PSICOSOCIAL: SUA CONFORMIDADE E RISCO DE IATROGENICAS
Seminário: PSICOSOCIAL: SUA CONFORMIDADE E RISCO DE IATROGENICAS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: louizyene • 19/5/2014 • Seminário • 5.060 Palavras (21 Páginas) • 349 Visualizações
AS PRÁTICAS GRUPAIS EM UM CAPS - CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL: SUA RELEVÂNCIA E O RISCO DE IATROGENIAS
Renata Bellenzani1: renatabellenzani@hotmail.com
Mayara Karolina Alvarenga Recaldes Gomes Coutinho2: mayaracoutinhopsico@hotmail.com
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro2: maylla-monnik@hotmail.com
1) Introduzindo os temas: saúde mental, grupo e humanização da atenção
O modo de entender e tratar a loucura tem sofrido grandes mudanças no decorrer
da história, saindo de um modelo hospitalocêntrico centrado na instituição psiquiátrica e
nos tratamentos morais promotores de exclusão e estigmatização do doente mental, para
um novo modelo, de base territorial que entende as pessoas portadoras de transtornos
mentais como sujeito de direitos (Antunes e Queiroz, 2007). A insuficiência do sistema
hospitalar no atendimento prolongado a pessoas em sofrimento psíquico atrelada às
condições desumanas a que estas pessoas eram submetidas até o século XX,
desencadeou um processo de transformação que sustentou a Reforma Psiquiátrica
suscitada em vários países (Brasil, 2007). No Brasil, o Movimento Nacional de Luta
Antimanicomial (MNLA) reúne diversos segmentos da sociedade, surgiu há mais de
vinte anos e sofreu maior influência da reforma psiquiátrica italiana. (Lancetti e
Amarante, 2006) Pautado numa perspectiva crítica da doença mental e da psiquiatria, o
movimento questiona a maneira de pensar e tratar a loucura, criticando os pressupostos
psiquiátricos quanto a seus efeitos de normatização e controle (Neto, 2003). A extinção
progressiva dos hospitais psiquiátricos e a criação de uma rede substitutiva de atenção à
saúde mental que considere a liberdade e o acesso à cidadania dos portadores de
transtornos mentais são as principais reivindicações do MNLA no Brasil.
O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) é o principal equipamento desta rede,
e tem por objetivo o tratamento e reabilitação psicossocial e a promoção da autonomia e
cidadania, além de ser orientado pela noção de cuidado e promoção dos direitos dos
usuários. Os CAPS se diferenciam de acordo com características tais como: densidade
populacional do território ou do município, horário de funcionamento, população
atendida, além dos profissionais que compõem a equipe. Podem ser dos seguintes tipos:
CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS-AD (atendimento aos usuários de drogas lícitas e
ilícitas) e CAPS-i (atendimento infanto-juvenil) (Brasil, 2004).
Em alguns municípios a nomenclatura utilizada são Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS) ou Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM), serviços
regulamentados pela Portaria nº. 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002, fundamentados
pela Lei Federal 10.216 de 2001, que dispõe sobre os direitos das pessoas com
transtornos mentais e privilegia o tratamento em serviços territoriais, de base
comunitária. Isso consiste num avanço social e histórico-cultural na forma de conceber
a loucura, “os loucos” e as noções de cuidado e atenção com relação às pessoas em
sofrimento psíquico, do ponto de vista da Saúde, Estado e sociedade. É uma grande
conquista do Movimento Nacional e Internacional de Luta Antimanicomial.
De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2004), os CAPS têm caráter
territorial e comunitário, realizam ações intersetoriais, podem oferecer diversos tipos de
atividades terapêuticas como oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades
artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e
aos familiares dos usuários, psicoterapia individual ou em grupo, dentre outras.
1 Professora M.Sc. do curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
2 Alunas do quarto ano do curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Em meio a tantas possibilidades de atividades terapêuticas, a literatura aponta
que a nova configuração dos serviços de saúde mental fez dos atendimentos grupais o
principal recurso terapêutico nestes contextos (Lancetti, 1993; Guanaes; Japur, 2001). O
grupo é reconhecido como um espaço adequado para a exploração da subjetividade ao
possibilitar que os membros reproduzam neste ambiente os papéis que ocupam no dia a
dia de suas relações (Guanaes; Japur, 2001).
O objetivo deste artigo é discutir o uso do dispositivo grupal nas práticas do
CAPS I de uma cidade do interior de Mato Grosso do Sul3, a partir da descrição de uma
atividade em grupo desenvolvida no serviço, uma das únicas ou a única que tinha
caráter contínuo. Era denominada “oficina terapêutica” e acontecia duas vezes por
semana. Partimos de um grupo em específico e, expandindo a reflexão, traçamos
algumas considerações preliminares acerca da utilização
...