Tcc " Crianças Com Dificiencia "
Artigo: Tcc " Crianças Com Dificiencia ". Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 13/3/2014 • 6.474 Palavras (26 Páginas) • 887 Visualizações
FALC – Faculdade da Aldeia de Carapicuíba
Alphaplus Educacional
JOSIANE CRISTINA GIROTTO
COMO LIDAR COM INCLUSÃO EM SALA DE AULA
LEME
2013
FALC – Faculdade da Aldeia de Carapicuíba
Alphaplus Educacional
JOSIANE CRISTINA GIROTTO
COMO LIDAR COM INCLUSÃO EM SALA DE AULA
Monografia apresentada como exigência do curso de Pós-Graduação para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia, sob orientação do Professor Orientador João Tomaz de Oliveira.
LEME
2013
COMO LIDAR COM INCLUSÃO EM SALA DE AULA
JOSIANE CRISTINA GIROTTO
APROVADA EM _____/______/_______
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.
COORDENADOR (a)
Prof. JOÃO TOMAZ DE OLIVEIRA
PROFESSOR
Prof. Ms. _________________________________
SUPLENTE
EPÍGRAFE
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise [...] [...]Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um.
Fernando Pessoa
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade da vida. Agradeço à Ele pelo Seu imenso amor, misericórdia, graça e pela Sua fidelidade dispensada à nós a cada dia.
Agradeço à minha família que de uma forma muito especial me conduziu até aqui, dando-me as bases necessárias para alcançar felicidade e sucesso durante a vida. A nossa união permanecerá inabalável por toda a vida. Amo muito vocês.
Às minhas amigas inseparáveis que de uma forma muito ativa deram um toque especial aos nossos quatro anos de faculdade. Saudades e lembranças inesquecíveis ficarão de uma amizade verdadeira.
Aos professores e a todos, que de forma indireta colaboraram para a conclusão de mais uma etapa de minha vida! Muito obrigada!
DEDICATORIA
Este trabalho é dedicado especialmente a todas as crianças autistas que, de forma silenciosa e, até muitas vezes geniais, nos mostram um lado inexplorado do ser humano.
RESUMO
O trabalho com autistas tem sido pouco explorado na sociedade e carece de informações para o auxílio dos professores em âmbito escolar. Os autistas fazem parte do grupo de pessoas portadoras de deficiências, exigindo assim uma educação especial e inclusiva para a promoção de seu desenvolvimento. Sabe-se que atualmente, os autistas não têm recebido a atenção necessária e devida e por isso, o seu desenvolvimento e inserção na sociedade se mostram tão longe do ideal e esperado. Tendo em vista tais aspectos, o enfoque principal deste trabalho é proporcionar informações claras e objetivas acerca do autismo, visando por meio de pesquisa bibliográfica. Também nos parece claro que é de competência do professor e dos órgãos responsáveis pela educação a busca e a oferta por cursos de formação continuada em serviço, uma vez que ainda em quantidade pequena, estes alunos já se fazem presentes nas salas de aula.
Palavras chave: autismo; distúrbio do desenvolvimento.
ABSTRACT
Working with autistic has been little explored in society and lacks information to aid teachers in the school. Autistics are part of the group of persons with disabilities, thus requiring special education and inclusive to promote its development. It is known that currently, autistics have not received the necessary attention and proper and therefore, its development and integration into society show so far from ideal and expected. Considering these aspects, the main focus of this work is to provide clear and objective information about autism, aimed by means of literature. It also seems clear that it is the responsibility of the teacher and the bodies responsible for education provision and the search for continuing education courses in service, since even in small quantity, these students are already present in the classroom.
Keywords: autism, developmental disorder.
SUMÁRIO
Introdução ............................................................................................. 10
Capitulo I – O termo conceitual ............................................................. 11
Capitulo II – Classificação do Autista .................................................... 14
Capitulo III – Causas e sintomas do Autismo ....................................... 16
Capitulo IV – O diagnóstico de um Autista ........................................... 19
Capitulo V – O tratamento de um Autista ............................................. 20
5.1- Tratamentos alternativos ...................................................... 20
5.2- Tratamentos com medicamentos ......................................... 24
Capitulo VI – A educação de Autistas ................................................... 26
6.1- O papel da escola ................................................................. 26
6.2- O papel dos pais ................................................................... 29
Considerações Finais ........................................................................... 30
Referencial Bibliográfico ....................................................................... 31
INTRODUÇÃO
Em face aos muitos problemas que vem surgindo envolvendo a inclusão, faz-se necessário e importante termos uma visão mais ampla e aprofundada a respeito de crianças Autistas ou Síndrome de Asperger como vem sendo tratada atualmente, porém num grau menos profundo que o autismo.
