Políticas Sociais E Padrão De Mudanças No Brasil Durante O Governo Lula / Social Policies And Changing Patterns In Brazil During The Lula Government
Exames: Políticas Sociais E Padrão De Mudanças No Brasil Durante O Governo Lula / Social Policies And Changing Patterns In Brazil During The Lula Government. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: KarinneNunis • 16/3/2015 • 1.305 Palavras (6 Páginas) • 564 Visualizações
Resumo: Este artigo ressalta as principais inflexões observadas
na trajetória recente da mudança social do país por meio de três
partes. A primeira busca localizar no governo Lula os sinais de
retomada do projeto nacional de desenvolvimento apoiados na
política social, enquanto a segunda parte descreve brevemente os
padrões de mudança social dos últimos cinquenta anos no Brasil.
A última parte apresenta as principais características recentes da
mudança social.
Palavras-chave: Governo Lula. Política Social. Desigualdade
Social.
Abstract: This article highlights the main inflections observed
in the recent history of social change the country through three
parts. The first seeks to locate in Lula signs of resumption of the
national project supported development of social policy, while
the second part briefly describes the patterns of social change
over the last fifty years in Brazil. The last part presents the main
features of recent social change.
Key words: Lula government. Social Policy. Social Inequality.
O último ciclo de expansão produtiva no Brasil durou cinco
décadas (1930 a 1980), estabelecendo à economia social um papel
* Professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia
do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas. Presidente do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA).
SER Social, Brasília, v. 13, n. 28, p. 12-40, jan./jun. 2011
Políticas sociais e padrão de mudanças no Brasil durante o governo Lula
Social Policies and changing patterns in Brazil during the Lula government 13
secundário e subordinado às decisões de gastos dos setores privado
e público. Naquela época predominou a máxima governamental
de atribuir à dinâmica do rápido crescimento econômico a própria
responsabilidade pela trajetória da distribuição da renda, o que
deixava, por consequência, papel residual e estreito ao avanço da
autonomia relativa do gasto social.
Somente com a Constituição Federal de 1988, responsável
pela consolidação dos grandes complexos do Estado de Bem-Estar
Social no Brasil, especialmente no âmbito da seguridade social
(saúde, previdência e assistência social), que o gasto social como
proporção do Produto Interno Bruto (PIB) passou a crescer,
salvo o seu congelamento relativo durante a década de 1990
conduzido pelas políticas neoliberais. Nos dias de hoje, o gasto
social agregado equivale a cerca de 23% do PIB, ou seja, quase 10
pontos percentuais a mais do verificado em 1985 (13,3%). Noutras
palavras, constata-se que a cada quatro reais gastos no País, um
real encontra-se vinculado diretamente à economia social. Se for
contabilizado também o seu efeito multiplicador (elasticidade de
1,8) pode-se estimar que quase a metade de toda a produção de
riqueza nacional relaciona-se direta e indiretamente à dinâmica
da economia social. Essa novidade na composição da dinâmica
econômica puxada pelo gasto social impõe diferenças significativas
com outras fases de expansão produtiva.
O impacto econômico do avanço do Estado de Bem-Estar
Social no Brasil ainda não tem sido adequada e plenamente
percebido. Tanto assim que continua a se manifestar constantemente
a perspectiva liberal-conservadora que considera o gasto social
secundário, quase sempre associado ao paternalismo de governantes
e, por isso, passível de corte. A relevância do novo papel da
economia social no País pode ser percebida pelos resultados de
queda na desigualdade da renda do trabalho e nas taxas de pobreza
absoluta e extrema. Tanto assim, que, em 2016, o Brasil pode
romper com uma das marcas do subdesenvolvimento: a superação
SER Social, Brasília, v. 13, n. 28, p. 12-40, jan./jun. 2011
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da pobreza extrema. Disso deriva o fato de o rendimento atual
das famílias depender, em média, de quase 1/5 das transferências
monetárias derivadas das políticas previdenciárias e assistenciais
da seguridade social brasileira. Antes da Constituição Federal de
1988, as famílias não chegavam a deter, em média, 10% dos seus
rendimentos das transferências monetárias.
Os segmentos de menor rendimento foram os mais
beneficiados pela constituição do Estado de Bem-Estar Social, uma
vez que, em 2008, a base da pirâmide social (10% mais pobres)
tinha 25% do seu rendimento dependente das transferências
monetárias,
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