Projeto De Educação
Dissertações: Projeto De Educação. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: robertanisei123 • 26/5/2014 • 8.442 Palavras (34 Páginas) • 201 Visualizações
TRABALHO PEDAGÓGICO: CONCEITO CENTRAL NO TRATO DO CONHECIMENTO DA
PESQUISA EM EDUCAÇÃO
Giovanni Frizzo
gfrizzo2@ig.com.br
Resumo:
O objetivo deste artigo é aprofundar o conceito de trabalho pedagógico enquanto
referência para a pesquisa em educação, bem como sob quais bases científicas
(epistemológicas) e filosóficas (gnoseológicas e ontológicas) estabelecem este como
um conceito central no trato com o conhecimento da escola na atual realidade da
educação brasileira inserida no modo de produção capitalista. Esta concepção de
trabalho pedagógico parte de uma perspectiva de ciência entendida como um
produto social histórico, um fenômeno em contínua evolução, incluída no movimento
das formações sociais e determinadas pelos interesses e conflitos sociais na qual se
produz.
INTRODUÇÃO
A literatura sobre a temática do trabalho pedagógico não tem oferecido
aportes seguros para a análise dos processos mais recentes de mudanças sociais, o
que justifica a necessidade de investigações que procurem contemplar a difícil
articulação entre a macro-realidade dos sistemas educacionais e o cotidiano escolar.
Acredito que para problematizar a formação de professores e o trabalho pedagógico
é necessário compreender os modos de produção da existência e o funcionamento
da sociedade, analisando criticamente a educação considerando a crise mais geral
do modo de produção capitalista. Nesta crise, cada vez mais se define um projeto de
mundialização da educação impregnada do viés privatista da empregabilidade.
O objetivo deste artigo é aprofundar o conceito de trabalho pedagógico
enquanto referência para a pesquisa em educação física, bem como sob quais
bases científicas (epistemológicas) e filosóficas (gnoseológicas e ontológicas)
estabelecem este como um conceito central no trato com o conhecimento da escola
na atual realidade da educação brasileira inserida no modo de produção capitalista.
Para apontarmos os questionamentos sobre a realidade do trabalho
pedagógico no modo de produção capitalista, se faz necessário discutirmos os
fundamentos filosóficos que regem os modelos teóricos do trabalho na tentativa de
apreensão de seu caráter ontológico.
A noção de trabalho que conhecemos hoje é relativamente recente e nasce
com a revolução industrial. O trabalho artesanal nas sociedades pré-capitalistas não
era separado da vida familiar, da religião e do lazer. Com o nascimento da fábrica e
a exploração da classe operária pelos proprietários dos meios de produção, o ritmo e
a intensidade do trabalhoi só conheciam o limite da exaustão do trabalhador. A
atividade econômica tornou-se uma busca incansável pelo lucro. O processo de
trabalho é uma condição da existência humana, comum a todas as formas de
sociedade: onde, o trabalho (atividade produtiva), é responsável pela mediação do
homem com a natureza. Mas para ver como os diferentes homens se relacionam
entre si no processo de trabalho, precisamos analisar as relações sociais dentro das
quais esse processo ocorre. No processo capitalista de trabalho, os meios de
produção são comprados no mercado pelo capitalista. O mesmo acontecendo com a
força de trabalho, onde o capitalista consome esta força de trabalho fazendo com
que os trabalhadores consumam os meios de produção através do seu trabalho.
Sendo que, os produtos resultantes são propriedade do dono dos meios de
produção e não dos produtores imediatos.
Pode-se dizer que para os economistas clássicos – David Ricardo, Adam
Smith - a relação do trabalhador com o objeto de trabalho era uma relação de
transformação do objeto pelo sujeito, sendo que este não se modificava pelo
trabalho. Marx, contudo, mostrou que o processo de trabalho transforma
dialeticamente não apenas o objeto, mas também o trabalhador, assim como suas
condições de trabalho. Trabalho, portanto, não é simplesmente transformar um
objeto em alguma outra coisa – outro objeto – é envolver-se numa práxis em que o
trabalhador também se transforma por seu trabalho.
“(...) o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza,
processo em que o ser humano com sua própria ação impulsiona, regula e
controla seu intercâmbio material com a natureza como uma de suas forças.
(...) atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo
tempo modifica sua própria natureza. (MARX, 2006, p. 134)”.
Mas o uso da força de trabalho é a própria atividade vital do trabalhador, a
manifestação de sua própria vida, e ele vende essa atividade a outra pessoa para
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