Veremos quais suas características, diagnostico e tratamento, bem como as famílias, a escola e a própria sociedade podem se beneficiar de um estudo mais aprofundado a respeito deste assunto.
Num segundo momento abordarão alguns pontos chave sobre estratégias e meios de se trabalhar com crianças em sala de aula. Visto ser este o enfoque do estudo.
Este trabalho tem como objetivo definir tal patologia, tentando esclarecer um pouco mais sobre esse assunto, e enfatizar o papel do profissional que acompanha crianças cuja aprendizagem ainda não ganhou sentido na família/comunidade em que vive, revelando que a ele está reservada, muitas vezes, a incumbência de transformar, por meio de sua atividade social e educativa, essas crianças em falantes da língua, criando espaço para a constituição de sua subjetividade.
Capítulo I – O termo conceitual
São muitos os estudiosos que procuram explicações para as causas e consequências do Autismo.
O autismo é definido pela Organização Mundial de Saúde como um distúrbio do desenvolvimento, sem cura e severamente incapacitante. Sua incidência é de cinco casos em cada 10.000 nascimentos caso se adote um critério de classificação rigoroso, e três vezes maior se considerarmos casos correlatados, isto é, que necessitem do mesmo tipo de atendimento. (MANTOAN, 1997, p. 13).
Os estudos a respeito do autismo começaram, com Leo Kanner, um psiquiatra americano que, em 1942, descreveu por meio de um artigo, a condição de 11 crianças consideradas especiais, abordando o autismo sob o nome "distúrbios autísticos do contato afetivo". Assim, ele parte do pressuposto de que este quadro se caracteriza por um autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia. Kanner também observou que os sintomas surgiram muito precocemente (desde o nascimento), sugerindo até que as crianças autistas poderiam ter um bom potencial cognitivo e até mesmo certas habilidades especiais, como uma memória mecânica (BOSA, 2000).
Com o passar dos anos, porém, ficou provado que essas crianças apresentavam apenas uma das manifestações de autismo. Na verdade, as dificuldades do autista variam em grau e intensidade e o comprometimento pode ser muito grave e estar associado à deficiência mental, ou tão leve que o portador do transtorno consegue levar uma vida próxima do normal.
Podia-se observar que as crianças autistas sofreriam de uma incapacidade inata de se relacionarem emocionalmente com outras pessoas, é o que mostram pesquisas relacionadas ao tema, pois como podemos perceber o autismo se origina de uma disfunção primária do sistema afetivo, ou seja, uma inabilidade inata básica para interagir emocionalmente com os outros, o que levaria a uma falha no reconhecimento de estados mentais e a um prejuízo na habilidade para abstrair e simbolizar. Dessa forma, o ‘retraimento’ apresentado pelos autistas tem sido explicado em termos de um estado crônico de excitação ou atos vistos como evitação do olhar, reações negativas e retraimento da interação social, como mecanismos para controlar o excesso de estimulação.
Ritvo e Feedman (1978), que dizem que o autismo é uma inadequação no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave durante toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete mais o sexo masculino que o feminino e não tem uma frequência maior quanto à condição sócio – cultural, de raça e etnia. É uma síndrome inata que se manifesta até os 36 meses de idade e repercute de forma global no desenvolvimento do indivíduo, interferindo de forma determinante, nas áreas que dizem respeito à comunicação, interação, socialização, comportamento geral e aprendizagem.
Schwartzman (1994) também acredita que se possa referir-se a um espectro das manifestações autísticas, uma vez que podemos encontrar quadros em que o grau de severidade é muito variável, apesar de certas características comuns (sempre envolvendo as áreas da comunicação e linguagem, interação social e jogo simbólico).
Para a Organização Mundial da Saúde (CID10,1992) o autismo é classificado como uma “desordem abrangente do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes da idade de três anos e pelo tipo de funcionamento caracterizado por déficits qualitativos na interação social recíproca e nos padrões de comunicação e por repertórios de atividades e interesses restritos, repetitivos e estereotipados” ( APARJ,1998).
