Serviço Social
Trabalho Escolar: Serviço Social. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rosiani • 11/6/2013 • 3.929 Palavras (16 Páginas) • 375 Visualizações
2 OServiço Social nos anos80: as tendências históricas e teórico metodológicas
dodebate profissional
É, sobretudo com Iamamoto (1982) no início dos anos 80 que a teoria social de
Marx inicia sua efetiva interlocução com a profissão. Como matriz teórico‐
metodológica esta teoria apreende o ser social a partir de mediações. Ou seja, parte da
posição de que a natureza relacional do ser social não é percebida em sua
imediaticidade. "Isso porque, a estrutura de nossa sociedade, ao mesmo tempo em que
põe o ser social como ser de relações, no mesmo instante e pelo mesmo processo,
oculta a natureza dessas relações ao observador" (NETTO, 1995) Ou seja, as relações
sociais são sempre mediatizadas por situações, instituições etc, que ao mesmo tempo
revelam/ocultam as relações sociais imediatas. Por isso nesta matriz o ponto de
partida é aceitar fatos, dados como indicadores, como sinais, mas não como
fundamentos últimos do horizonte analítico. Trata‐se, portanto de um conhecimento
que não é manipulador e que apreende dialéticamente a realidade em seu movimento
contraditório. Movimento no qual e através do qual se engendram, como totalidade, as
relações sociais que configuram a sociedade capitalista.
É no âmbito da adoção do marxismo como referência analítica, que se torna
hegemônica no Serviço Social no país, a abordagem da profissão como componente da organização da sociedade inserida na dinâmica das relações sociais participando do
processo de reprodução dessas relações (cf. IAMAMOTO, 1982).
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Este referencial, a partir dos anos 80 e avançando nos anos 90, vai imprimir
direção ao pensamento e à ação do Serviço Social no país. Vai permear as ações
voltadas à formação de assistentes sociais na sociedade brasileira (o currículo de
1982 e as atuais diretrizes curriculares); os eventos acadêmicos e aqueles resultantes
da experiência associativa dos profissionais, como suas Convenções, Congressos,
Encontros e Seminários; está presente na regulamentação legal do exercício
profissional e em seu Código de Ética. Sob sua influência ganha visibilidade um novo
momento e uma nova qualidade no processo de recriação da profissão na busca de sua
ruptura com seu histórico conservadorismo (cf. NETTO, 1996, p. 111) e no avanço da
produção de conhecimentos, nos quais a tradição marxista aparece hegemonicamente
como uma das referências básicas. Nesta tradição o Serviço Social vai apropriar‐se a
partir dos anos 80 do pensamento de Antonio Gramsci e particularmente de suas
abordagens acerca do Estado, da sociedade civil, do mundo dos valores, da ideologia,
da hegemonia, da subjetividade e da cultura das classes subalternas. Vai chegar a
Agnes Heller e à sua problematização do cotidiano, à Georg Lukács e à sua ontologia
do ser social fundada no trabalho, à E.P. Thompson e à sua concepção acerca das
"experiências humanas", à Eric Hobsbawm um dos mais importantes historiadores
marxistas da contemporaneidade e a tantos outros cujos pensamentos começam a
permear nossas produções teóricas, nossas reflexões e posicionamentos
ideopolíticos.
Obviamente, este processo de construção da hegemonia de novos referenciais
teórico‐metodológicos e interventivos, a partir da tradição marxista, para a profissão
ocorre em um amplo debate em diferentes fóruns de natureza acadêmica e/ou
organizativa, além de permear a produção intelectual da área. Trata‐se de um debate
plural, que implica na convivência e no diálogo de diferentes tendências, mas que supõe uma direção hegemonica. A questão do pluralismo, sem dúvida uma das
questões do tempo presente, desde aos anos 80 vem‐se constituindo objeto de
polêmicas e reflexões do Serviço Social. Temática complexa que constitui como afirma
Coutinho (1991, p. 5 ‐15) um fenômeno do mundo moderno e da visão individualista
do homem. É o autor em questão que problematiza a proposta de hegemonia com
pluralismo, no necessário diálogo e no debate de idéias, apontando os riscos de
posicionamentos ecléticos (que conciliam o inconciliável ao apoiarem‐se em
pensamentos divergentes).
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Assim, em diferentes espaços, o conjunto de tendências teórico‐metodológicas e
posições ideopolíticas se confrontam, sendo inegável a centralidade assumida pela
tradiç o marxista nesse processo. ã
Este debate se expressa na significativa produção teórica do Serviço Social
brasileiro, que vem gerando uma
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