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Resenha “Olhar e ser visto: produção autoral negra no espelho da arte brasileira“.

Por:   •  20/2/2020  •  Resenha  •  1.631 Palavras (7 Páginas)  •  288 Visualizações

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Instituto Federal de Brasília[pic 1]

Campus Riacho Fundo

Pós-Graduação em Ensino de Humanidades e Linguagens

GABRIELA APARECIDA SILVA DE LIMA

Resenha Crítica: “Olhar e ser visto: produção autoral negra no espelho da arte brasileira“.

Brasília

2019


GABRIELA APARECIDA SILVA DE LIMA

Resenha Crítica: “Olhar e ser visto: produção autoral negra no espelho da arte brasileira“.

Trabalho apresentado ao curso de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades e Linguagens do Campus Riacho Fundo do Instituto Federal de Brasília como requisito parcial para aprovação na disciplina de Histórias e Culturas Africanas e Afrobrasileiras.

                          Orientadora: Profª. Dra. Edilene Américo Silva                                                  

Brasília

2019

 Olhar e ser visto: Produção autoral negra no espelho da arte brasileira.

Culturas Africanas e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para professores, fazeres para os alunos: religiosidade, musicalidade, identidades e artes visuais/ organização Renata Felinto. – Belo Horizinte, MG.

No artigo Olhar e ser visto: produção autoral negra no espelho da arte brasileira, os autores, Janaína Barros e Wagner Leite discorrem sobre a dificuldade de definir uma arte afro-brasileira, tendo em vista a distinção dos percursos utilizados pelos artistas. Eles discorrem ainda, sobre o papel do produtor de arte que insere em seu objeto não apenas um valor plástico, material, mas traz para sua arte também os valores ideológicos.

 O corpo é tido como uma forma de produção social, histórica e cultural que se encontra presente na arte dos afro-descendentes. Assim, a origem da obra de arte se liga à ideia do corpo como forma de produção de procedimentos de materialidade artística e na construção de poéticas com caráter identitário. Os artistas Rubem Valentim, Mestre Didi, Yêdamaria e Rosana Paulino seguem essa direção e são responsáveis pela ideia de construção de um “corpo-memória”. Dessa forma, teremos um corpo mítico representado por Yêdamaria, com Mestre Didi um corpo voltado para o sagrado, corpo emblema com Valentim e por fim, um corpo histórico/ feminino com Rosana Paulino.

O artigo está dividido em três tópicos, o primeiro, intitulado Silmbologia e corporeidade na mítica da produção afro-brasileira de Mestre Didi e Rubem Valentim, o segundo que trata dos temas abordados nas artes de Rosana Paulino e Yêdamaria, que tem como título Corpo e contemporaneidade: duas poéticas femininas e ancestrais nas obras de Rosana Paulino e Yêdamaria. O terceiro e último tópico chama-se O contexto de uma produção autoral negra na arte contemporânea.

Em a Simbologia e corporeidade na mítica da produção afro-brasileira de Mestre Didi e Rubem Valentim, nos são apresentadas as obras desses dois artistas. Rubem Valentim se caracteriza por apresentar em sua arte uma vertente construtivista, enquanto o Mestre Didi traz uma vertente mitológica. Embora apontem para vertentes diferentes Janaína Barros afirma que há semelhanças  entre eles “As obras de Mestre Didi e Rubem Valentim demonstram similitudes dentro de uma compreensão de mundo africana por traduções poéticas e vias diferentes através do aspecto religioso e da mitologia”  Viana (2008)

Mestre Didi, desde pequeno esteve inserido nas práticas do Candomblé, assim recriou em suas obras objetos que pertenciam aos ritos com enfoque plástico. Ele retoma sua história trazendo o universo existencial africano. A simbologia dos Orixás encontram-se presentes em suas artes “(...) representada nas cores como meio de corporificar os princípios-poderes de cada um deles no uso dos materiais e na relação do mundo visível e invisível”. (VIANA 2008). Para ele, o artista deve conferir á arte um conceito de corpo, sendo esse um corpo social. É o ator social que fará a identificação dentro de uma comunidade  e que por meio da unicidade permitirá que esse se torne portador de uma identidade.

Rubem Valentim, por sua vez, nos traz um abstracionismo geométrico. Os instrumentos pertencentes às entidades são reconstruídos e retraduzidos e privados das próprias virtudes originárias. Para ele, os rituais da Umbanda, resumem a formação da cultura brasileira e traduzindo tais valores na constituição de sua visualidade. As formas plásticas de Rubem eram inspiradas na tradição europeia , mesclando a sua africanicidade aos conteúdos eruditos internacionais. Assim temos que:

Os símbolos presentes na mitologia dos orixás revivificados na obra de Mestre Didi e Rubem Valentim com suas diferenciações enquanto processo, o primeiro , como experiência iniciática, transcende o plano litúrgico fazendo parte da vertente mitológica nas artes e o outro geometriza  e poetiza as formas vivas da cultura afro-brasileira remetendo a estruturas totêmicas (construtivista). Propõe-se aqui uma discussão sobre o fazer artístico numa cultura de caráter popular que não é cristalizada renova-se nas elaborações conscientes e inconscientes de uma coletividade revitalizadas nas suas crenças. O homem vinculado ao espaço cósmico e as raízes que é a essência e a compreensão de sua existência. (VIANA, Janaína. 2008, p. 85).

Ou seja, para os artistas, os símbolos agem como criadores de formas artísticas que são evidenciadas pela sacralidade na vida e funcionam como resumo de um universo estético-litúrgico.

No segundo tópico, são apresentadas as artes de Yêdamaria e Rosana Paulino. Yêdamaria traz para a sua obra a questão da sua ancestralidade africana. Ela traz ainda temas como a condição da mulher negra e a construção de uma identidade étnica, social entre outras formadas numa construção visual. Dessa forma, imagem e texto trazem questões da existência. Uma questão importante que ela coloca Qual seria essa corporalidade, dada a condição da artista de mulher dada a condição de mulher e negra? E ela explica que se trata de um corpo social que está baseado em valores que já foram colocados em instituições como família, casamento e filhos.

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