Com o passar do tempo, outros pesquisadores também foram desenvolvendo seus estudos partindo da concepção de Kanner com algumas alterações, como por exemplo, relacionando o autismo a um déficit cognitivo, considerando-o não uma psicose e sim um distúrbio do desenvolvimento. Essa ideia do déficit cognitivo vem sendo reforçada por muitos estudiosos até os dias atuais.
Alguns pesquisadores chegaram a fazer um experimento no qual, crianças com autismo, eram comparadas a outras, relacionadas como grupos de controle, enquanto desenvolviam certa atividade e, como resultados, as crianças autistas apresentaram dificuldades e deficiências no aprendizado correto para chegar ao fim desejado, demonstrando assim maior insistência na estratégia incorreta e demonstrando um déficit maior na capacidade de planejamento para atingir uma meta (BOSA, 2000).
A partir dos anos sessenta, as investigações sobre o autismo demonstraram uma forte característica na deficiência no desenvolvimento dos mundos simbólico e imaginativo, que em sua maioria é acompanhada de uma deficiência também mental. Neste momento, partindo da ideia inicial de Kanner de “um bom potencial cognitivo”, o autismo começou a ser compreendida não como uma psicose semelhante à esquizofrenia adulta, mas sim como um “distúrbio profundo do desenvolvimento” (COLL et al, 1995).
Dentre as características apresentadas pelo autista podemos relacionar algumas atitudes quanto à:
1- Incapacidade de estabelecer relações
- Falta de resposta e interesse pelas pessoas.
- Fracasso na vinculação com pessoas.
- Problemas de contato visual.
- Respostas faciais expressivas pobres.
- Indiferença ou aversão ao afeto e contato físico.
- Fracasso no desenvolvimento de amizades.
2- Deterioração da comunicação
- Possível falta de linguagem.
- Estrutura linguística imatura (caso haja linguagem).
- Inversão de pronomes.
- Afasia nominal.
- Falta de termos abstratos.
- Linguagem metafórica.
- Ecolalia imediata ou demorada.
- Entonação anormal.
- Comunicação não verbal inapropriada.
3- Respostas estranhas ao meio
- Resistência a pequenas mudanças ambientais.
- Vinculação excessiva a certos objetos.
- Comportamentos rituais.
- Fascinação por objetos giratórios.
- Interesse anormal por certos objetos.
Capítulo II – Classificação do Autista
Segundo Schwartzman, atualmente, costuma-se dizer que não há autismo. Existe um espectro de desordens autísticas, em que aparecem as mesmas dificuldades em graus de comprometimento variáveis. Há o indivíduo portador das características citadas em grande proporção e com deficiência mental grave; o grupo com o tipo de autismo descrito pelo médico austríaco Leo Kanner que tem comprometimento moderado e os indivíduos com a Síndrome de Asperger (Hans Asperger foi o médico que a descreveu), que são autistas com linguagem e intelecto preservados.
Para entender melhor o neuropsiquiatra nos dá um exemplo de cada uma das modalidades citadas acima. São elas:
Primeiro grupo é o autista grave, aquele que aparece em propagandas das instituições que cuidam dessas pessoas. São crianças isoladas, que não falam e repetem movimentos estereotipados permanentemente, ou ficam girando em torno de si mesmas. Como não são sensíveis à comunicação, não respondem quando se fala com elas, não interagem com o outro e têm, em geral, deficiência mental importante.
Ao segundo grupo pertencem os autistas que chamamos de clássicos. Esses falam, mas não se comunicam. São capazes de repetir fora do contexto uma frase inteira que ouviram num programa de televisão na noite anterior. No entanto, se lhe perguntarmos quantos anos têm ou qual é o seu nome, não respondem. Isso mostra que ouvem e podem falar, mas não usam a fala com ferramenta de comunicação. Esses têm também dificuldade de compreensão. Embora possam entender enunciados simples, apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não compreendem as metáforas nem o duplo sentido. Se você disser “muito bem”, não são capazes de perceber que, na língua portuguesa, essa expressão pode significar tanto “muito bem” quanto “muito mal”. Autistas clássicos são voltados para si mesmos e têm ligação muito pobre com o ambiente. Não olham nos olhos dos outros, não entendem pistas sociais.
