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O Serviço Social

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Por:   •  27/3/2014  •  3.783 Palavras (16 Páginas)  •  304 Visualizações

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. O Serviço Social e a aproximação com a tradição marxista

O Movimento de Reconceituação emerge na metade dos anos 1960 e fez estremecer

as bases do tradicionalismo profissional, conformou no Brasil um conjunto de

características novas articuladas pelos profissionais, sob a direção da autocracia

burguesa, na busca de dotar o Serviço Social de maior consistência em seus

elementos internos, que organizam tanto a sua legitimação prática quanto sua

validação teórica (NETTO, 2008).

Neste contexto de mudanças, a profissão assume as inquietações e insatisfações

deste momento histórico e direciona seus questionamentos ao Serviço Social

tradicional através de um amplo movimento, de um processo de revisão global, em

diferentes níveis: teórico, metodológico, operativo e político.

É no interior deste movimento (não homogêneo), de questionamentos à profissão, que

a interlocução com o marxismo vai configurar para o Serviço Social latino-americano a

apropriação de outra matriz teórica: a teoria social de Marx (YASBEK, 1999). No

entanto, é válido ressaltar que esta apropriação não se dá sem problemas, como

falaremos adiante.

1 Assistente social, Mestre em Política Social (UFES, 2008), Doutoranda em Serviço Social

UFRJ 2011/1. Professora do curso de serviço social na Faculdade Salesiana de Vitória/ES. Email:

mirianbasilio@yahoo.com.br.

É no cenário do movimento de reconceituação e em seus desdobramentos, que se

definem de forma mais clara e se confrontam diversas tendências voltadas à

fundamentação do exercício e dos posicionamentos teóricos do Serviço Social.

Tendências estas que resultam de conjunturas sociais particulares dos países do

continente e que levam, por exemplo, no Brasil, o movimento em seus primeiros

momentos, num cenário de ditadura militar2 e de impossibilidade de contestação

política, a priorizar um projeto de modernização conservadora (NETTO, 2008), que

podem ser verificados nos encontros e posterior, nos documentos de Araxá e

Teresópolis.

Os países do Cone Sul da América (Uruguai, Argentina e Brasil), assumem uma

perspectiva crítica de contestação política e a proposta de transformação social. No

entanto, esta posição encontrou dificuldades de ser levada à frente devido à “explosão

de governos militares ditatoriais” e também, devido à “ausência de suportes teóricos

claros” (YAZBEK, 1999, p. 24).

Até o final da década de 1970, o pensamento de autores latino-americanos e a

iniciante produção brasileira divulgada pelo CBCISS, principalmente, guiou tanto a

formação quanto o exercício profissional no Brasil. Com o desenvolvimento do debate

e da produção intelectual do Serviço Social brasileiro esta situação foi se modificando

e resultou na explicitação de vertentes de análise diversas no interior do Movimento de

Reconceituação: a vertente modernizadora; reatualização do conservadorismo e

intenção de ruptura (NETTO, 2008; YASBEK, 1999).

A vertente modernizadora é assinalada pela incorporação de abordagens

funcionalistas, estruturalistas e sistêmica (com base na matriz positivista), dirigidas a

uma modernização conservadora e à melhoria do sistema pela mediação do

desenvolvimento social e do enfrentamento da marginalidade e da pobreza na

perspectiva de integração da sociedade (NETTO, 2008; CBCISS, 1989).

Os recursos que esta vertente vai buscar para atingir os seus objetivos são procurados

em procedimentos e relacionamentos interpessoais e na modernização tecnológica.

Este caminho configura um projeto renovador tecnocrático baseado na busca da

eficiência e da eficácia, que devem nortear a produção do conhecimento e a

intervenção profissional (YASBEK, 1999).

Já a vertente de reatualização do conservadorismo, de inspiração fenomenológica, a

qual emerge como metodologia dialógica, apropriando-se também da visão e pessoa e

comunidade, aos sujeitos e suas vivências, coloca para o Serviço Social a tarefa de

auxiliar na abertura desse sujeito existente, singular, em relação aos outros, ao mundo

de pessoas. Esta tendência que no Serviço Social brasileiro vai priorizar as

concepções de pessoa, diálogo e transformação social (dos sujeitos) é analisada por

Netto (2008) como uma forma de reatualizar o conservadorismo que esteve presente

no pensamento inicial da profissão.

E, a vertente de intenção de ruptura, com base no referencial marxista que remete a

profissão à consciência de sua inserção na sociedade de classes e que no Brasil vai

configurar-se, em um primeiro momento, como uma aproximação ao marxismo sem a

ida ao pensamento de Marx. Segundo Netto (2008) este primeiro

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