O estudo do crime de traição de seu regulamento nas alterações de Afoncine
Artigo: O estudo do crime de traição de seu regulamento nas alterações de Afoncine. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JejeMartins • 17/9/2014 • Artigo • 331 Palavras (2 Páginas) • 343 Visualizações
O estudo do crime de traição a partir da sua regulação nas
Ordenações Afonsinas permite-nos identificar uma multiplicidade
de concepções distintas não só sobre o crime em si, mas também
sobre a relação do súbdito com o monarca.
A localização cronológica das primeiras Ordenações
determina, desde logo, um objecto promissor. De facto, a
natureza reformadora (e já não meramente compilatória) de todo
um acervo legislativo que tem início nos alvores da monarquia
portuguesa, por um lado, e a intenção organizativa de uma
monarquia que se refundara nos primórdios da idade moderna,
por outro, fazem manifestar no texto da lei ecos de diferentes
regimes jurídicos, de diferentes concepções do poder.
A análise que nos propomos desenvolver parte da
verificação de uma dualidade de âmbitos que ainda se deixa
manifestar na identificação do crime no texto das Ordenações,
mas que se esbate progressivamente no tratamento unitário e
estritamente limitado à relação entre súbdito e monarca.
O facto de se encontrar nas Ordenações um título
autónomo relativo ao crime de traição contra o rei, mas já não
quanto a outras formas de traição – e eram muitas, no tratamento
penal medieval – é, em si, um elemento revelador.
Por um lado, o crime compreendia ainda outras situações,
e por isso mesmo o título refere expressamente que se trata de
traição contra o rei, e não traição tout court, como seria de esperar
se fosse esse o único âmbito do crime de traição.
Por outro lado, o crime de traição contra o monarca
merece um tratamento autónomo privilegiado na definição de um
regime penal que vai muito mais além daquele que é o regime da
lei de D. Afonso II, com a qual se inicia o título II do Livro V das
Ordenações Afonsinas.
Pretende-se analisar, em primeiro lugar, a estrutura do
texto do título II do Livro V das Ordenações Afonsinas, porque a
identificação e compreensão das suas fontes directas e indirectas
permitem detectar a dinâmica subjacente ao processo de
transformação do crime de traição.
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