No terceiro grupo, estão os portadores da Síndrome de Asperger, que apresentam as mesmas dificuldades dos outros, mas numa medida bem reduzida. São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam. Vi na televisão uma criança portadora dessa síndrome que costuma ser apresentada como uma das maiores autoridades mundiais em animais pré-históricos. O garoto sabe tudo sobre dinossauros. De onde vieram, o tipo de DNA, o que comiam, onde viveram. Entretanto, se lhe fizermos uma pergunta simples – Quantas pessoas vivem na sua casa? -, ele se comporta como se estivéssemos falando grego.
Estabelecer a diferença entre superdotados e portadores da síndrome de Asperger em crianças pequenas é quase impossível. Há um menino em Manaus que sabe de cor o mapa cartográfico da cidade. Desenha todas as ruas, coloca o nome das lojas e o número dos telefones, mas não consegue ser alfabetizado na escola.
Capítulo III- Causas e Sintomas do Autismo
Os sintomas do autismo podem ser observados pelos pais antes dos três anos de idade pois a criança autista tem características muito especificas e pode apresentar alguns comportamentos estranhos. Os sintomas do autismo são:
Resistencia a métodos normais de ensino;
Falar pouco ou não falar apesar de saber falar;
Não olhar nos olhos;
Risos e gargalhadas inadequadas e fora de hora;
Ausência de medo perante situações perigosas;
Brincadeiras estranhas;
Não gostar de carinhos;
Aparentemente não tem dor;
Crises de choro ou de angustia sem razão aparente;
Dificuldade em relacionar-se com outras crianças;
Não gostar de mudanças;
Busca pelo isolamento;
Repetir sempre as mesmas coisas, brincar sempre com os mesmos brinquedos;
Não responde pelo nome e ignora as pessoas como se fosse surdo, mas não é.
Segundo José Salomão Schwartzman, neuropediatra, a causa do autismo dificilmente será descoberta com 100% de certeza, pois a cada momento descobrem-se novas possibilidades. Além disso, pode-se elencar 20, 30 ou 40 condições diferentes que podem causar o autismo. A síndrome de Down, a síndrome do X-Frágil e uma série de outras doenças podem cursar o autismo. Da mesma forma, a síndrome fetal alcoólica provocada pela ingestão de álcool durante a gravidez é uma das causas frequentes de deficiência mental e autismo.
Apesar das causas do autismo ainda não serem totalmente compreendidas, sabe-se que esta doença não tem cura, mas que o tratamento pode ajudar a controlar alguns sintomas e tornar a convivência familiar um pouco mais facilitada.
De acordo com pesquisas na área, destacaremos três fatores, ou três causas que levam o individuo a ser um Autista.
1-Orgânica
Um novo teste destinado a ajudar os médicos a prever se um recém-nascido desenvolverá autismo ou retardamento mental confirma que as doenças estão presentes no nascimento e não resultam de fatores da criação.
O autismo surge provavelmente de uma combinação de defeitos genéticos e da exposição a substâncias tóxicas, de acordo com o Programa de Monitoração de Defeitos de Nascença da Califórnia.
O período crucial para tais fatores é nas primeiras semanas de gravidez quando o sistema nervoso central está em formação.
Alguns pais acreditam que o autismo pode ser causado por reações adversas a vacinas porque muitas crianças desenvolveram os primeiros sinais da doença mental depois de serem imunizadas aos 18 meses.
Uma equipe de pesquisadores examinou amostras de sangue coletado de 249 crianças durante a década de 1980 e descobriu níveis anormalmente altos de quatro proteínas associadas ao desenvolvimento cerebral em quase todas as amostras de crianças que posteriormente foram diagnosticadas com autismo ou retardamento mental.
Nenhuma dessas proteínas aparecia nas crianças que tiveram um desenvolvimento normal.
Dr. David Amaral, diretor do MIND Institute da University of California, em Davis, afirma que esta descoberta é realmente animadora, mas não significa que os cientistas possuam um teste específico para autismo, uma vez que as crianças retardadas têm os mesmos níveis elevados de proteína.
2-Genética
Segundo o Instituto Nacional da Saúde (NIH) dos Estados Unidos, trabalhos conjuntos de uma equipe de cientistas norte-americanos e europeus permitiram estabelecer o papel de alguns genes como causa do autismo.
O grupo de cientistas conseguiu identificar algumas regiões de quatro cromossomos que pareciam vinculadas a esta desordem neurológica e de desenvolvimento humano.
