O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AOS ALUNOS ORIUNDOS DO SISTEMA DE COTAS
Por: Gabryel Alves • 18/10/2015 • Artigo • 2.591 Palavras (11 Páginas) • 738 Visualizações
O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AOS ALUNOS ORIUNDOS DO SISTEMA DE COTAS DA UNIVERSIDADE PÚBLICA FEDERAL: REFLETINDO SOBRE AS AÇÕES AFIRMATIVAS NA UFRGS.
Dulce Inês Rodrigues Oliveira[1]
Iarani Augusta Galucio Lauxen[2]
Vanessa Dos Santos Pozzer[3]
Angélica Laipelt Dos Santos[4]
RESUMO
No presente Artigo faremos uma reflexão sobre o Processo de Trabalho do Assistente Social junto aos alunos oriundos do sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para isso estaremos analisando as Políticas Públicas Sociais de Educação como garantia de direitos para acesso, permanência e conclusão do nível superior de ensino. Enfatizando a importância das Ações Afirmativas para o ingresso dos alunos de baixa renda, em especial os alunos Rb (Oriundos de escola pública com renda per capita inferior a 1,5 salários mínimos e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas). A partir da experiência do estágio curricular onde estes alunos participaram do projeto de intervenção no grupo de acolhimento estaremos também analisando as manifestações das expressões da questão social vivenciadas por estes alunos em especial o racismo, racismo institucional e a autodeclaração étnica.
Palavras-chave: Questão Social. Ações Afirmativas. Processo De Trabalho.
INTRODUÇÃO Fale sobre a importância do tema. Faça a relação do tema com o Serviço Social.
O estágio curricular foi realizado na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE – da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) com sede em Porto Alegre, capital, na Rua Paulo Gama, 110, prédio 12105, anexo I da Reitoria. Trata dos aspectos relativos à política de atendimento à comunidade discente. Os usuários deste campo de estágio são os estudantes matriculados em curso de graduação presencial, e em especial os alunos de baixa renda, alunos indígenas e alunos Cotistas – vindos de escolas públicas.
Observou-se que apesar do acesso e permanência à universidade pelos estudantes com vulnerabilidade econômica ter aumentado com as políticas públicas, entre elas a reserva de vagas - Lei de Cotas 12.711 de 2012 -, surgem outros desafios que se referem à permanência e conclusão do curso. Esta vulnerabilidade econômica, social e cultural, fruto das desigualdades constitutivas do capitalismo, em que estão alguns estudantes repercute em diferentes expressões da Questão Social, onde estes estudantes necessitam de moradia estudantil, alimentação adequada, transporte, assistência saúde, apoio pedagógico, acolhimento entre outros objetos do trabalho do assistente social.
O projeto de intervenção foi realizado com um recorte deste público, foram escolhidos os alunos que ingressaram em 2015 com opção de Cotas para escolas públicas, autodeclarados negros e com renda per capita inferior a 1,5 salários mínimos, para participarem de um grupo de intervenção criado especialmente para eles. Durante o processo de trabalho nos encontros do grupo de acolhimento foi proposto como temática: Apresentação da PRAE e seus benefícios; Conversas sobre as Políticas públicas que norteiam suas ações como PNAES – Plano Nacional de Assistência Estudantil –; Ações Afirmativas/Cotas e Reflexões sobre racismo, preconceito e discriminação. A troca de experiências com os alunos possibilitou observar suas inquietações, dúvidas e expectativas. A partir desta intervenção com os alunos surgiu o tema do presente artigo.
Os três tópicos centrais do Artigo Científico são: 1. As expressões da questão social no âmbito das Políticas públicas sociais para a Educação. 2. Políticas Sociais para a garantia de direitos na Educação Superior. 2.1. Ações afirmativas e o sistema de cotas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 3. O processo de trabalho do assistente social junto aos alunos oriundos do sistema de cotas na UFGRS: Uma reflexão a partir do estágio curricular. 3.1. O Grupo de acolhimento aos alunos cotistas: uma estratégia de intervenção para o Serviço Social.
1. Tópico sobre a relação do tema com a Questão Social (4 páginas)
1 – AS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS PARA A EDUCAÇÃO.
Os usuários do campo de estágio são os estudantes matriculados em curso de graduação presencial, em especial os alunos de baixa renda, e alunos indígenas que ingressam através de processo seletivo específico e com a Lei de Cotas, também os alunos vindos de escolas públicas. Esta vulnerabilidade econômica, social e cultural em que estão alguns estudantes repercute em diferentes expressões da Questão Social que também se manifestam na universidade. Muitas são as expressões da questão social observadas no campo de estágio. O desemprego de familiares, os baixos salários dos alunos que trabalham, doenças na família, vínculos familiares rompidos por separação do casal, ou por morte, ou por desentendimentos com o estudante, além de discriminações familiares quanto à opção sexual do aluno ou a escolha do curso que difere do que esperava a família.
Estas são algumas das expressões da questão social encontradas neste campo de estágio que se materializam pela falta do apoio financeiro e algumas vezes falta de apoio psicológico da família para este estudante que ao ingressar nesta universidade encontra uma realidade no mínimo desafiadora onde a exigência acadêmica é grande e sua condição socioeconômica, cultural e por vezes étnica pode dificultar sua integração e permanência na universidade colocando este estudante em desvantagem em relação aos colegas de curso que não vivem a mesma realidade e ou dificuldades. Com o agravamento destas expressões da questão social no país, que o serviço social tem sua base de sustentação e intervenção, como bem defende Guerra:
O Serviço Social sendo trabalho, e como tal de natureza não liberal, tem nas questões sociais a base de sustentação da sua profissionalidade e sua intervenção se realiza pela mediação organizacional de instituições públicas, privadas ou entidades de cunho filantrópico. – GUERRA, 2000 – p.18.
São estas dificuldades que os alunos cotistas trazem ao ingressarem na universidade, suas demandas financeiras, sociais e culturais e os desafios que enfrentarão durante o curso que irão provocar a ação profissional no campo de estágio.
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