O Processo Sucessório Nas Empresas Familiares: O Caso Da Empresa

1 INTRODUÇÃO

As empresas familiares possuem hoje participação de destaque na economia de vários países industrializados, mas originaram-se de pequenas indústrias caseiras, que iniciaram seus negócios timidamente com o intuito de complementar a renda familiar. Muitas destas empresas se tornavam capazes de fornecer renda suficiente para toda a família, então seus membros passavam a dedicar-se exclusivamente a empresa familiar. (Grzybovski, Tedesco, 2000; p: 42).

Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) é indiscutível a importância das empresas familiares no contexto econômico mundial sendo que as empresas familiares estão presentes no mundo todo, e na visão de Petry e Nascimento (2007; p: 110) as empresas familiares merecem os créditos pela história do atual estágio de desenvolvimento econômico mundial.

No Brasil a grande maioria das empresas são consideradas familiares, em torno de 90%, e vão desde as pequenas e micro empresa as grandes redes inseridas nos mais diversos segmentos, atuando de forma dinâmica e faturando milhões de dólares por ano. (SEBRAE; 2005; p: 01)

Segundo Machado (2005), observando de uma perspectiva tradicional, considera-se como familiar toda empresa que em o controle da propriedade está nas mãos de um indivíduo ou dos membros de uma mesma família.

A empresa familiar reúne em um só ambiente duas instituições distintas: a família e a empresa tornando-se assim uma organização complexa, e a convivência diária na organização naturalmente gera conflitos e desafios característicos da empresa familiar, como a profissionalização e a sucessão. (GRZESZCZESZYN; MACHADO; 2009; p: 02)

Um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas familiares diz respeito à sucessão do negócio, na grande maioria dos casos essas empresas surgem devido à necessidade ou ao sonho de seu fundador e segundo Floriani; Rodrigues (2000) muitas vezes os filhos e herdeiros não estão preparados ou não querem assumir o negócio da família.

De acordo com Capelão (2000) o processo de sucessão pode ser entendido como um rito de passagem de poder e de capital da geração que está dirigindo a empresa para a geração que virá a dirigir. É considerado também um ponto estratégico no escopo das empresas familiares e devido sua grande importância necessita de um planejamento a fim de preparar um sucessor que tenha o perfil da empresa, e que sua entrada e sua gestão não tragam para a empresa consequências negativas e prejudiciais. (MINADEO ET AL; 2009; p: 118).

O presente estudo constitui-se de uma pesquisa qualitativa visando à compreensão do desenvolvimento do processo de sucessão na Empresa Riviera Comercial de tintas, materiais para construção e prestação de serviço ltda.

O referido estudo utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-estruturada a qual apresentou questões de caracterização e questões norteadoras visando à extração de informações relevantes ao desenvolvimento do estudo. A entrevista foi realizada com o gestor da empresa Riviera, no mês de outubro de 2012.

Quanto ao tipo esta pesquisa é de natureza original, visto que se trata de um estudo realizado pela primeira vez. Segundo Dencker (2007, p. 121) “é a pesquisa que utiliza um tema e/ou um local que nunca foi explorado anteriormente”.

Em relação aos objetivos esta se torna exploratória, pois como afirma Lakatos e Marconi: “São investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema.” (1999, p.87). Segundo Gil (2002, p. 127) ”a fase exploratória costuma caracterizar-se pela imersão sistemática na literatura disponível acerca do problema, na pesquisa-ação esta fase privilegia o contato direto com o campo em que está sendo desenvolvida”, e também descritiva, pois segundo Lakatos e Marconi (1999, p. 22) “delineia o que é, aborda também quatro aspectos: descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente”.

Quanto ao objeto, esta pesquisa pode ser caracterizada como bibliográfica e de campo. Bibliográfica, pois segundo Santos (2001, p.160) “é feita com base em documentos já elaborados, tais como livros, dicionários, enciclopédias, periódicos, como jornais e revistas, além de publicações, como comunicação e artigos científicos, resenhas e ensaios críticos”.

Com base na bibliografia analisada, poderão ser feitas as devidas comparações com o que será visto em campo, ou seja, utilizando a pesquisa de campo, pois segundo Lakatos e Marconi (1999, p. 85), “é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos de um problema, para o qual se procura resposta”.

A pesquisa de campo foi necessária, pois os dados coletados são mais precisos, além de possibilitar que se conheça melhor a realidade dos procedimentos utilizados pela empresa.

A pesquisa pode possuir dois métodos a ser analisados; o método de abordagem e o de procedimento. O método de abordagem utilizado é o hipotético-dedutivo, que segundo Santos (2001, p. 169) “tem as seguintes fases ou etapas: expectativas ou conhecimento prévio, problema, conjecturas e falseamento”. Afirma Gil (1991, p. 127) que “nem sempre a distinção entre o método hipotético-dedutivo e o indutivo se apresenta claramente, por que ambos se fundamentam na observação... com a utilização deste método se pode chegar à construção de teorias e mesmo de leis”. Quanto o procedimento, este pode ser considerado um método de estudo de caso, pelo fato de ser realizado dentro da empresa.

Para a realização da pesquisa foram utilizadas as seguintes técnicas: a de observação direta extensiva, que segundo Santos (2001, p. 171), “fundamenta-se na aplicação de questionários, formulários, testes, pesquisa de mercado e história de vida”. Outra técnica é a de documentação indireta na qual “estão excluídas a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e os estudos exploratórios, nela são usados todos os tipos de documentos escritos, como livros, periódicos, jornais, revistas, filmes, fotografias, etc.” (SANTOS, 2001, p.171). Nesta fase da pesquisa os recursos utilizados foram o computador, o material de escritório e o humano.

2 Resultados

2.1 Conceituando a empresa familiar

A empresa familiar por si só é uma organização complexa, e essa complexidade aumenta ainda mais devido à existência de duas instituições convivendo em um único ambiente: a família e a empresa, e essa convivência naturalmente gera conflitos e desafios característicos da empresa familiar, como