Questão Social

Historicamente, a questão social surge na sociedade capitalista no século XIX, por volta de 1830, na Europa Ocidental. O seu surgimento está vinculado à grande transformação pela qual passava a sociedade naquele momento, com as grandes transformações sociais, políticas e econômicas vindas da revolução industrial.

Portanto, a questão social reflete conforme análise de Cerqueira Filho "o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs ao mundo, no curso da constituição da sociedade capitalista" (apud Cardoso, 2000, p.80). É evidente que, essa questão esta conjunta deste seu surgimento com o conflito e a contradição existente entre o capital e o trabalho.

"O desenvolvimento capitalista produz compulsoriamente, a "questão social" - diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da "questão social"; esta não é uma sequela adjetiva ou transitória do capital: sua existência e suas manifestações são indissociáveis da dinâmica específica do capital tornado potência social dominante. A "questão social" é constitutiva do desenvolvimento do capitalismo"( NETTO, 2000, p.45 ).

Lembrando que, em seus primórdios em fins do séc. XVIII e meados do séc. XIX, a questão social era entendida sob a visão da pobreza da população, mas a medida em que, há o aumento das desigualdades, das contradições inerentes ao sistema capitalista e que a classe operária desencadeia lutas como forma de ser reconhecida em seus direitos relativos principalmente ao trabalho, essa questão passa a ser vista como algo mais contundente nas relações de produção e acumulação do capital.

"Foram as lutas sociais que romperam o domínio privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública, exigindo a interferência do estado para o reconhecimento e a legalização de direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos" ( IAMAMOTO, 2000, p. 54).

A questão social enquanto fenômeno histórico vai se complexificando de acordo com as diferentes conjunturas, o que não significa dizer que estamos diante de uma "nova questão social" como sustenta alguns estudiosos.