Pesquisas De Opinião: A Opinião Pública Na Construção De Uma Imagem Pública Favorável
Monografias: Pesquisas De Opinião: A Opinião Pública Na Construção De Uma Imagem Pública Favorável. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: deboramoussallem • 23/1/2015 • 907 Palavras (4 Páginas) • 304 Visualizações
Conceituação de Opinião Pública
Chegar a um conceito de OP, entretanto, não é uma tarefa fácil, pois há tantas
definições e implicações conceituais, já sistematizadas por autores de todo o mundo e das
mais variadas correntes epistemológicas, que a formulação ou adoção de apenas um conceito,
se torna uma questão meramente filosófica.
Como já vimos, a opinião pública tem, muitas vezes, comparação sinonímica com
sociedade. Com vista a compreensão desta concepção popular é interessante realizar uma
melhor contextualização histórica, observando que,
a origem da expressão ‘opinião pública’ está envolta em mistério. Na
literatura da Grécia e Roma antigas, bem como ao longo da Idade Média,
os filósofos tinham inteira consciência da importância da opinião das
massas. A frase "voz populi, vox Dei" data da última parte da Idade
Média. (CHILDS, 1967, P.44)
Com toda certeza, quando os gregos conclamavam que “a voz do povo é a voz de
Deus”, estavam se referindo a OP. Entretanto, a expressão ‘opinião pública’ só foi empregada
pela primeira vez no século XVIII, por Jean Jacques Rousseau, filósofo que a utilizou dentro do contexto político-filosófico e a definiu como: “a vontade geral do povo, é o poder do povo
contra a monarquia”. Também político é o conceito do iluminista Emmanuel Kant, que apesar
de não ter utilizado, em nenhum momento, a expressão ‘opinião pública’ literalmente em sua
obra, elabora o conceito de ‘uso público da razão’, conceito esse, que nos remete claramente
ao conceito de OP, faltando-lhe apenas o termo. “Kant atribui a ela [OP] o papel notável de
esclarecer o público e explicar como podemos não só agir racionalmente, mas também como
podemos pelo menos esperar por uma ordem social racional.” (DURÃO, 2004).
Em contraponto a Kant, que atribuía racionalidade a OP e a via como algo positivo,
Hegel na obra Filosofia do Direito formulou uma teoria, percursora do fascismo, em que
colocava que a OP só devia ser respeitada quando nela estivessem contidos os princípios
essenciais da sociedade e que cabia ao dirigente descobrir quais os princípios essenciais
deveriam nortear o seu povo. Para ele a OP era algo imediatista, superficial, sem
fundamentação científica e sem base na razão, portanto, algo que deve ser desprezado.
Em consonância com Hegel, apenas no que tange a questão da visão negativa a
respeito do conceito de OP, Marx acreditava que esse conceito era apenas mais uma
ferramenta burguesa de manipulação e alienação das massas.
Opinião pública é só falsa consciência, ideologia, pois, numa sociedade
dividida em classes, ela mascara o interesse da classe burguesa: o público
não é o povo, a sociedade burguesa não é a sociedade geral, o bourgeois
não é o citoyen, o público dos particulares não é a razão. A opinião pública
é, portanto, apenas a ideologia do Estado de direito burguês. (BOBBIO et
al, 1987, p.844)
Fundamentado na linha de raciocínio marxista, o mais controverso, e por que não
dizer, o mais convincente dos conceitos de OP vem do polêmico frankfurtiano Habermas. Ele
diz que a OP não existe enquanto fenômeno popular, pelo menos, não em uma sociedade
midiática. Segundo Habermas (1987), o que de fato existe é uma opinião geral induzida pelos
Meios de Comunicação de Massa (MCM). Podemos utilizar para complementar a construção
habermasiana a respeito do tema a hipótese do agenda setting. McCombs & Shaw (1972),
quando levantam essa hipótese, afirmam que a opinião induzida pelos MCM à sociedade
acontece a partir dos conceitos de agendamento, que está relacionado com a seleção do que
será noticiado pelos meios de comunicação, e o de enquadramento que, em resumo, significa
o ponto de vista particular
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