA E A PEDAGOGIA.....................................................40

Léa Tiriba

PGM 5 : O CORPO NA ESCOLA: EXPERIÊNCIAS ALTERNATIVAS …............................ 52

Adrianne Ogêda Guedes

O CORPO NA ESCOLA 2 .

PROPOSTA PEDAGÓGICA

O CORPO NA ESCOLA

Léa Tiriba1

Entre os séculos XVII e XIX ganha força a idéia de uma separação entre mente e corpo, uma

das bases sobre a qual se fundou uma ciência e uma civilização que hipervalorizaram a

racionalidade e o trabalho, em detrimento de outros caminhos de conhecer e modos de viver,

buscando suprimir todas as outras formas de conhecimento relacionadas à existência carnal

dos seres humanos: os sentimentos, a imaginação, a intuição, o conhecimento sensual, a

experiência. O objetivo desta série é o de debater e questionar uma lógica de funcionamento

escolar ainda orientada pelo pressuposto de que “Penso, logo existo”, máxima do pensamento

racionalista, que inspira e define, ainda nos dias de hoje, propostas pedagógicas e rotinas

escolares.

(...) Em todos os espaços, chama a atenção a formalidade, o vazio de referências infantis,

não há objetos, brinquedos, desenhos das crianças... A organização é semelhante a das

escolas de ensino fundamental: pequenas carteiras enfileiradas, mesa de professora ao lado

do quadro-negro... Num prédio reformado, de pintura brilhante, limpeza caprichada,

crianças de três para quatro anos assistem, enfileiradas em pequenas e coloridas carteiras

escolares individuais, a uma professora que se esmera em explicar-lhes noção de conjunto.

O que mais impressiona é o formidável empenho e a delicadeza da professora em sua

intenção de ensinar conceitos matemáticos, ali no quadro-negro... As crianças,

desconfortáveis e desengonçadas nas carteiras, apenas repetiam suas palavras: “Quantos

elementos têm aqui? Trêeeees.......!!!” Depois desta atividade, exercícios no papel. Na sala

ao lado, crianças bem menores, algumas ainda bebês de 1 ano e pouco, cercadas por todos

os lados das mesmas carteiras coloridas. Do lado de fora, no pátio da escola, um colorido

parque infantil, que as crianças desfrutavam por um período diminuto em relação ao longo

tempo em que permaneciam na creche. Lá fora, depois da cerca, os campos, as árvores, os

animais, o sol, as nuvens o vento... (Observações feitas em escola infantil da área rural de

um município do Rio de Janeiro - 21/05/01).

O CORPO NA ESCOLA 3 .

A cena insólita, mas tão comum nas escolas brasileiras, é a expressão de uma concepção de

educação e de escola que, além de não fazer conexões entre conhecimento e vida, está voltada

para processos de transmissão/apropriação de conhecimentos via razão, que necessita,

portanto, de mentes atentas e corpos paralisados. Pois não é necessário mais do que atenção

mental para observar, refletir e compreender as regras de uma realidade que é entendida como

racionalmente organizada. Em outras palavras, o modo de funcionamento descolado do

mundo natural indica que as práticas pedagógicas das instituições escolares estão definidas,

geralmente, pelas concepções ontológica, epistemológica e antropológica que estruturam o

paradigma moderno, compondo uma idéia de que as leis da realidade poderiam ser

apreendidas por um ser cuja principal atividade é a racional (Plastino, 1994). Em

conseqüência, fica secundarizado tudo que extrapola esta dimensão: as brincadeiras, as

sensações corporais, o devaneio.... Mas isto não é só: a reprodução deste modo de

funcionamento se faz com o controle do corpo.

Denominada por Foucault (1987) como instituição de seqüestro, a escola e outras instituições,

como os presídios, os hospícios e os quartéis, visavam controlar não apenas o tempo dos

indivíduos, mas também seus corpos, extraindo deles o máximo

...

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