“Estes resultados confirmam o papel dos genes no autismo e constituem um maior avanço na pesquisa dos genes específicos envolvidos na doença” afirmou Duane Alexander, diretor do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (NICHD, em sua sigla em inglês).
Os pesquisadores estudaram o DNA de 150 casais de irmãos e irmãs afetados pela doença. Os resultados indicaram que duas regiões dos cromossomos 2 e 7 contêm genes envolvidos no autismo. Outros genes ligados à doença foram identificados nos cromossomos 16 e 17, mas nestes últimos o vínculo foi considerado menos convincente pelos cientistas.
O cromossomo 7 geralmente é associado aos problemas de linguagem. “Em virtude deste estudo e da importância da correlação estabelecida, agora existem poucas dúvidas de que o cromossomo conhecido como responsável por problemas de linguagem está significativamente vinculado ao desenvolvimento do autismo” alegou a cientista Marie Bristol-Power, do NICHD.
“De agora em diante, podemos ter quase certeza de que os genes dos cromossomos 2 e 7 estão ligados ao autismo” adicionou o doutor Ed Cook, da Universidade de Chicago.
3-Psicogênica
Até hoje o Transtorno Autista carece de maiores explicações médicas para seu aparecimento. Alguns autores tentaram estabelecer uma relação da frieza emocional das mães e dos pais com o desenvolvimento autista. O próprio Kanner julgava que a atitude e comportamento dos pais pudessem influir no aparecimento da síndrome. Ele havia observado em seus 11 pacientes iniciais que seus pais eram intelectualizados e emocionalmente frios, na grande maioria dos casos. Tem sido evidente que, embora seja muito importante no desenvolvimento do transtorno a dinâmica emocional familiar, esse elemento não é suficiente em si mesmo para justificar o seu aparecimento.
Portanto, o autismo não parece ser em sua essência, um transtorno adquirido e, atualmente, o autismo tem sido definido como uma síndrome comportamental resultante de um quadro orgânico. Trabalhos em todo o mundo já propuseram teorias psicológicas e psicodinâmicas para explicar o autismo e as psicoses infantis, principalmente numa época onde a investigação funcional e bioquímica do sistema nervoso central era ainda pouco desenvolvida.
Capítulo IV – O diagnóstico de um Autista
Hoje em dia podem-se proceder alguns estudos bioquímicos, genéticos e cromossômicos, eletroencefalográficos, de imagens cerebrais anatômicas e funcionais e outros que se fizerem necessários para o esclarecimento do quadro. Não obstante, o diagnóstico do Autismo continua sendo predominantemente clínico e, portanto, não poderá ser feito puramente com base em testes e/ou algumas escalas de avaliação.
Segundo o DSM.IV, os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, onde se inclui o Autismo Infantil, se caracterizam por prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento, tais como: nas habilidades da interação social, nas habilidades de comunicação, nos comportamentos, nos interesses e atividades. Os prejuízos qualitativos que definem essas condições representam um desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo.
Havendo um diagnóstico psiquiátrico, psicológico, neurológico, foniátrico, ou não; o fonoaudiólogo deverá usar todos os elementos disponíveis para estabelecer o seu diagnóstico de linguagem.
Existem vantagens quando o diagnostico é feito precocemente, pois quanto mais cedo começa o tratamento melhor é para a pessoa afetada com a doença, pois a criança necessita de mais estímulo para tentar estabelecer uma relação com a mãe, com o pai, com os irmãos, o aconselhamento familiar precoce permite ensinar técnicas que tentem facilitar essa comunicação. Além disso, existem medicamentos que podem ser indicados em determinadas situações.
Não há cura para o autismo, mas acontece que algumas pessoas têm melhora tão grande com o tratamento que podem levar vida independente. Existem exemplos de autistas adultos, casados, com filhos, que são excepcionalmente bem dotados em algumas áreas do conhecimento e tomaram consciência da própria doença aos 40 anos. Esses tiveram um percurso feliz, porque o distúrbio evoluiu de forma adequada e, em grande medida, tiveram famílias e escolas que souberam trabalhar suas dificuldades.
Capitulo V – O tratamento de um Autista
5.1- Tratamentos alternativos
Como já pontuado, a maioria dos autistas não aprende naturalmente em ambientes normais, no entanto, sob orientações e instruções apropriadas, muitos deles podem aprender uma grande variedade de conteúdos.
