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Resumo Artigo Química Nova

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Por:   •  25/10/2014  •  4.190 Palavras (17 Páginas)  •  652 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios de ensino e pesquisa no Brasil começou a ser amplamente discutido nos anos de 1990, sendo de vital importância para as grandes instituições geradoras, incluindo as Universidades.

A ausência de um órgão fiscalizador, a falta de visão e o descarte inadequado levaram muitas Universidades a poluir o meio ambiente, promover o desperdício de material e arcar com o mau gerenciamento dos produtos sintetizados ou manipulados. Houve realmente um tempo onde os resíduos eram jogados na pia dos laboratórios sem preocupação sequer com a segurança do aluno. Dentro desse contexto, diversas Instituições Federais, Estaduais e Particulares no Brasil1-7 vêm buscando gerenciar e tratar seus resíduos de forma a diminuir o impacto causado ao meio ambiente, criando também um novo hábito a fazer parte da consciência profissional e do senso crítico dos alunos, funcionários e professores. Por exemplo, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)2 indicou que o impacto do programa de gerenciamento foi observado no comportamento de todos esses segmentos, que se mostraram entusiasmados por estarem contribuindo para a redução de danos ao meio ambiente.

A implementação5 de um programa de gestão de resíduos exige antes de tudo mudança de atitudes e, por isto, é uma atividade que traz resultados a médio e longo prazo, além de requerer a reeducação e uma persistência contínuas. Portanto, além da Instituição, disposta a implementar e sustentar o programa, o aspecto humano é muito importante, pois o êxito depende muito da colaboração de todos os membros da unidade geradora.

Este programa deve contemplar dois tipos de resíduos: o ativo (gerado continuamente nas atividades rotineiras na unidade geradora) e o passivo, que compreende todo aquele resíduo estocado, comumente não-caracterizado (frasco sem rótulo). A caracterização desse passivo nem sempre é possível, embora algumas vezes seja possível chegar a seu conteúdo através de testes de identificação8-9. Este passivo também tende a diminuir ou mesmo a acabar com a implementação do processo de rotulagem e identificação adequadas. Os resíduos gerados em atividades do laboratório de ensino podem ser facilmente caracterizados, inventariados e gerenciados, servindo mesmo para finalidades didáticas. Na UFRGS2 tem-se tratado resíduos de laboratório de graduação, onde o produto da recuperação vem sendo utilizado novamente nos experimentos. A partir dos laboratórios de ensino a gestão de resíduos pode envolver os laboratórios de pesquisa, onde os resíduos possuem uma maior diversidade quanto à natureza e à quantidade.

Alguns aspectos devem ser levados em consideração, os quais facilitam e ajudam no gerenciamento dos resíduos1,5,11:

1) prevenir a geração dos mesmos, modificando ou substituindo o experimento por outro menos impactante;

2) minimizar a proporção de resíduos perigosos que são inevitavelmente gerados, através da utilização de pequenos volumes; o trabalho em microescala, além de gerar pouco resíduo, pode ainda diminuir os custos com reagentes a curto e longo prazo, embora algum investimento com vidraria de tamanho pequeno deva ser realizado3,9,12;

3) segregar e concentrar correntes de resíduos de modo a tornar viável e economicamente possível a atividade gerenciadora. A segregação dos resíduos facilita muito o trabalho, independentemente se o destino final é a incineração, o reuso ou a reciclagem2,3. Se existe uma separação dos resíduos por classes ou tipos, é possível tratá-los através de reações entre si8. Por exemplo, um resíduo contendo sulfeto pode ser usado para tratamento de um outro contendo metais pesados; assim não é consumido nenhum reagente para precipitar os metais e nenhum oxidante para tratar os sulfetos;

4) reciclar o componente material ou energético do resíduo. Embora exista um custo maior, pois é necessária a adição de reagentes ou o consumo energético, muitas vezes tal processo é bastante interessante. Um exemplo clássico é a reutilização de solventes orgânicos após tratamento e destilação dos mesmos;

5) tratar o resíduo da forma mais adequada possível, estocando pelo menor tempo possível;

6) dispor o resíduo de maneira segura.

O Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ), consciente da necessidade de instruir o futuro profissional químico acerca dos problemas relativos ao meio ambiente, incluindo a questão da geração, tratamento e destino final dos resíduos químicos e outros assuntos correlatos, vem tomando diversas medidas nesse sentido. Em 1998, foi criada a disciplina "Tratamento de Resíduos Químicos de Laboratório", estruturada em visitas a indústrias químicas, palestras com especialistas na área, trabalhos inicial e final da disciplina e práticas de laboratório. No ano seguinte, foi criada a comissão de segurança, multidepartamental. Dentre outras atuações, destacam-se a elaboração de um manual de segurança e a remoção do passivo ambiental, correspondendo ao envio para incineração dos resíduos estocados nas dependências do Instituto, em alguns casos há mais de 30 anos. As Semanas de Química, organizadas pelos alunos do IQ/UFRJ, sempre dedicam um espaço para a realização de cursos de segurança em laboratório. Coletas seletivas de resíduos já são rotina nos laboratórios das disciplinas experimentais de todos os Departamentos. É cada vez mais notória no corpo discente a preocupação com o descarte indiscriminado de lixo ou de resíduos tóxicos de laboratórios ou de indústrias químicas. Todos já sabem que os resíduos químicos causam grandes problemas ambientais, levando à poluição de águas e solos por formas hidrossolúveis, contendo metais pesados tóxicos, bem como compostos cancerígenos, tais como sais de níquel(II), cromo(VI), compostos aromáticos, etc.

A partir de uma proposta de coleta diferenciada, a finalidade básica deste trabalho foi o desenvolvimento de rotinas de tratamento dos resíduos gerados em várias disciplinas experimentais de formação básica oferecidas pelo IQ/UFRJ, com vistas a atingir os seguintes objetivos: (a) recuperar (e reutilizar) elementos de interesse, com grau de pureza adequado; (b) obter rotas seguras de descarte de sólidos inservíveis (incinerar ou dispor em aterros para materiais perigosos [classe I]); c) obter efluentes líquidos neutralizados, isentos de metais pesados e espécies tóxicas que possam ser descartados na pia do laboratório. O material de trabalho corresponde a volumes gerados por 150 alunos em 4 disciplinas durante 2 anos e meio

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