Planejamento De Controle De Produção
Exames: Planejamento De Controle De Produção. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 27/10/2013 • 1.766 Palavras (8 Páginas) • 557 Visualizações
Sistemas de programação da produção com capacidade finita: uma decisão estratégica?
O mercado apresenta hoje centenas de alternativas de aplicativos de software para apoiar a implantação e as decisões decorrentes destes sistemas. Entre estes aplicativos estão aqueles que utilizam a lógica MRPII - que apresentam todos, em linhas gerais, uma mesma estrutura básica de solução do problema5 e variam entre si nas funcionalidades que cada particular aplicativo de software apresenta. Além dos aplicativos que se utilizam da lógica MRPII, outras soluções mais específicas e ainda em estágio menos avançado de desenvolvimento têm sido recentemente disponibilizados comercialmente: os sistemas de programação da produção com capacidade finita (ou “finite capacity scheduling sistems”, cujo conceito será apresentado mais adiante neste artigo), que possuem cada um sua lógica própria de solução de problema normalmente baseada em simulação em computador, sem que ainda se tenha chegado a um design básico que, como ocorre com o MRPII, domine a abordagem adotada pelos diversos fornecedores de sistemas.
A decisão sobre a adoção de um sistema de PPCP deve considerar a ultiplicidade de soluções hoje possíveis, assim como a adequação destas ao ambiente particular de cada empresa. Na realidade, entretanto, as decisões envolvendo a escolha e implantação de sistemas de PPCP têm ocorrido nas empresas, em muitos casos, segundo uma lógica que pode ser caracterizada como induzidas por promessas de panacéias, em detrimento da escolha de um sistema que melhor suporte a estratégia competitiva da empresa. Podem-se verificar casos em que foram investidos alguns milhões de dólares no processo de desenvolvimento que pode envolver a escolha de alternativas de pacotes de software) e implantação de sistemas de PPCP, sendo que os resultados esperados jamais tenham sido alcançados. Este fato decorre, dentre outros possíveis fatores, da falta de uma metodologia adequada que suporte o projeto, escolha e implantação de um sistema de PPCP que seja adequado às necessidades estratégicas da empresa, e que considere sistemicamente suas competências e restrições.
O impacto estratégico das decisões resultantes de um sistema de ppcp
Os sistemas de PPCP objetivam apoiar as decisões de o que, quanto, quando e onde
produzir e o que, quanto e quando comprar. Estas decisões definem quatro determinantes
fundamentais do desempenho destes sistemas:
os níveis, em volume e mix, de estoques de matérias-primas, produtos em processo e produtos acabados;
os níveis de utilização e de variação da capacidade produtiva (e, consequentemente, os custos financeiros e organizacionais decorrentes de ociosidade, hora extra, demissão, contratação, subcontratação e outros);
o nível de atendimento à demanda dos clientes, considerando a disponibilidade dos produtos
em termos de quantidades e prazos de entrega;
a competência quanto à reprogramação da produção, abordando a forma como a empresa
reage às mudanças não previstas nos seus recursos de produção e na demanda dos clientes.
Estes determinantes podem ser desdobrados em objetivos de desempenho específicos para o
Sistema de PPCP . Estes objetivos - apresentados a seguir - podem ter maior ou menor importância relativa conforme a situação competitiva específica tratada, bem como apresentar relações de desempenho negativas ou positivas - ou seja, gestões para a melhoria no desempenho de determinado desempenho repercutem negativamente ou positivamente no desempenho do outro:
manter o nível mínimo desejável de estoque de matérias-primas;
manter o nível mínimo desejável de estoque de produtos em processo;
manter o nível mínimo desejável de estoque de produtos acabados;
atingir o nível adequado de utilização da capacidade produtiva;
manter um nível adequado de variação da capacidade produtiva;
atingir o nível adequado de atendimento à demanda; e reprogramar a produção na ocorrência de mudanças não previstas nos recursos produtivos ou na demanda, considerando o timing adequado e a consistência em relação aos demais objetivos de desempenho do sistema.
desempenho do sistema de PPCP, por outro lado, impacta diretamente o desempenho da manufatura, caracterizado pelos seguintes objetivos de desempenho:
custo, que diz respeito à capacidade de a empresa fabricar produtos com alta eficiência na utilização dos recursos produtivos; qualidade, que refere-se a fazer produtos de acordo com as especificações (qualidade no processo) e que atendam às necessidades e expectativas dos clientes (qualidade no projeto);
velocidade, que está relacionado à habilidade da empresa em entregar produtos mais rapidamente do que a concorrência;
pontualidade, que representa a capacidade de a empresa cumprir os prazos de entrega prometidos ao cliente;
flexibilidade, que conceitua-se como a habilidade de a manufatura adapatar-se com eficácia e eficiência às mudanças não planejadas nos seus ambientes interno e externo.
