Rugby na escola
Por: B.A RIBEIRO DOS SANTOS • 5/12/2015 • Monografia • 15.880 Palavras (64 Páginas) • 201 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
A Educação Física pode ser definida como um instrumento da educação integral, ao qual aparecem os aspectos cognitivos, afetivos, sociais e motores de acordo com as características e peculiaridades culturais e regionais da população. Além disso, incluem-se conceitos de qualidade de vida, estimulando o aluno a conhecer e administrar sua saúde (SANTOS e LIMA, 2007). Segundo Moreira (2004) a Educação Física só se justifica na escola se puder realizar um projeto integrado com as demais disciplinas, almejando desenvolver a consciência sobre a experiência humana e autonomia, por meio de práticas corporais. De forma que a Educação Física não deve possibilitar exclusivamente o desenvolvimento motor, mesmo porque, não é aceitável o fato de que somente três aulas semanais sejam suficientes para potencializar o desenvolvimento motor. É incontestável que todas as disciplinas devam ensinar o aluno a viver em sociedade. A escola e a Educação Física devem ser vistas como uma prática primordial para o desenvolvimento do indivíduo num ambiente humano, cultural e social. O ato motor está inicialmente condicionado pela personalidade do jovem, nas dimensões motora, afetiva e cognitiva (TEIXEIRA VAZ, 2000). Pelas suas possibilidades de desenvolver a dimensão psicomotora, principalmente em escolares, conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais cognitivos e social, é de grande importância no ensino. Há um consenso entre todas as concepções educativas segundo o qual a Educação Física, através de atividades sócio psicomotoras constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na interação entre, o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo, promovendo a totalidade dessas pessoas. De acordo com SENS e MOLINARI (2003), a Educação Física, como ação psicomotora e por meio da educação psicomotora, incentiva a prática do movimento em todo o transcurso de existência do ser humano. Tal concepção fundamenta-se Nos conceitos da educação permanente, como uma nova forma de evento educativo que atualmente tende a revolucionar os sistemas educacionais de todo o mundo. A Educação Física diversifica-se em função das relações sociais, das ideias morais, das capacidades e da maneira de ser de cada um, além de seus valores; educa o movimento, ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções da inteligência. A partir dessa posição, pode-se ver a relação intrínseca das funções motoras e cognitivas, e que, pela sua afetividade, encaminha o movimento. Neste contexto, inclui-se o rúgbi como meio de aprendizagem e como ferramenta para desenvolver suas vastas potencialidades. Dessa forma destacam-se também outros esportes coletivos que, se adaptados à nossa realidade escolar pode ser um diferencial no desenvolvimento psicomotor dos alunos. Uma grande variedade de possibilidades pode ser apresentada pela Educação Física escolar, fundamentadas por diversas correntes pedagógicas e procedimentos metodológicos. Este texto utiliza-se do rúgbi para uma fundamentação de uma pedagogia para a Educação Física na escola, através de referências que estruturem e apresentem o esporte como o fenômeno de múltiplas possibilidades que é. Faz-se necessário esclarecer os propósitos do estudo do esporte neste meio. De acordo com o site oficial dos clubes Rugby, o rúgbi é um esporte coletivo com contato físico que passa a imagem de força, garra, técnica, superação de limites e vitória, o que o torna um grande atrativo. O ambiente que envolve as partidas é de muita alegria e amizade O jogo é baseado em dois princípios primários, comuns a muitos outros esportes que envolvem uma bola: o time que está com a posse da bola procura marcar pontos, e o que está sem a bola procura readquiri-la, para que possa atacar e marcar os seus pontos. E a rivalidade nunca sai das quatro linhas para fora do campo. Leve-se em consideração que o rúgbi, quando utilizado no meio escolar, não se deve utilizar do contato físico direto entre os alunos (conhecido como tackle). Existe o contato, porém, controlado e supervisionando pelo professor, sempre com suas características de companheirismo e respeito aos colegas. Além disso, a Educação Física escolar deve preocupar-se com a formação integral do aluno, o que nos leva ao objetivo do presente estudo, que vem a ser apresentar metodologias baseadas no rúgbi, que aprimorem o desenvolvimento psicomotor na escolar.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Histórias do Rugby
O esporte esteve presente em diversas civilizações e em diferentes momentos ao longo da história. Na antiga Grécia existia um jogo com bola, chamado “harpaston”, cujo objetivo era transportar uma bola feita de couro de animais para um local delimitado. Esse jogo é visto como a origem de outros jogos, praticados por toda a Europa ao longo do Império Romano e mais tarde, durante a Idade Média.
Na Inglaterra, as regras foram modificadas durante os anos, influenciando no surgimento de um esporte que mais tarde seria muito popular em todo mundo, o football (futebol) (ANTUNES, 1992; DUARTE, 2000). Na cidade de Rugby, dentro de uma universidade de mesmo nome, o football foi interpretado de uma maneira distinta de outros locais da Inglaterra, resultando em uma variação do esporte, que passou a ser conhecido como rugby football, e mais tarde apenas rugby (GARCIA, 1964).
O esporte, apesar de ainda pouco difundido no Brasil, é hoje uma das modalidades com maior número de praticantes espalhados pelo mundo, em especial entre ex-colônias britânicas. Países com maior tradição no esporte movimentam milhares de pessoas em função de eventos e partidas de rugby. Recentemente reincorporada ao programa Olímpico, a modalidade fará sua reestreia nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, com a expectativa de superar públicos de esportes mais tradicionais e conhecidos pelos brasileiros.
Tradicionalmente amador, o esporte foi visto durante muitos anos como um esporte elitista, mas como o passar do tempo foi se tornando muito popular em alguns países da Oceania, Europa e África. Em 1995, a entidade máxima do esporte passou a permitir o profissionalismo, até aquele momento proibido, ocasionando um enorme crescimento no número de praticantes, público e clubes de rugby pelo mundo.
No Brasil, o rugby teve mesmas raízes que o futebol. Inicialmente, foi trazido por marinheiros ingleses e teve sua difusão relacionada a um personagem em comum, Charles William Miller, que mais tarde seria conhecido como o pai do futebol brasileiro. Restrito em um primeiro momento a alguns membros da elite brasileira e principalmente à juventude inglesa que vivia no Brasil, o rugby começou a ser jogado nesse país nos últimos anos do século XIX (MAZZONI, 1950; NOGUEIRA, 2007).
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