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Social ao econômico

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Por:   •  27/8/2013  •  Tese  •  4.965 Palavras (20 Páginas)  •  301 Visualizações

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fraude, pois tenta esconder a contradição entre a finitude dos recursos natuTrajetória da sustentabilidade:

do ambiental ao social,

do social ao econômico

Elimar PinhEiro do nascimEnto

Introdução

noção de sustentabilidade tem duas origens. A primeira, na biologia,

A

por meio da ecologia. Refere-se à capacidade de recuperação e reprodu-

ção dos ecossistemas (resiliência) em face de agressões antrópicas (uso

abusivo dos recursos naturais, desflorestamento, fogo etc.) ou naturais (terremoto, tsunami, fogo etc.). A segunda, na economia, como adjetivo do desenvolvimento, em face da percepção crescente ao longo do século XX de que o

padrão de produção e consumo em expansão no mundo, sobretudo no último

quarto desse século, não tem possibilidade de perdurar. Ergue-se, assim, a noção

de sustentabilidade sobre a percepção da finitude dos recursos naturais e sua

gradativa e perigosa depleção.

Nos embates ocorridos nas reuniões de Estocolmo (1972) e Rio (1992),

nasce a noção de que o desenvolvimento tem, além de um cerceamento ambiental, uma dimensão social. Nessa, está contida a ideia de que a pobreza é provocadora de agressões ambientais e, por isso, a sustentabilidade deve contemplar a

equidade social e a qualidade de vida dessa geração e das próximas. A solidariedade com as próximas gerações introduz, de forma transversal, a dimensão ética.

O relatório Brundtland (1987) abriu um imenso debate na academia sobre

o significado de desenvolvimento sustentável. Pearce et al. (1989) mostravam

uma quantidade razoável de definições. Hoje, há um verdadeiro mar de literatura que aborda o tema das maneiras mais diversas (Wackermann, 2008).

Defendemos em outro texto (Nascimento & Costa, 2010), presente também em Nobre & Amazonas (2002), que o Desenvolvimento Sustentável (DS) se

tornou um campo de disputa, no sentido utilizado por Bourdieu, com múltiplos

discursos que ora se opõem, ora se complementam. O domínio da polissemia é a

expressão maior desse campo de forças, que passa a condicionar posições e medidas

de governos, empresários, políticos, movimentos sociais e organismos multilaterais.

Na academia, o debate e as interpretações não poderiam deixar de se fazer presentes. Como exemplo, Redclift (1987) considera o Desenvolvimento

Sustentável (DS) uma ideia poderosa, enquanto Richardson (1997) chama-o de

estudos avançados 26 (74), 2012 51

rais e o caráter desenvolvimentista da sociedade industrial. Já O’Riordan (1993),

apoiado por Dryzeh (1997), é de opinião que o DS traz em si a ambiguidade de

conceitos, como os de justiça e democracia, e que não por isso eles deixam de ser

relevantes. Por sua vez, Baudin (2009) vai concebê-lo como uma nova ideologia.

No Brasil, Machado (2005) defende que o DS é um discurso, conforme

a proposição de Foucault; enquanto Nobre & Amazonas (2002) afirmam que

é um conceito político-normativo, noção que já estava presente no Relatório

Brundtland. Veiga (2010), no entanto, fará uma defesa interessante – de que se

trata antes de tudo de um novo valor. Na sua assimilação pela sociedade, encontra-se a possibilidade da adoção de medidas que venham efetivamente a mudar

o rumo do desenvolvimento, levando-o da jaula do crescimento econômico material para a liberdade do desenvolvimento humano, enquanto ampliação das

oportunidades (Sen, 2000).

As questões que orientaram a construção deste texto foram as seguintes:

em que consiste a sustentabilidade, entendida como um adjetivo do desenvolvimento? Qual a sua trajetória, natureza e implicações para a sociedade atual?

Onde se encontra o centro de sua concepção?

Assim, o texto está dividido em quatro partes. Na primeira, desenham-se,

de forma sucinta, as origens e o contexto do surgimento da noção da sustentabilidade, transformada em Desenvolvimento Sustentável (DS) por meio dos

embates na arena internacional. Na segunda, examina-se a questão das dimensões do desenvolvimento sustentável mostrando os limites de uma compreensão

restrita a três – ambiental, econômica e social. Na terceira, são apresentadas

pistas sobre a relevância, hoje, da sustentabilidade. Na quarta, analisam-se três

respostas, atualmente em construção, à crise ambiental. Conclui-se indagando

sobre as mudanças na trajetória da noção de desenvolvimento sustentável.

Origens e contexto

A ideia de sustentabilidade ganha corpo e expressão política na adjetivação

do termo desenvolvimento, fruto da percepção de uma crise ambiental global.

Essa percepção percorreu um longo caminho até a estruturação atual, cujas origens mais recentes estão plantadas na década de 1950, quando pela primeira vez

a humanidade percebe a existência de um risco ambiental global: a poluição nuclear.

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