O USO DA CARBAMAZEPINA NO TRATAMENTO DAS EPILEPSIAS PARCIAIS
Trabalho Universitário: O USO DA CARBAMAZEPINA NO TRATAMENTO DAS EPILEPSIAS PARCIAIS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rafa8593 • 21/11/2014 • 5.037 Palavras (21 Páginas) • 553 Visualizações
O uso da carbamazepina no tratamento das epilepsias parciais
Priscila Vieira, Vanessa Rodrigues, Marie Sumitani Kamimura
1. INTRODUÇÃO
Epilepsia refere-se a uma afecção na qual a pessoa apresenta convulsões recorrentes desencadeadas por um processo subjacente crônico.
A definição de epilepsia assim como a classificação dos diferentes tipos de epilepsia enfrenta uma série de dificuldades porque a epilepsia pode ser considerada como um fenômeno clínico mais do que uma entidade patológica única1, 2.
A Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) propõe a seguinte definição amparada nos trabalhos da ILAE: Epilepsia é um distúrbio cerebral causado por predisposição persistente do cérebro a gerar crises epilépticas e pelas conseqüências neurobiológicas, cognitivas, psicossociais e sociais da condição, caracterizada pela ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica3, 4.
Segundo GUERREIRO e GUERREIRO5, não existe uma definição completamente satisfatória para epilepsia. Sabe-se, no entanto, que geralmente é uma condição crônica que compreende um conjunto de doenças que possuem em comum crises epiléticas recorrentes as quais ocorrem mesmo na ausência de doença tóxica, metabólica ou infecciosa.
Uma variedade de observações clínicas sugerem que determinadas formas de epilepsia crônica são devidas a mudanças progressivas nas redes neurais que, eventualmente, provocam crises espontâneas e recorrentes6. Este processo de transformação da rede é conhecido como epileptogênese e as alterações específicas que resultam em redução do limiar para convulsões são considerados fatores epileptogênicos. Existem diversos fatores endógenos subjacentes que influenciam o limiar para convulsões, sendo alta a propensão da lesão cerebral traumática grave gerar epilepsia. Muitas vezes há um atraso de meses ou anos entre a lesão inicial do sistema nervoso (como traumatismo, AVE, doença vascular cerebral, isquemia, tumores ou infecção) e a primeira crise. A lesão parece desencadear um processo que gradualmente diminui o limiar para convulsão na região afetada, até ocorrer uma convulsão espontânea7,8 .
A crise epiléptica desencadeada pela descarga sincrônica e não fisiológica dos neurônios com excitabilidade aumentada, pode ser generalizada (ocorre em todo o cérebro) ou parcial ou focal (só ocorre em uma parte do cérebro).
As crises parciais podem ser simples ou complexas. Nas crises parciais simples não há perda da consciência e o paciente pode relatar os seus sintomas, enquanto nas crises parciais complexas observa-se alteração da consciência. Mas ambas são diferentes, em sua manifestação, das epilepsias generalizadas que acometem o corpo todo (crises tônico-clônicas ou grande mal) ou o encéfalo todo (crises de ausência ou pequeno mal) havendo, em ambos os casos, profunda alteração da consciencia9.
É importante ressaltar que existem diversos fatores desencadeantes de crises epilépticas isoladas (por exemplo, convulsão febril e da eclâmpsia, crises associadas ao alcoolismo e intoxicações por drogas, etc.) que não se desenvolvem em epilepsia e não são classificadas como epilepsia.
Conforme revisão feita por MORAES e SAKAMOTO10, na grande maioria dos pacientes a epilepsia está associda a lesões cerebrais estruturais congênitas (por exemplo, malformação cortical) ou adquiridas durante o período pré-natal (infecções do sistema nervoso central, por exemplo por toxoplasmose), perinatal (anoxia neonatal, hemorragias intracerebrais) ou pós-natal (traumas cranianos, infartos cerebrais, etc.)
As causas das descargas elétricas excessivas são muito variadas, podendo algumas vezes ser identificadas através de exames neurológicos como nos casos de tumores, infecções, traumatismos, alterações metabólicas ou doenças sistêmicas (vasculares, insuficiência renal e hepática). Algumas formas de epilepsia mostram uma predisposição genética e os genes para algumas dessas formas de epilepsia foram identificadas.
2. EPILEPSIA NO MUNDO E NO BRASIL
Epilepsia é um dos problemas mais importantes do ponto de vista de saúde pública na área das doenças neurológicas. Tem prevalência universal, atinge indivíduos de ambos os sexos, todos os grupos étnicos e todas as faixas etárias. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) a epilepsia representa a segunda maior causa de procura por centros de saúde mental, depois da depressão. A epilepsia atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo 40 milhões delas habitantes de países em desenvolvimento. Estas altas taxas nos países em desenvolvimento podem ser, em grande parte, devido a causas parasitárias, principalmente neurocisticercose10, infecções intracranianas virais ou bacterianas ou a traumatismo crânioencefálico e doenças cerebrovasculares12.
Alguns aspectos epidemiológicos são fundamentais para os estudos comunitários da área, tais como: as pessoas mais sujeitas encontram-se na infância e na terceira idade e normalmente estas pessoas são controladas em unidades ambulatoriais13.
Estima-se que cerca de 3,5 milhões de pessoas têm epilepsia na América Latina e aproximadamente 100 mil novos casos somam-se a cada ano3.
A maioria dos pacientes tem um prognóstico bom em longo prazo. De acordo com a OMS (2006), 70% dos casos recém diagnosticados podem alcan¬çar a remissão com as drogas anti-epilépticas (DAEs) e após dois a cinco anos de tratamento sem crises, es¬ses medicamentos podem ser retirados em 70% das crianças e 60% dos adultos14.
3. EPILEPSIA PARCIAL
As epilepsias parciais constituem a forma mais co¬mum de epilepsia no adulto8. Crises parciais são aquelas cujas manifestações clínicas indicam o envolvimento inicial de apenas uma parte de um hemisfério cerebral. As crises parciais podem, com a propagação das descargas, evoluir para crises tônico-clônicas generalizadas. É o que se chama crise parcial com generalização secundária15.
As manifestações clínicas das epilepsias focais indicam o envolvimento de apenas uma parte específica do cérebro e no eletroencefalograma (EEG) nota-se descargas restritas a determinados eletrodos situados em um dos hemisférios.
Dependendo da região do córtex cerebral inicialmente ativada pode se observar tipos diferentes de sinais e sintomas.
Os principais tipos de crises focais, conforme descrito por MORAES e SAKAMOTO10 e por LOWENSTEIN1 são:
1. Crises
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