O justo viverá por fé

1 “O JUSTO VIVERÁ POR FÉ”

Para dar início a este trabalho em que será destacada a ação de Deus para salvação do ser humano, é importante destacar algumas idéias do autor Fhilip S. Watson em relação ao que Lutero entendia por justiça de Deus, visto que este assunto é fundamental para a fé cristã.

Inicialmente Lutero via o Deus justo como um Deus que julgava e condenava o ser humano. O reformador odiava a expressão justiça de Deus, e isto, devido à compreensão filosófica de justiça, a qual Lutero havia aprendido de seus professores. Este fato pode ser observado nas palavras do próprio reformador: “Eu não amava o Deus justo, que pune os pecadores; ao contrário, eu o odiava “.

No entanto, Martinho Lutero mudou totalmente a maneira de entender a justiça de Deus, e conseqüentemente, passou a ver a Escritura Sagrada e a própria vida cristã com outros olhos, isto, após uma correta interpretação de Rm 1.17: “[...] a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé”.

Conforme Watson:

[...] com a força de uma revelação, ele [Lutero] compreendeu o sentido da doutrina paulina da salvação, quando leu as palavras do Antigo Testamento, citadas e impregnadas com um novo significado pelo apóstolo: “O justo viverá por fé.” “Isto me ajudou” diz Lutero [...]

Este fato não influenciou apenas em posições pessoais de Lutero a respeito da Bíblia, mas propiciou uma enorme repercussão hermenêutica na história da teologia cristã.

Por fim, esta “revelação” que Lutero teve, conforme as palavras de Watson, e conseqüentemente, a nova concepção de justiça de Deus implicam, no que se refere a este trabalho, na abordagem de dois pontos a serem destacados. Estes pontos são: a ação do Espírito Santo, e a própria justiça divina que justifica o pecador por meio de Cristo. Ou seja, são duas maneiras de Deus agir para a salvação do ser humano.

1.1 A Ação do Espírito Santo

Lutero, na busca do Deus gracioso através do cumprimento da lei, jamais teria por si só alcançado o livramento do medo da condenação. A nova compreensão sobre justiça de Deus não foi mérito de Lutero, mas obra do próprio Deus, conforme Watson:

E o próprio coração de Lutero, que permanecera frio, apesar de todos os seus esforços, foi iluminado com o amor de Deus por intermédio do Espírito Santo que lhe fora outorgado. O dom do Espírito Santo e o dom do amor eram, na verdade, uma e a mesma coisa, sendo que o Espírito tornou-se uma realidade viva na vida e obra de Lutero [...]

Esta é a ação de Deus por meio da qual Ele salva o ser humano, a saber, pela fé concedida pelo Espírito Santo por meio da Palavra. (Neste ponto é importante destacar que a fé não deve ser compreendida como uma obra humana, mas como obra do próprio Deus. cf. Hb12.2).

O Espírito Santo ilumina as pessoas, para que estas possam ver a mensagem central da Escritura: “que Jesus Cristo morreu para perdoar os seus pecados e para declará-lo santo diante de Deus“ .

1.2 Justiça de Deus

Para falarmos sobre “justiça de Deus” é importante mencionar também a justiça