Oracy Nogueira
Monografias: Oracy Nogueira. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: kellercristina • 26/9/2014 • 2.552 Palavras (11 Páginas) • 346 Visualizações
ORACY NOGUEIRA
Oracy Nogueira nasceu em Cunha em 17 de novembro de 1917, e lá viveu até os dez anos de idade .A família se muda para Catanduva em 1928, e logo para Botucatu em 1931/32, onde Oracy completa o ginásio. Em 1932, com quatorze anos, Oracy participa como voluntário da Revolução Constitucionalista de São Paulo. Em 1933/34, trabalha como repórter e redator no Correio de Botucatu, filia-se então ao Partido Comunista Brasileiro, ao qual permaneceria vinculado até meados dos anos 1960. Em 1936/1937, com 19 anos, Oracy se isola da família para tratamento de saúde em São José dos Campos.
Já aposentado Oracy escrevia, entre outras coisas, a expressiva Introdução a seu livro "Tanto preto quanto branco" (1985), que re-edita seus artigos sobre relações raciais e a original biografia "Negro político, político negro" (1992) que mistura ficção à pesquisa histórica e sociológica na narrativa da trajetória pessoal e política do Dr. Alfredo Casemiro da Rocha, prefeito de Cunha na Primeira República. Oracy Nogueira faleceu em Cunha, a 16 de fevereiro de 1996.
Em 1940, ingressou no curso de bacharelado da Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP), em São Paulo, como estudante-bolsista de Donald Pierson, e lá conhece Lisette Toledo Ribeiro que viria a tornar-se sua esposa, colaboradora e mãe de seus quatro filhos.Donald Pierson era professor de sociologia e antropologia, obtivera seu doutoramento em Chicago, sob a orientação de Robert Ezra Park. Pierson passou dezesseis anos em São Paulo como docente, e na opinião de Oracy, "verdadeiro diretor acadêmico da ELSP" . Na Escola, Oracy foi aluno de Radcliffe-Brown, Herbert Baldus, Sérgio Milliet, Emílio Willems entre outros, permanecendo estreitamente vinculado à instituição e a Pierson, até o ano do retorno deste aos Estados Unidos em 1952 .
Em 1942, Oracy conclui o bacharelado. Em 1945, o mestrado com a dissertação "Vozes de Campos de Jordão". Experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no Estado de São Paulo", publicada em 1950. Ainda em 1945, por meio de um convênio firmado entre a ELSP e a Universidade de Chicago, segue para os Estados Unidos para a realização do doutoramento naquela Universidade. Lá permanece sob orientação de Everett Hughes, cumprindo créditos nos Departamentos de Sociologia e de Antropologia até 1947, tendo sido aluno de W. L. Warner, Robert Redfield, Louis Wirth, o próprio Hughes, entre outros. Retorna ao Brasil para confecção da tese, que entretanto não chega a ser defendida: sendo filiado ao Partido Comunista Brasileiro, em 1952, em pleno macartismo, seu visto para retorno aos Estados Unidos é negado.
Na ELSP, Oracy ensina no curso de graduação desde 1943 e, a partir de 1947, no de pós-graduação, desenvolvendo simultaneamente atividades de pesquisa. Integra também a direção da Revista Sociologia, de 1948 até 1958. Data dessa época também sua colaboração com a Comissão Paulista de Folclore, liderada por Rossini Tavares Lima e sua participação nos debates conceituais então travados pelo Movimento Folclórico.
Em 1952, no mesmo ano em que Pierson deixou o Brasil, Oracy aceita o convite para a cadeira de Ciência da Administração na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (USP) e para o Instituto de Administração anexo. Em 1955, ele se efetiva como técnico do Instituto de Administração da USP (então dirigido por Mário Wagner Vieira da Cunha, que também passara pela ELSP) , logo tornando-se chefe do Setor de Pesquisas Sociais.
Em 1957, ele vai para o Rio de Janeiro, trabalhar no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da Educação, a convite de Darcy Ribeiro, seu ex-aluno na ELSP. Nesse contexto, Oracy publica Família e Comunidade: um estudo sociológico de Itapetininga (1962). Resultado de pesquisa de 10 anos (1947-1956), o livro é um clássico na área dos estudos sobre família demonstrando a importância sociológica da organização familiar, uma vez que a história da comunidade se entrelaça com a de certas famílias. Oracy volta a São Paulo em 1961, como técnico do Instituto de Administração, desligando-se finalmente da ELSP. Em 1967, defende junto à cadeira de Sociologia II da Faculdade Municipal de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco sua tese de Livre Docência, um estudo também pioneiro: Contribuição ao estudo das profissões de nível universitário no Estado de São Paulo.
Em 1968, O. N. é integrado como docente na área de Sociologia da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP. Em 1970, transfere-se para o Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, como responsável pela cadeira de "Métodos e técnicas de pesquisa". Em 1978, volta à Faculdade de Economia e Administração através do concurso para professor titular de Sociologia aplicada à economia, onde permanece até a aposentadoria em 1983.
Oracy Nogueira integra uma geração cuja trajetória se entrelaça com a das ciências sociais no país, integrando a primeira turma de mestres em ciências sociais formadas no país pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo. Sua obra inovadora aborda decisivamente temas como o estigma e o preconceito, sendo ele o criador do importante conceito de Preconceito de marca para compreender a dinâmica própria do racismo brasileiro, em contraste com o Preconceito de origem que caracterizaria o racismo norte-americano. Outros temas estudados por ele são a familia e o parentesco, metodologia e técnicas de pesquisa, estudos de comunidade e sociologia das profissões. Sua presença ativa e discreta perpassa instituições e iniciativas relevantes em especial entre os anos 1940 e 1960, entre elas notadamente a Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, a Revista de Sociologia, o Setor de Pesquisa Social do Instituto de Administração da USP, o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais no Rio de Janeiro.
FLORESTAN FERNANDES
O sociólogo não só refletiu sobre a escola brasileira, apontando seu caráter elitista, como atuou pessoalmente em defesa da educação para todos.
Florestan buscou romper com a tradição de falsa neutralidade das ciências humanas
Foto: SERGIO BEREZOVSKY
Frase de Florestan Fernandes:
"Na
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