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O texto gigante sobre o futebol brasileiro

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Por:   •  4/4/2014  •  Artigo  •  996 Palavras (4 Páginas)  •  717 Visualizações

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O texto gigante sobre o futebol brasileiro

05/08/2013 · by BrunoJeuken · in editoriais. ·

Dos grandes esquadrões ao jogador exportação

Antes de 58 o Brasil já havia encantado o Mundo com seus craques. Depois, mais ainda, com Garrincha, Nílton Santos, Djalma Santos, Didi, Pelé, Carlos Alberto Torres, Tostão, Gerson, Rivelino. Ganhamos 3 Copas do Mundo. Em 82 o mundo babava na seleção de Sócrates, Zico, Falcão. E ai o tetra, o vice na Copa da França, o penta. O futebol brasileiro é respeitadíssimo no Mundo inteiro, a camisa é pesada. Não cabe aqui discutir como o Brasil chegou a ser potência no futebol, o texto ficaria gigante. Mas o que inverteu essa polaridade?

Algumas coisas complicam esse cenário: primeiro, o futebol passou por um processo de “modernização”, que no fim das contas significa monetarização. O avanço neoliberal na década de 80, com Reagan e Margaret Thatcher, transformou tudo em negócio, em investimento e lucro – e nós temos o direito de achar isso bom ou ruim, não vou entrar nesse mérito. Desde cinema até religião, tudo virou negócio, dinheiro. Como é comum a esses processos, não há lugar para todos.

O Brasil ficou de fora da brincadeira, acabou virando fornecedor de matéria prima, quero dizer, de jogadores. Tanto é, que desde os anos 80 (Careca no Napoli, Zico na Udinese), passando pelos anos 90 (Ronaldo no PSV, Roberto Carlos no Madrid, Rivaldo e Giovanni no Barcelona, Cafú no Zaragoza), até os anos 2000 (Pato no Milan, Gaúcho no PSG, Robinho no Madrid, Diego no Porto, Nilmar no Lyon, Adriano no Barcelona, Rafael no Manchester), cada vez os nossos jogadores saiam do país e maior número e mais jovens. A seleção ia bem, ia mal, mas cada vez com mais convocados entre times europeus e menos entre times brasileiros. As últimas Copas foram um festival de exportados, em oposição a uma seleção de 70 ou 82, esmagadoramente caseiras.

A segunda coisa é consequência: com jogadores sendo vendidos cada vez mais cedo, não havia preocupação em formar um elenco desde a categoria de base. Para que se preocupar com meninos entrosados desde os 10 anos? O fulano logo vai para a Alemanha com 19 anos, o beltrano vai pra Espanha com 18, o ciclano vai para a Itália com 17. Isso sem contar as baciadas de jogadores que saem do Brasil sem ter jogado nenhuma partida profissional no país onde nasceram.

A terceira é a consequência final: sem essa preocupação com as categorias de base formando bons jogadores e elencos entrosados, muito menos uma categoria de base decente na CBF para reunir os melhores desde cedo, o nível dos times brasileiros cai vertiginosamente, enquanto nossos jogadores bons, ótimos, excelentes, craques ou gênios enchem os clubes europeus (e eles mesmos) de títulos, fama e dinheiro. Ao mesmo tempo, essa venda de jogadores, mesmo os precariamente preparados nas categorias de base, é muito lucrativa para uma nova figura que apareceu no futebol: o empresário. O óbvio acontece: se uma atividade é muito lucrativa, quem lucra está disposto a gastar muito dinheiro para nunca parar de ganhar dinheiro. É a lógica dos traficantes e policiais corruptos que são contra a legalização das drogas. Empresários e dirigentes corruptos estão satisfeitos com o estado das coisas. Estão todos arrotando de satisfação, com um charuto entre os dedos da mão que segura o copo de whisky enquanto a outra assina um contrato milionário, de onde sairão de dez a vinte por cento para mais arrotos, charutos e bebidas.

Os últimos atos

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