Reestruturaçao Produtiva E Geopolitica
Ensaios: Reestruturaçao Produtiva E Geopolitica. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: vinicius9507 • 7/10/2013 • 7.917 Palavras (32 Páginas) • 831 Visualizações
TEMA 7 - REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E GEOPOLÍTICA
7.1 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TOYOTISMO
7.2 GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO
7.3 A GLOBALIZAÇÃO E A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL
7.4 REFLEXOS POLÍTICO-INSTITUCIONAIS, ECONÔMICOS E SOCIAIS DA GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL
7.1 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TOYOTISMO
A crise do modelo de produção taylorista/fordista e a emergência do toyotismo
Márcia Naiar Cerdote Pedroso
“O mundo atual parece, mais do que nunca, um mundo convulsionado. Profundas transformações tecnológicas revolucionam o modo de produzir nossa vida material, com enormes implicações sobre a organização da produção e do trabalho; nossos modos de vida e de organização social são violentamente modificados”. (Márcia de Paula Leite).
Nos últimos anos, particularmente a partir da década de 1970, o mundo passou a presenciar uma crise do sistema de produção capitalista. Após um período próspero de acumulação de capitais, o auge do fordismo e do keynesianismo das décadas de 1950 e 1960, o capital passou a dar sinais de um quadro crítico, que pode ser observado por alguns elementos como: a tendência decrescente da taxa de lucro decorrente do excesso de produção; o esgotamento do padrão de acumulação taylorista/fordista de produção; a desvalorização do dólar, indicando a falência do acordo de Bretton Woods; a crise do Welfare State ou do “Estado de Bem-Estar Social”; a intensificação das lutas sociais (com greves, manifestações de rua) e a crise do petróleo que foi um fator que deu forte impulso a esta crise.
Esta “crise estrutural do capital” impulsionou, principalmente nos anos 1980 e 1990, uma gama de transformações sócio-históricas que afetam das mais diversas formas a estrutura social. Nestas condições o sistema capitalista vai buscar várias formas de restabelecer o padrão de acumulação. Neste sentido é que se insere a implementação de um amplo processo de reestruturação do capital, com vistas a recuperar o seu ciclo produtivo, o que afetou fortemente o mundo do trabalho, promovendo alterações importantes na forma de organização da classe dos trabalhadores assalariados.
Neste contexto, o modelo de produção taylorista/fordista, que vigorou na grande indústria ao longo do século XX, particularmente a partir da segunda década, mostra-se em decadência. Harvey (2002) salienta que a base do método de produção de F. W. Taylor e Henry Ford era a separação entre gerência, concepção, controle e execução. O que havia em especial em Ford e que em última análise distingue o fordismo do taylorismo era o seu reconhecimento explícito de que produção em massa significava consumo em massa, um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, em suma, um novo tipo de sociedade democrática e racionalizada. Em muitos aspectos, as inovações de Ford eram mera extensão de tendências bem-estabelecidas, ele fez pouco mais do que racionalizar velhas tecnologias e uma detalhada divisão do trabalho pré-existente.
Ford lançou as bases de um sistema em que os próprios trabalhadores – até então vistos como mão-de-obra a ser usada no limite de suas potencialidades – deveriam ser considerados também como consumidores. Assim, em síntese, podemos afirmar que o sistema taylorista/fordista caracteriza-se pelo: padrão de produção em massa, objetivando reduzir os custos de produção, bem como ampliar o mercado consumidor; produção homogeneizada e enormemente verticalizada obedecendo à uniformidade e padronização, onde o trabalho é rotinizado, disciplinado e repetitivo; parcelamento das tarefas, o que conduzirá o trabalho operário à desqualificação.
Em linhas gerais, nos anos 70 se evidenciou a crise do fordismo norte-americano. E as mobilizações que haviam movimentado as instituições de poder desde o final da década de 60, rebelando-se contra aquele padrão de trabalho e de vida não conseguiram impor alternativa. Nesta medida, o enfraquecimento da resistência dos trabalhadores foi um fator importante para abrir caminho ao movimento do capital. Desta forma, os desdobramentos da crise da década de 70 englobam mudanças fundamentais, que se tornam evidentes com o esgotamento do padrão fordista. Nas palavras de Antunes:
Como resposta à sua própria crise, iniciou-se um processo de reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político de dominação, cujos contornos mais evidentes foram o advento do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatal, da qual a era Thatcher-Reagan foi expressão mais forte; a isso se seguiu também um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumental necessário para tentar repor os patamares de expansão anteriores (Antunes, 2002, p. 31).
Neste momento inicia-se uma mutação no interior do padrão de acumulação, visando alternativas que dessem um novo dinamismo ao processo produtivo que dava sinais de esgotamento. O capital iniciou um processo de reorganização de suas formas de dominação, não só reorganizando em termos capitalistas de produção, mas também buscando a gestão da recuperação de sua hegemonia nas diversas esferas da sociabilidade .
Intensificam-se as transformações no processo produtivo, através do avanço tecnológico, da constituição de formas de acumulação flexível e dos modelos alternativos ao binômio taylorismo/fordismo, no qual se destaca especialmente o modelo toyotista ou modelo japonês. O toyotismo assume e desenvolve novas práticas gerenciais e empregatícias tais como just in time/kanban , controle de qualidade total e engajamento estimulado. Elas surgem como uma nova via de racionalização do trabalho, centradas na produção enxuta (também denominada lean production), adequadas a uma nova ordem do capitalismo mundial.
Na observação de Chesnais (1996, p. 35), “em cada fábrica e em cada oficina, o princípio de ‘lean production’, isto é, sem ‘gordura de pessoal’ tornou-se a interpretação dominante do modelo ‘ohnista’ japonês de organização do trabalho”. No final das últimas décadas o toyotismo assume uma posição de objetivação universal tornando a flexibilidade num valor universal para o capital.
De acordo com Alves (2000), as condições originárias do toyotismo partem da lógica do “mercado restrito”, surgindo sob a égide do capitalismo
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