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O uso da tabuada em sala de aula

Por:   •  10/8/2015  •  Artigo  •  5.072 Palavras (21 Páginas)  •  816 Visualizações

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O USO DA TABUADA EM SALA DE AULA

Cristina Antunes[1]

Eduardo Quadros da Silva[2]

RESUMO

A preocupação quanto ao uso da tabuada em sala de aula oportunizou a leitura, pesquisa e busca por recursos relacionados quanto a sua utilização, visando compreender sua importância durante o processo de ensino aprendizagem. Assim sendo, relata-se algumas opiniões sobre o assunto, alguns exemplos de metodologias e recursos aliados às Tendências em Educação Matemática que poderão vir a ser utilizados durante as aulas, e ainda, sugestões de atividades que poderão ser desenvolvidas mediante consulta à Tabuada Pitagórica. Menciona-se, também, alguns conteúdos que podem ser abordados a partir da tabuada, por exemplo, os múltiplos e divisores de um número, ou ainda, como a tabuada pode ser útil para a assimilação e compreensão de determinados conteúdos, por exemplo, os critérios de divisibilidade, de modo a preservar sua importância e defender que consultar e manusear a tabuada é mais importante que, simplesmente, memorizá-la e que este procedimento é um facilitador no processo de ensino aprendizagem da matemática.

Palavras-chave: Tabuada, Ensino de Matemática, Pitágoras.

1        INTRODUÇÃO

        A motivação para este artigo surgiu durante uma formação continuada para professores. Em conversa entre os professores uma das questões apontadas era: permitir ou não o uso da tabuada em sala de aula?

        Tal pergunta causa certa angústia, pois muitos professores veem com clareza que permitir a consulta estimula o aluno a, no mínimo, memorizar a tabuada. Outros professores acreditam que ao permitir que o aluno consulte a tabuada se torne dependente dela e isso não trará aprendizado. Toda essa discussão foi de caráter informal e não fazia parte da oficina estabelecida para a formação continuada em questão, mas motivou a atual pesquisa que objetiva mostrar que é possível utilizar a tabuada de forma construtiva no ensino de matemática.

        O presente trabalho, inicialmente, define que tabuada é uma tabela e que tabelas servem para serem consultadas e para dar veracidade a esta definição será apresentada a opinião de alguns teóricos. Em um segundo momento é possível visualizar alguns exemplos de utilização da tabuada em sala de aula agregando-a às Tendências em Educação Matemática e, finalmente, devido a dificuldade em encontrar atividades referentes à utilização da tabuada, apresentam-se duas atividades envolvendo conteúdos matemáticos e sua resolução mediante consulta à tabuada.

2        A TABUADA

        O objetivo ao construir uma tabela é organizar informações que facilitem uma consulta posterior. Pensando desta maneira e, considerando que a tabuada é também uma tabela, deve-se entender seu processo de construção, ou seja, a maneira como as informações foram organizadas e também como e em que momentos consultar tais informações.

Tabuada e tabela têm origem e um significado comuns: ”tábua”, um lugar para registrar relações numéricas, a fim de que seja possível consulta-las quando necessário...uma tabuada é uma tabela, e tabelas existem para consultar (RAMOS,2009, P.89; 96).

Quando se fala em tabuada, associa-se à multiplicação, mas esquece-se que há diversas “tabuadas”: adição, subtração, divisão, quadrados perfeitos, etc. Outros exemplos de “tabuadas” são as tábuas de logaritmos e as tábuas trigonométricas e estas também são tabelas, pois existem para serem consultadas e assim facilitar alguns cálculos matemáticos. Rodrigues (2006) concorda com Ramos (2009) ao afirmar que “tabelas existem para serem consultadas, não para serem decoradas ou reconstruídas a cada momento”.

Quando se permite que o aluno consulte a tabuada e que faça dela um instrumento de estudo possibilita-se que este aluno aprenda a utilizar e a manusear a tabuada e a memorização ocorre de maneira natural, ou seja,

Tabuadas, como qualquer tabela, deveriam ser construídas e ensinadas para serem consultadas e, no âmbito escolar, se as atividades de construção e consulta forem significativas, é grande a probabilidade de a maioria dos alunos as memorizarem naturalmente, sem esforço ou cara feia (RODRIGUES, 2006).

        A tabuada é um instrumento importante no processo de ensino aprendizagem e por isso os professores devem possibilitar que os alunos a utilizem como ferramenta de consulta e ampliar ao máximo sua utilização, ou seja, abordar os conteúdos de maneira que os alunos necessitem do auxilio da tabuada.

        O uso da tabuada em sala de aula sempre é questionável entre os professores. Pode-se dizer que este assunto se iguala ao uso da calculadora em sala de aula. O que passa despercebido é que quanto mais manuseia-se um instrumento melhor a prática e conhecimento do mesmo, por exemplo, quando fazemos auto escola e passamos nas provas não significa que tenhamos aprendido a dirigir. Este aprendizado vem com a prática, ou seja, a manipulação dos “instrumentos” carro e trânsito.

        Com a tabuada ocorre o mesmo, se não é permitido aos alunos consultar a tabuada, manipular as informações ali contidas, como garantir o ensino aprendizado dos alunos se estes não estão interagindo com o instrumento tabuada.

  1. O que é a tabuada para o aluno?

        Professores façam a seguinte pergunta aos seus alunos: a tabuada é finita ou infinita? O que você acha que eles irão responder? Em conversa com professores relata-se que a maioria dos alunos (6º ano) não sabe o significado de finito e infinito.

        Mudando a pergunta: a tabuada tem fim? O que será que os alunos respondem? Eles dizem: “Vai até o 10”. Já ocorreu de o aluno responder que 20x2 não tem na tabuada ou não existe, pois a tabuada só vai até o 10? Essas situações são preocupantes e devem ser trabalhadas em sala de aula e os alunos devem receber orientações para compreender todo o processo de construção e utilização da tabuada.

        Supondo que os alunos cheguem ao 6º ano do ensino fundamental com a tabuada na “ponta da língua” e o professor pergunte aos alunos: se duas vezes quatro é igual a oito, podemos afirmar que oito é divisível por 2 e por 4? Será que os alunos ao responderem esta questão teriam certeza de sua resposta? E se estes alunos acompanharam o processo de construção da tabuada e estudaram os conceitos envolvidos, será que a resposta deles seria mais significativa?         Difícil dizer. O professor deve perguntar-se sobre estas questões e deve experimentar metodologias que proporcionem esclarecer estas dúvidas.

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