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O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA:

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Por:   •  17/9/2013  •  1.799 Palavras (8 Páginas)  •  450 Visualizações

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MAIS UMA OPÇÃO DE LEITURA

A transmissão de significados constitui o fluxo intersubjetivo pelo qual circula a cultura. A experiência vivida, o real sentido, percebido ou compreendido, o mundo do real ou do imaginário, das teorias científicas ou dos mitos, enfim, da vigília ou do sonho, é mediado de homem a homem por entes concretos capazes de impressionar nossos sentidos: os signos. (Isaac Epstein)

1. Considerações Iniciais

O objetivo deste artigo é levar para a sala de aula o texto publicitário como uma modalidade de leitura persuasiva, que, dentro de uma tipologia textual generalizada, segundo Eni Orlandi (1987), faz parte do discurso autoritário. Procurar-se-á mostrar, na leitura dos índices textuais e contextuais, as implicações da intencionalidade nas estratégias argumentativas utilizadas, bem como destacar alguns recursos retóricos e icônicos que caracterizam a linguagem da propaganda.

Todo ensino comprometido com o exercício da cidadania deve criar situações para que o aluno possa desenvolver sua competência discursiva. Um dos aspectos dessa competência é o sujeito ser capaz de utilizar a língua de modo variado, para produzir diferentes efeitos de sentido e adequar o texto a diferentes situações de prática oral e escrita. É o que se chama de competência lingüística, ou seja, conhecimento que o falante ou ouvinte, escritor ou leitor possuem sobre a língua e o utilizam para a construção de expressões que compõem os textos. Além disso, também é relevante a competência estilística, que é a capacidade de o sujeito entender ou escolher, dentre os recursos expressivos da língua, os que mais se adaptam às condições de produção, ao destinatário e às finalidades do texto e ao gênero textual escolhido.

Nessa perspectiva, urge contemplar nas atividades de ensino-aprendizagem a diversidade de textos e gêneros, não apenas em função de sua importância social, mas também pelo fato de que textos são organizados de formas diferentes. Por esse motivo, a necessidade de atender à classe estudantil obriga à revisão de métodos de ensino e à constituição de práticas que dêem ao aluno uma competência discursiva capaz de satisfazê-lo em todas as instâncias de interação que se apresentarem a seus olhos.

2. O discurso da publicidade ou propaganda

Segundo Sandmann (1997), em português, o termo publicidade é usado para a venda de produtos ou serviços e propaganda tanto para a propagação de idéias como no sentido de publicidade. Propaganda parece ser o termo mais abrangente. Portanto, usaremos neste estudo os dois termos indistintamente, embora o corpus a ser analisado se constitua de textos de caráter comercial.

O texto publicitário é resultado da união de vários fatores: psicológicos, sociais e econômicos, como também do uso de efeitos retóricos e icônicos aos quais não faltam as figuras de linguagem, as técnicas argumentativas e os mecanismos de persuasão entre outros.

Brown (1971) afirma que a publicidade ou propaganda usa esquemas básicos a fim de obter o convencimento dos receptores. São eles:

a) o uso de estereótipos – esquemas e fórmulas já consagradas. Tem-se como exemplo uma pessoa bem vestida e de boa aparência, induzindo à idéia de pessoa bem sucedida e de modelo a ser seguido. Aparecem também estereótipos lingüísticos escolhidos para persuadir. Por exemplo: “ Povo unido, jamais será vencido” ou “ Mês de maio, mês das mães” . A característica maior do estereótipo é não permitir perguntas, visto ser como uma verdade conhecida;

b) a substituição de nomes – trocam-se termos com a intenção de influenciar positiva ou negativamente determinadas situações. Geralmente, usam-se eufemismos, por exemplo, em vez de dizer que “o capitalismo vai mal”, diz-se que “é preciso reaquecer a livre iniciativa”; em vez de dizer que “os Sem-terra ocuparam as terras “, diz-se que “os Sem-terra invadiram as terras”;

c) a criação de inimigos – neste caso, o discurso autoritário persuasivo cria inimigos mais ou menos imagináveis. Temos exemplos nos comerciais de produtos de limpeza ou germicidas, que colocam como inimigos os germes ou fungos, ou mesmo nos comerciais de sabão em pó, que vêem na sujeira o inimigo oculto. Pode também aparecer como inimigo um produto concorrente. É o caso dos comerciais de produtos ou propagandas políticas que se referem a algo ou alguém como ruim ou desonesto;

d) o apelo à autoridade – apelo à fala ou procedimentos de especialistas em determinados assuntos , por exemplo, do dentista que afirma que determinada pasta de dente é melhor do que as outras, porque possui determinados componentes que combatem a cárie e o tártaro, ou do atleta que usa determinado tênis, porque é mais resistente e possui amortecedores que protegem o tornozelo e o pé;

e) a afirmação ou repetição – sabe-se que a vacilação é inimiga da persuasão. Então, usa-se a certeza em forma de imperativo para não deixar dúvidas. Os verbos têm o poder de conduzir a vontade do receptor. Temos exemplos nas afirmações: “Use OMO”, “ Compre sempre sandálias havaianas”.

3. Propaganda e ideologia

Ao nos valermos do texto publicitário como uma alternativa de leitura, devemos ponderar que esse tipo de discurso tem como objetivo provocar reações emocionais no receptor. Por isso, esse texto utiliza recursos retóricos para convencer ou alterar atitudes e comportamentos. Para tanto, as palavras, no contexto, passam a indicar ideologias e o modo de conduzi-las é de enorme importância para o efeito de argumentação.

Segundo Peirce (1975), o signo é algo que representa outra coisa e que é interpretado por alguém de acordo com a ideologia desse alguém. Sabe-se que um produto ideológico faz parte de uma realidade natural ou social que reflete uma outra realidade que lhe é exterior. Assim, tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si. Bakhtin (1979) defende que é impossivel afastarmos o estudo dos signos do estudo das ideologias, e que a questão do signo se prolonga na questão das ideologias. Existe uma relação de dependência tão grande que se pode crer que só é possível o estudo

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