O conceito de sistema de programação da produção com capacidade finita
As decisões do sistema de PPCP ocorrem em diferentes horizontes de tempo e períodos de replanejamento, bem como consideram diferentes níveis de agregação da informação. Estas decisões podem ser classificadas em três níveis - planejamento de longo, médio e curto prazo e controle. Este conceito está relacionado ao denominado planejamento hierárquico da produção, uma metodologia que propõe decompor o problema do planejamento da produção de larga escala em sub-problemas menores, resolvendo-os sequencialmente - do maior horizonte de tempo para o menor - e iterativamente - as decisões nas hierarquias superiores são restrições aos problemas seguintes, bem como são realimentadas por estes. Desta forma, as decisões relacionadas aos três níveis e à função controle estão intrinsecamente inter-relacionadas, o que implica que um sistema de PPCP deve ser projetado considerando este conjunto de decisões, bem como a importância relativa de cada nível de decisão dentro do contexto particular da cada empresa. A programação da produção aborda o planejamento de curto prazo. Basicamente, a programação da produção consiste em decidir quais atividades produtivas ou ordens de trabalho devem ser realizadas, quando momento de início ou prioridade na fila e com quais recursos (matérias-primas, máquinas, operadores, ferramentas, entre outros para atender à demanda, informada ou através das decisões do plano mestre de produção ou diretamente da carteira de pedidos dos clientes. Este conjunto de decisões é dos mais complexos dentro da área de administração da produção. Isto se deve principalmente ao volume de diferentes variáveis envolvidas e sua capacidade de influenciar os diferentes e conflitantes objetivos de desempenho do Sistema de PPCP. Assim, as decisões decorrentes da programação da produção se tornam um problema combinatório de tal ordem que soluções intuitivas são inadequadas pelas limitações humanas de administrar informações.
O impacto resultante da implantação de um sistema de programação da produção com capacidade finita
O resultado da implantação de um sistema de programação da produção com capacidade finita está intrinsicamente relacionado a três fatores fundamentais:
a) adequação atual e futura deste sistema em relação ao ambiente da empresa, que envolve, entre outros:
a efetiva necessidade da empresa em gerenciar sua capacidade de forma detalhada. Há casos em que a capacidade produtiva pode não ser um fator restritivo para a gestão da empresa no curto prazo; pode-se citar como exemplo as empresas que atuam com excesso de capacidade para atender os clientes assim que estes solicitarem - bastando, para tanto, a utilização sistemática da regra FIFO;
o alinhamento à política de planejamento da produção da empresa. Basicamente, estes sistemas são importantes para apoiar a geração de programas de produção às empresas que utilizam a política de produção sob encomenda e programas de montagem naquelas que realizam a montagem final sob encomenda, principalmente naquelas empresas onde a demanda é pouco previsível. Por outro lado, estes sistemas também podem apoiar a definição do plano mestre de produção, que é de fundamental importância na definição dos níveis de estoque de produtos acabados (em empresas que fabricam para estoque) e dos níveis de semi-acabados (nos casos de empresas que utilizam a política de montagem sob encomenda), particularmente em ambientes onde a demanda é variável;
a complexidade das decisões no âmbito da programação da produção. Deve-se considerar que algumas empresas ‘criam’ a necessidade de decisões complexas para a programação da
produção, seja, por exemplo, por falta de foco ou por apresentar um processo produtivo não estável; assim, cabe avaliar se o sistema deve ser realmente implantado para gerenciar esta
complexidade ou se a operação pode ser simplificada.
b) escolha de um sistema que atenda as necessidades e particularidades da empresa, que
compreende:
a definição conceitual do sistema, considerando a adequação à empresa e determinando as
decisões a serem apoiadas pelo sistema - por exemplo: geração do plano mestre de produção,
dos programas de produção e de montagem, gestão das matérias-primas e do ferramental - e a
integração destas decisões ao sistema de PPCP da empresa;
a escolha dentre os diversos sistema disponíveis no mercado (ou, eventualmente, do
desenvolvimento de um específico para a empresa), abrangendo o alinhamento deste em relação ao sistema definido conceitualmente, a verificação da forma como o sistema aborda as
particularidades relevantes da empresa - por exemplo: roteiros alternativos em máquinas com
velocidades e sequências de operação diferentes, tempos de set up dependentes da operação
anterior, mão-de-obra com diferentes graus de qualificação e experiência, a avaliação do grau de capacitação e confiabilidade do fornecedor deste, bem como a consideração de eventuais restrições internas (por exemplo: nível de investimento disponível, as especificações de hardware e de software previamente adotadas pela empresa).
c) metodologia de implantação, que deve considerar principalmente:
o envolvimento dos recursos humanos, considerando o comprometimento da alta administração e a participação das pessoas corretas nas etapas necessárias de todas as fases de implantação do projeto;
o treinamento, que envolve a definição das necessidades de treinamento - tanto conceitual quanto prático - e a efetivação adequada deste;
a gestão do projeto, abrangendo o dimensionamento dos recursos, o cronograma, o controle e, eventualmente, a reprogramação das fases de implantação.
Assim, a correta definição conceitual, a escolha dentre os sistemas disponíveis e efetiva implantação de um sistema de programação da produção com capacidade finita, integrada às demais decisões do sistema de PPCP, pode capacitar a empresa a melhorar o desempenho em:
custos: relacionados à utilização e variação da capacidade produtiva - o que pode resultar em um aumento da capacidade produtiva disponível -, e à manutenção dos níveis de estoques de matérias-primas, em processo e de produtos acabados, adequados à política de planejamento da produção da empresa;
velocidade de entrega: que diz respeito à redução dos tempos de atravessamento e consequentemente, à diminuição dos tempos de entrega percebidos pelos clientes;
pontualidade nos prazos de entrega acordados: referentes à melhoria da definição dos prazos
junto aos clientes (ao menos, considerando a negociação sob a ótica da programação da produção) e cumprimento destes;
flexibilidade de volume e de entrega: que está relacionada ao aumento da habilidade da empresa em se adaptar às mudanças não-previstas na demanda e nos recursos produtivos, bem como a não contribuir na deterioração do desempenho em qualidade do produto em processos não-estáveis. Por outro lado, a implantação destes sistemas exige investimentos
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