Assim, faz-se necessário uma intervenção para que o quadro do autista apresente um amplo progresso e para que eles possam ter uma inclusão escolar de sucesso. Por se tratar de um dos métodos bastante usados para o tratamento dos autistas atualmente e também por existir vários relatos sobre a aplicação deste método, optou-se por explicitar as características particulares do TEACCH.
Criado em 1964, o TEACCH foi o programa desenvolvido para atender os autistas e outros casos que possam existir de distúrbio no desenvolvimento. Ele é um método baseado em mais de vinte anos de experiência no Programa Estadual para Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação (Trearment and Education of Autistic and related Communication Handcapped Children –TEACCH). Este método visa basicamente atender às necessidades diárias dos autistas a fim de proporcionar a eles uma melhor qualidade de vida (MOREIRA, 2005), além de desenvolver um programa que se baseia nas habilidades, interesses e necessidades individuais de cada autista, observando e analisando seus comportamentos frente aos estímulos recebidos.
Este método, portanto, tem por objetivos principais: promover adaptação dos autistas de se desenvolverem ativamente no meio em que vivem; proporcionar atendimento adequado não só ao autista, mas também à família do autista e aqueles que vivem com eles; além de fornecer informações para que o maior número de pessoas conheça o autismo e suas manifestações. Além disso:
Tem como objetivo apoiar o portador de autismo a chegar à idade adulta com o máximo de autonomia possível. Ajudando-o a adquirir habilidades de comunicação para que possam se relacionar com outras pessoas e, dentro do possível dar condições de escolha para a criança (MOREIRA, 2005).
O TEACCH costuma ser bem mais eficiente quando aplicado em crianças de basicamente mesma idade. É importante manter a continuidade do tratamento, sem que ele seja interrompido ou suspenso ao longo do tempo e que, as mudanças que venham a ser introduzidas sejam feitas de forma lenta e adaptativa.
O TEACCH também considera como parte importante a possibilidade de os pais atuarem como co-terapeutas, organizando o espaço do autista em casa, a fim de prover melhor qualidade de vida e minimizar os sintomas.
Este método nos revela que todos têm suas diferenças, atividades, necessidades e rotinas e estas devem ser analisadas de acordo com a especificidade de cada um.
Apesar de ser apresentado aqui apenas o TEACCH, há outros programas desenvolvidos para atender às necessidades dos autistas que também visam à inclusão destes no ensino regular e na sociedade, de forma a proporcionar uma interação com pessoas não autistas.
Para Schwartzman os autistas devem frequentar escolas de acordo com seu grau de comprometimento. Atualmente, no Brasil, a política é tentar a inclusão dos indivíduos com deficiência em escolas regulares. Isso vale para algumas pessoas e para algumas escolas.
Diz Schwartzman em entrevista:
[...] não gosto de discutir a inclusão como algo filosófico ou determinado pelo MEC. Acho que se deve analisar caso a caso e levar em conta, antes de mais nada, o local onde estarão melhor os deficientes. Tenho dois autistas adolescentes cursando a USP. Não têm vida social intensa, mas estão vivendo de forma bastante adequada. Se você conversar com eles, perceberá algo de estranho em seu comportamento, mas talvez a maneira de agir desses estudantes não se distancie muito da de vários conhecidos esquisitos que temos.
É necessária uma analise detalhada ao inserir indivíduos e mostrar como eles podem e devem agir em escolas regulares. A questão é quando a criança não fala, não se comunica e apresenta movimentos estereotipados. Colocada dentro de uma classe regular, não só será excluída do grupo, como deixará de beneficiar-se com a aplicação de técnicas pedagógicas que dão certo com os autistas. Por exemplo, a técnica Teacch que é muito usada nos Estados Unidos e baseia-se na modificação do comportamento.
Como dito anteriormente, ninguém pode dizer que o melhor tratamento para crianças autistas é este ou aquele. Cada pessoa exige uma abordagem individualizada de acordo com as características de suas dificuldades.
Não há como dizer se existe uma linha a ser seguida, pois cada criança é um ser único, sua maneira de viver socialmente e seus costumes devem ser respeitados como um todo e se a criança apresenta prejuízo da comunicação, o atendimento tem de ser precoce e é preciso utilizar todos os métodos disponíveis para estabelecer algum tipo de comunicação. Se não conseguir fazê-lo verbalmente, que seja por qualquer outro modo. Há quem ensine a linguagem de sinais para os autistas. Outros usam o computador. O importante é convencer a família de que o fundamental é estabelecer uma possibilidade de comunicação entre o autista e o mundo, não importa qual seja.
