Síntese Reflexiva Interdisciplinar "As Tranças De Bintou

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo explicitar uma síntese reflexiva estabelecendo relações teóricas e metodológicas entre o texto “Uma Abordagem Integrada da Aprendizagem” e a obra literária “As Tranças de Bintou”, em articulação com as disciplinas do eixo curricular Artes e Música, Alfabetização, Matemática e Natureza e Sociedade na Educação Infantil. Propondo atividades de caráter interdisciplinar entre as disciplinas referidas acima.

Busca-se ampliar a capacidade reflexiva em relação às práticas pedagógicas com caráter interdisciplinar integrando conhecimentos científicos às áreas do conhecimento que integram a organização do processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil. E nessa perspectiva aprimora-se práticas pedagógicas, nos quais as propostas de trabalho contemplam as diferentes áreas de conhecimento sob um enfoque interdisciplinar, dessa forma, rompendo com paradigmas ultrapassados e cristalizados de disciplinas fragmentadas e sem sentido, resignificando-os de modo que sejam contextualizados e promova uma aprendizagem significativa aos educando.

2. SÍNTESE REFLEXIVA

O texto “Uma abordagem integrada da aprendizagem” aborda a necessidade do profissional docente em propor atividades articuladas entre experiências cientificas e áreas do conhecimento do eixo curricular, de maneira que elas promovam as conexões com conceitos já existentes e estejam contextualizadas às vivências das crianças.

Todas essas experiências científicas que envolvem as experiências com alimentos, movimento criativo, atividades matemáticas, com elos de literatura, músicas, dramatizações, saídas de campo dentre outras, abrangem as inteligências múltiplas identificadas por Gardner. Como todas as crianças têm suas singularidades na assimilação do conhecimento diferente um do outro, essa abordagem integrada inclui várias áreas do conhecimento que são imprescindíveis para que ocorra uma aprendizagem significativa.

Todas as ações pedagógicas devem ser direcionadas e intencionais, aliando teoria à prática, assim como se refere o texto “Uma abordagem integrada da aprendizagem” à medida que enriquecemos a variedade de conexões e relações entre diferentes estilos de aprendizagem, associação e aplicação de informações, as crianças formam vias neurológicas mais sofisticadas em seus cérebros, aumentando a retenção de conceitos, dessa forma promovendo o desenvolvimento global da criança e rompendo com os paradigmas cristalizados de ensino de disciplinas fragmentadas.

O Livro “As Tranças de Bintou” conta a estória que aconteceu em uma comunidade do continente africano e relata sobre uma menina que não gostava do penteado (birotes) em seu cabelo e desejava muito ter tranças como a de sua irmã mais velha. Percebe-se que essa literatura oferece uma enorme variedade de possibilidades na realização um trabalho bem planejado e integrado aos conteúdos apresentados no RCNEI. Vários nomes típicos da África, desconhecidos dos brasileiros são listados na história, oferecendo oportunidade de trabalhar com os nomes das crianças e os significados dos mesmos A obra literária “As tranças de Bintou” apresenta uma relação bem próxima das nossas raízes históricas e culturais, sendo uma ótima proposta para se trabalhar relações históricas com o povo africano, sua tradição, cultura, crenças e valores que influenciaram na pluralidade cultural encontrada no povo brasileiro, além de trabalhar a diversidade, a valorização da identidade, autoestima, respeito às diferenças e socialização. Conforme trata o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCN, 1998, p.77):

[...] pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, valores etc. que caracterizam a população brasileira... portadora de um vasto repertorio que se constitui em material rico e farto para o exercício do dialogo, aprendizagem com a diferença, a não discriminação e a atitudes não preconceituosas [...]

As propostas didático-pedagógicas devem ser pautadas em atitudes que possibilitem uma construção positiva da identidade racial, abordando aspectos culturais e históricos apresentados pelo continente africano e brasileiro, rompendo assim as barreiras do preconceito e desrespeito a diversidade. Concordo com Romão (2003) onde chama atenção para os educadores da necessidade de desenvolver uma educação anti-racista:

A olhar alunos que descendem de africanos, o professor comprometido com o combate ao racismo devera buscar conhecimentos sobre a história e cultura desde alunos e de seus antecedentes. E ao fazê-lo, buscar compreender os preconceitos embutidos em sua postura, linguagem e prática escolar; reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural da educação (ROMÃO, 2003 p.20)

As crianças conhecem o mundo por meio da atividade física, sensorial e afetiva. Elas atribuem os primeiros significados, e constrói explicações subjetivas e individuais para os fenômenos, demonstra grande curiosidade diante de comportamentos de animais e observa os astros como a lua, sol e as estrelas, essa característica é vista em Bintou quando ela relata que o sol a segue, sendo uma ótima oportunidade de se trabalhar temas voltados para a natureza, sustentabilidade e valorização do meio ambiente e sua preservação. Essa história permite abordar elementos da identidade das crianças passando pelas diferentes fases da vida, desde a infância, juventude até a idade mais avançada, acerca das características, possibilidades e limites das mesmas, além de comparações das culturas entre os povos, exemplo, aqui no Brasil não há essa proibição em usar tranças, mas na comunidade onde Bintou mora, ela precisa ter idade certa para fazer o penteado que tanto sonha.

Assim como a pesquisa cientifica depende de perguntas e dos “porquês”, faz-se necessário que o professor incentive os alunos a questionarem a serem críticos e reflexivos na busca pelo conhecimento. Podemos perceber essa busca pelo conhecimento, embora seja espontâneo e informal, presente na pequena Bintou, onde ela não se conforma em ter apenas “birotes” em sua cabeça, e busca uma resposta, é ai que entra o papel da avó, considerada detentora do saber por ter vivido mais, e explica o “porque” dela não poder usar tranças segundo cultura e tradição de seu povo e lhe dá um presente de seus sonhos, os enfeites coloridos. Existem outros rituais e tradição onde o cabelo é uma referência, como é vista na cerimônia de batismo do seu irmão, onde o recém-nascido tem a cabeça raspada e é apresentado a todos.

Nessa perspectiva propomos algumas atividades a partir da história “As