O GRAFITE NOS ESPAÇOS DA WEB EM CONEXÃO COM O GRAFITE NOS ESPAÇOS DA RUA
Ensaios: O GRAFITE NOS ESPAÇOS DA WEB EM CONEXÃO COM O GRAFITE NOS ESPAÇOS DA RUA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: SuellenLinhares • 23/4/2013 • 9.428 Palavras (38 Páginas) • 747 Visualizações
RESUMO:
Este trabalho realiza uma análise do modo como o grafite se insere na web, tendo por referência implícita o espaço da rua. Foi realizado um estudo comparativo entre o grafite nos espaços da web e o grafite nos espaços da rua, baseando-se nas características próprias de ambas as expressões e nas perspectivas de interação proporcionadas. Utilizamos as noções de navegabilidade, funcionalidade e web design de Nielsen e as noções de interatividade de Braga e Primo para conhecer as possibilidades dadas pela rede. Para a rua, nos valemos da observação e dos depoimentos recolhidos. A idéia de interação ocorre do desdobramento da noção de sociabilidade em Simmel. Analisamos os agrupamentos formados pelos grafiteiros, na web e na rua, a partir da convivência motivada pelo grafite e utilizamos as noções de comunidade clássica e de comunidade virtual de Palácios e a de comunidade de Tacussel. A pesquisa empírica, de natureza exploratória, se deu no período de agosto de 2002 a janeiro de 2003 e foi realizada nos dois referidos espaços, na web e na cidade de Belo Horizonte. Na web buscamos contato com os elaboradores dos sites e com os usuários das ferramentas de interação, fórum e quadro de batalhas, disponibilizadas pelo site Aerosolart. Realizamos entrevistas presenciais com os jovens grafiteiros de Belo Horizonte que freqüentam o fórum. Percebemos que, em termos da expressão, acontece uma diferenciação determinada pela natureza do meio. No entanto, quanto à interação, ocorre uma relação de semelhança nas ações comunicativas entre grafiteiros nos espaços da web e nos espaços da rua.
Palavras-chave: grafite, web, webdesign, interação, sociabilidade, comunidade virtual
ABSTRACT:
This dissertation analyzes how graffiti is presented in the web bearing in mind the street’s one. Taking it into consideration, a comparative study between the web and the street graffiti was created, based upon the caracteristcs and interactions make possible by these expressions. The usability, navigability and web design’s notions of Nielsen and the interactivity’s notions of Braga and Primo were used to know the possibilities of the web. On the street, the data were collected by observation and interviews. In second, the interaction idea was based on the notion of sociability of Simmel. We analyzed the way some graffitists groups are formed. In order to do that Palácios classic and virtual community notions as well as Tacussel’s community notions were applied. The empirical research, based on experiment and observation, took place form August (2002) to January (2203) in Belo Horizonte and in the web. The web research was done with non-professional web designers, and the users of forum and battle board available on the Aerosolart site. We also interviewed face-to-face young Belo Horizonte graffitists, who use noticed that in terms of expression, there are some differences determined by essence. However, in terms of interaction, there are some similarities between web and street graffitists.
Keywords: graffiti, web, webdesign, interation, sociability, virtual community
INTRODUÇÃO
Sou designer, formada pela antiga FUMA (Escola de Design), talvez por isso me interesso por todas as formas de expressão visual da contemporaneidade, em especial as que utilizam a cidade como suporte. A cidade se transformou em um espaço de consumo tanto de bens materiais quanto de bens simbólicos. É um lugar de produção e consumo de códigos. O que se escreve em seus muros, seus prédios, suas construções é obra daqueles que a habitam. É neste espaço que se dão as interações comunicativas, os confrontos e os conflitos da cultura.
Ao mesmo tempo, o ciberespaço invade nossas vidas e, ao navegar, passear pelas ruas da WWW, encontramos metáforas do espaço urbano e notícias de intervenções semelhantes, inclusive manifestações do grafite.
Isso nos motivou a investigar de que maneira o grafite, expressão caracterizada por intervir no urbano, por usar a cidade como suporte, por ter como público-alvo aqueles que estão andando pela cidade, se insere no ciberespaço; há correspondência entre o grafite na web e o grafite no espaço urbano; essa expressão pode ser vista no ciberespaço como uma intervenção, assim como é vista na cidade; que tipo de interações comunicativas o grafite proporciona, nesse espaço, para aqueles que têm o hábito de se encontrar nas ruas e nas praças; que tipos de agregação são construídos nos espaços oferecidos pela web; quem são os sujeitos envolvidos com essa expressão na web e na rua; qual é o tipo de ferramenta e de material que está sendo utilizado pelo grafiteiro nesse novo suporte.
Pensando no espaço urbano, o que hoje chamamos de grafite está nos muros, nos trens, no metrô, nos túneis, nas placas, nos postes, nas caçambas, nas fachadas comerciais. Aqueles que grafitam fazem uso de representações que traduzem práticas culturais concretas, da mesma maneira que muitos outros povos ao longo da história.
O mais antigo registro gráfico do homem, segundo alguns autores, foi encontrado em 1940 nas galerias das cavernas localizadas nas vizinhanças da cidade de Lascaux, na França. Ali foram encontradas pinturas, de diversas épocas, sendo que algumas chegam a ter trinta mil anos. São representações às vezes naturalistas, às vezes esquematizadas, com grandes ou pequenas dimensões, às vezes coloridas, às vezes apenas contornadas. Essas representações, na maioria das vezes, relatam cenas cotidianas de caça, luta e amor, revelando o dom desses artistas.
Nas grutas de Altamira, localizadas no litoral norte da Espanha, também foram encontradas, em 1864, pinturas, feitas nas paredes de pedra das cavernas, que datam de doze mil anos antes de Cristo. Essas pinturas retratam animais e são caracterizadas pelo uso de policromia, realçadas pelo relevo das rochas com a intenção de dar volume às formas.
As ruínas da cidade de Pompéia, ao sul da Itália, foram descobertas por arqueólogos em 1763, embaixo de uma camada de seis metros de cinzas. Tudo foi encontrado intacto: corpos, pinturas, livros, escritos, corpos, construções e inscrições em muros.
No Egito, a escrita hieroglífica aparece nas paredes dos templos e nas faces laterais das tumbas dos faraós para narrar a história de suas vidas. Esta escrita é constituída por pictogramas, fonogramas (representações gráficas de sons) e algumas formas que determinavam categorias. A leitura é feita seguindo-se a direção das cabeças das figuras humanas e dos animais,
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