Síntese de “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom”
Por: Gabriela Teixeira • 15/8/2022 • Resenha • 676 Palavras (3 Páginas) • 174 Visualizações
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA (FACAPE)
Ana Gabriela Teixeira Rocha
Ana Luisa da Silva Borges
Rohama Gomes Vieira
Síntese de “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom”
PETROLINA-PE
2022
O filme "Os Delírios de consumo de Becky Bloom", lançado em 2019, conta a história de uma jovem jornalista- Rebecca Bloom- que não consegue controlar os seus hábitos consumistas. A protagonista cai em um ciclo vicioso e compulsivo, comprometendo a sua situação financeira e suas relações interpessoais.
Os efeitos da Industrial cultural- termo cunhado pelos sociólogos da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer- são explicitamente abordados na trama. Com o advento da comunicação de massa, a exemplo do rádio, televisão, fotografia e cinema, a indústria de consumo ganhou uma aliada, visto que a propaganda fomentou os desejos de compra, fazendo com que as pessoas passassem a ter necessidade de coisas que elas nem mesmo sabiam que precisavam. Segundo Adorno, o capitalismo provoca uma necessidade de compra ilusória e essa ilusão traz satisfação pessoal. Tal ideal é visto no filme, quando Rebecca começa a descrever como ela se sente quando compra algo: "o prazer que você sente quando compra [...] não é a melhor sensação do mundo?"
A personagem é a típica figura que retrata muito bem como o consumismo age, fazendo dela um produto de divulgação, atrelada a ação condicionada pela massa e também influenciada pelos indivíduos vinculados ao sistema, fazendo dela uma eterna refém desse método.
Vale ressaltar, a maneira como a personagem mente compulsivamente, relacionada a ação social em relação a fins, já que ela via na mentira uma forma de justificar suas intenções para alcançar seus objetivos. Esse comportamento só reforça que Becky não consegue se desprender de suas manias consumistas, prejudicando até seus relacionamentos.
A massificação cultural fez com que padrões e estereótipos fossem estabelecidos. A sociedade tem então a sua individualidade e subjetividade obliteradas, tendo em vista o anseio para se enquadrar nos moldes e ser aceito pelos demais. O conceito de moda foi criado pela camada burguesa que, pretendendo se distinguir de outras classes e objetivando comercializar seus produtos em larga escala, difundiu a ideia na sociedade. No decorrer do filme, a protagonista fica constantemente à procura de roupas e acessórios que estão na moda, mesmo possuindo uma quantidade exorbitante dessas coisas que, entretanto, estão ultrapassadas. A moda foi uma manobra da indústria para determinar o prazo de validade de bens duráveis, a fim de manter a procura incessante.
Somado a isso, tem-se o prazer proporcionado pela indústria, que mitiga o senso crítico dos consumidores, desarticulando qualquer intervenção no sistema. Segundo o sociólogo Antônio Álvaro Soares Zuin, a pseudoindividualidade é o resultado de um processo social, cuja principal característica é a massificação dos indivíduos, através da lógica da mercadoria, apagando, assim, a capacidade crítica individual. Ademais, a satisfação através da compra gera uma dependência emocional nos consumidores. Ao ser questionada por Luke Brandon (jornalista de economia e finanças, que a ajudará a entender sua relação com o consumo) do porquê comprar tanto, Becky Bloom diz que o mundo fica melhor quando ela compra e depois deixa de ser, então ela compra novamente. Essa mudança repentina de visão de mundo vai ser chamada por Max Weber de "atraso da satisfação", algo apenas momentâneo, já que a cultura de consumo exige desejos insaciáveis ao mesmo tempo que instiga a procura pela satisfação. A aquisição de bens é reconfortante e serve de anestesia para os problemas do dia a dia, o que é perigoso, já que pode gerar compulsão e possivelmente um transtorno, denominado Oniomania (preocupação excessiva e perda de controle sobre o ato de comprar).
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