O Processo De Internacionalização Da Natura Cosméticos S.A.
Artigos Científicos: O Processo De Internacionalização Da Natura Cosméticos S.A.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jenny4059 • 21/9/2014 • 2.292 Palavras (10 Páginas) • 1.215 Visualizações
O Processo de Internacionalização da Natura Cosméticos S.A.
O processo de internacionalização da Natura começou em 1983 no Chile. No início, a
empresa tece dificuldades pela falta de um modelo de negócios que pudesse ser adotado
internacionalmente (Gomes, 2006). A iniciativa partiu de alguns ex-gerentes da Natura que
começaram a distribuição importando os produtos do Brasil (MINTZBERG et al., 2006). Para
contornar os problemas da primeira tentativa de internacionalização, a Natura buscou uma
redefinição dos seus processos organizacionais e só tornaria a investir em uma nova tentativa
em 1992 e 1993, com operações na Argentina e no Peru, respectivamente, reproduzindo o
modelo comercial brasileiro através da venda direta. Apesar das pesquisas mostrarem que a
venda direta era promissora na região, a falta de integração entre a cultura dos países e os
valores e a cultura da Natura dificultou a operação (GOMES, 2006). Vários erros
comprometeram o êxito desta segunda iniciativa: 1 - um ex-gerente da Avon foi contratado
para liderar o escritório na Argentina, sem conhecimento anterior da Natura, 2 - o foco da
empresa estava no mercado brasileiro que passava por uma expansão significativa e, 3 - a
estrutura de vendas copiada do Brasil não foi corretamente implantada (MINTZBERG et al.,
2006). A Natura decidiu, depois de três décadas de existência, passar por uma profunda
reorganização para crescer nos mercado nacional e internacional. Desde 1999, a empresa tem
usado como estratégia, enviar colaboradores do Brasil com a missão de transmitir o modelo
de negócios e a visão institucional para as operações internacionais, e integrá-los à cultura
local, o que tem se mostrado mais eficiente e produtivo (GOMES, 2006).
A Natura, desde o início da sua internacionalização, utiliza como estratégia o investimento
próprio para entrar em outros países. A Natura não desconsidera a hipótese de fazer uma
aquisição internacional, mas, alianças estratégicas estão descartadas, pelo menos no curto e
médio prazo. Por outro lado, Garcia (2005) sugere que as dificuldades encontradas pela
Natura no mercado internacional derivam da ausência de ativos comerciais expressivos nos
mercados externos em que ela tentou ingressar. Estes ativos poderiam ser viabilizados através
de contratos de parcerias com empresas locais ou através de fusão ou aquisição, o que
permitiria a utilização da marca e os canais de comercialização já estabelecidos.
Mazzola (2005), afirma que os resultados obtidos pela Natura no mercado dos países vizinhos
podem ser considerados insignificantes, dado que estes representam menos de 3% do volume
total de negócios. Segundo o autor, estes resultados ruins devem-se ao uso excessivo de
expatriados brasileiros ao invés de se aproveitar a capacidade local, também a pouca
credibilidade dos brasileiros junto aos clientes locais e também ao sistema de vendas diretas
que esbarrou numa saturação de mercado, pois as possíveis vendedoras que da Natura já são
vendedoras de produtos de concorrentes como Avon. O autor reforça que “a experiência
latino-americana, apesar dos resultados insuficientes, revelou-se um importante aprendizado”.
Gomes (2006) identificou em seus estudos que a Natura pesquisou o mercado Europeu e
descobriu que alguns países valorizam a questão do uso sustentável de recursos da natureza, e ANAIS
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valorizam empresas que possuem responsabilidade social e ambiental, contudo, por questão
cultural, a possibilidade de venda direta não agradou aos consumidores pesquisados.
O maior questionamento dos consumidores europeus era em relação a tradição do Brasil na
área cosmética e também sobre a capacidade de uma empresa brasileira em garantir o
cumprimento de compromissos. A linha Ekos, escolhida para entrada no mercado europeu,
era percebida como um produto de alto valor agregado com posicionamento de preço alto,
devendo optar por distribuição seletiva em “grands magasin” ou boutiques (NATURA,
2007a). Em 2005, a Natura decidiu abrir uma loja em Paris, que se mostrou ser a cidade
européia que mais se identificava com os produtos da empresa, a biodiversidade brasileira e a
filosofia de desenvolvimento sustentável. Por ser um dos mercados mais competitivos do
mundo, este seria um excelente teste para a empresa avaliar a possibilidade de expandir para
outras localidades da Europa (GOMES, 2006). A idéia da loja, que foi batizada de Casa
Natura, é promover a cultura brasileira, além de comercializar os produtos da linha Ekos
(derivados de matéria-prima da biodiversidade brasileira). Enquanto o cliente conhece os
produtos da Natura, pode tomar um cafezinho brasileiro, experimentar sucos de fruta, além de
apreciar revistas, livros e música brasileira. O objetivo da entrada no mercado Francês difere
do latino-americano:
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