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Por:   •  16/5/2014  •  Projeto de pesquisa  •  905 Palavras (4 Páginas)  •  151 Visualizações

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1. Introdução

Na epigrafe em tela temos a metáfora arquitetural do poder nas sociedades modernas, tal como imaginaram o jurista inglês Jeremy Bentham e o filósofo francês Michel Foucault. O Panóptico foi o modelo prenunciador das instituições disciplinares, ovo de Colombo da política, como dirá Foucault, pois ele expressava a utopia de uma sociedade e de um tipo de poder que é, no fundo, a sociedade que atualmente vivemos – “utopia que efetivamente se realizou”.

Desde então, o poder e o tipo de sociedade onde ele se exerce passou a ser denominado de “panoptismo”, esquema do olhar que exerce uma vigilância que é ao mesmo tempo global e individualizante, onde o “anteparo da escuridão” é substituído por uma “visibilidade isolante”, onde o jogo de olhares inaugura um tipo de poder que se exerce “por transparência”, uma dominação que se faz como que por “iluminação”.

A utilização da imagem do panóptico como uma metáfora que expressa o que há de essencial no poder é apenas um exemplo, dentre tantos, do efeito impactante e inovador da obra de Foucault em nossa forma de compreender a sociedade moderna.

Desde os primeiros escritos na década de sessenta, até os últimos textos nos anos oitenta do século passado, cada obra publicada por Michel Foucault nos causou estranhamento, nos desconcertou e, em muitos casos, nos irritou. Afinal ele abalou nossas firmes convicções sobre a verdade, a ciência, a história e o poder. Desconstruindo os fundamentos metafísicos das categorias centrais da modernidade, como razão, verdade, poder, identidade, sujeito, totalidade, significado, real, origem, seus escritos foram reconhecidos como um movimento conceitual posto em curso para contestar os principais mitos fundadores do mundo moderno.

Em cada livro, ele renovou, revolucionou e surpreendeu o leitor. Inicialmente, Foucault defendeu a tese de que só no século XIX a loucura foi transformada pela psiquiatria em doença mental; em seguida, demonstrou que o nascimento da clínica só ocorreu a partir da articulação da medicina com a anatomia patológica e o hospital; depois, explicitou as condições de possibilidade das ciências humanas, mostrando ser o homem uma invenção recente no campo do saber; mais recentemente, revelou a prisão como instituição da modernidade que tem como objetivos recuperar os criminosos e criar um tipo específico de delinqüente; por último, a questão da sexualidade, vista como um dispositivo da confissão e da penitência, sob a forma do interrogatório médico, sob a forma de práticas pedagógicas, psiquiátricas ou jurídicas, ou ainda sob a forma do diálogo psicanalítico.

A obra de Foucault é, pois, demolidora, uma vez que destrona os fundamentos ontológicos e gnoseológicos sobre os quais se ergue a modernidade. Primeiro, por reconhecer que toda época tem seus modos de reconhecer a verdade. Segundo, por situar a verdade como produto de relações de saber e poder, isto é, o conhecimento estando sempre ligado a alguma forma de poder. A ciência, para ele, é sempre uma instrumentação do poder. Como costumava afirmar, os discursos de verdade, formas de racionalidade, efeitos de conhecimento e ciência acabam por nos “dizer”, por nos constituir como sujeitos. Terceiro, por desconsiderar qualquer idéia de algum tipo de missão salvadora implícita nas filosofias humanistas e naquelas que recorrem à totalidade. Isto fica evidente em seus escritos quando ataca qualquer noção de que houvesse uma metalinguagem, uma metanarrativa ou metateoria mediante as quais todas as coisas pudessem

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