Os prejuízos de linguagem dos autistas verbais, sua dificuldade de entender as metáforas e o duplo sentido, podem ser superados pela cognição.
Em alguns casos é visível o progresso de crianças quando tratadas adequadamente. Porém, há um problema é que quanto maior a deficiência mental, menor a possibilidade de ganhos significativos. No entanto, como nas crianças pequenas os dados para diagnóstico não são claros, os empenhos no tratamento, embora as respostas possam ser muito diferentes. Há casos que evoluem tão bem, que se usa a expressão “saiu do quadro autístico”, que não é adequada. Autismo é um distúrbio incurável. Se houve reversão do quadro, a pessoa não era autista.
Segundo Schwartzman muitos pacientes com autismo sararam, mas não pode apresentá-los em num congresso, porque foram classificados como autistas por erro de diagnóstico.
Por isso, fechar o diagnóstico antes do cinco anos é complicado. O médico pode levantar a hipótese, mas o consenso é que o diagnóstico de certeza só seja feito por volta dos quatro anos e meio de idade. Feito isso é que se vai iniciar o tratamento adequado.
Um outro tratamento que vem surtindo efeito é a musicoterapia, visa a comunicação entre o autista e o terapeuta. Visto que o autista possui dificuldades para interagir com o mundo em que vive, devido a problemas nas estruturas que compõem seu cérebro, a musica atua e estimula e cérebro dos autistas exatamente nas áreas mais afetadas, garantindo a eficácia da musicoterapia no tratamento desses indivíduos.
A musica atinge primeiro as emoções dos autistas, pois é processada pelo lado direito do cérebro, e depois da origem as reações físicas, como batucadas, emissão de sons e contato visual.
Há sempre alguns cuidados que se deve ter durante uma sessão de musicoterapia, são eles:
Se dirigir ao autista primeiro verbalmente e depois visualmente. Nunca falar e demonstrar ao mesmo tempo;
Evitar excesso de estímulos sonoros (volume alto, por exemplo) e visuais.
Os objetivos da musicoterapia são claros pois:
Aumentam os canais de comunicação;
Ampliam a interação com o mundo;
Tentam contato visual e tátil;
Diminuem a hiperatividade;
Promovem a interação de atividades antes rejeitadas;
Facilitam a entrada de outros profissionais no tratamento (pedagogos, fonoaudiólogos);
Melhoram a qualidade de vida do autista e sua família.
Em todos os momentos da vida, seja ela dita “normal” ou não, precisa-se fazer uma analise de como estamos aproveitando ou usufruindo nossa vida. Será que podemos melhorar em ajudar outros a encontrar um caminho mais digno e respeitado?
5.2- Tratamentos com medicamentos
Do ponto de vista medicamentoso ainda não existe, de objetivo, algo especifico para tratar os autistas, mas pesquisas diversas têm trazido resultados encorajadores como é o caso da fenfluramine, droga que interfere diminuindo o nível de serotonina, um neurotransmissor cerebral. Se ela se mostrar realmente eficaz, será o primeiro tratamento neurofarmacológico específico nesta entidade. Existem outros medicamentos não específicos, como os antipsicóticos ou tranqüilizantes maiores, como a thioridazine (Melleril), clorpromazina (Amplictil), halloperidol (Haldol), que atuam controlando certos sintomas de auto-agressão, acessos de raiva descontrolado e tornando a criança mais calma e manejável. Isto aumenta, indiretamente, o seu potencial de aprender e se desenvolver.
Contudo há uma possibilidade destas medicações sedarem ou doparem a criança se forem usadas excessivamente ou em doses altas demais, ou seja, inadequadamente. Conforme já foi dito, o uso de uma medicação do tipo “tranqüilizante maior” visa exclusivamente controlar um certo comportamento como a agressividade, tornando a criança mais fácil de ser tratada por outras técnicas. A dosagem deve ser suficientemente alta para conter este comportamento e ao mesmo tempo baixa evitando a sedação, pois estando dopadas não se beneficiarão destas novas técnicas.
Os termos medicamentos “antipsicóticos” ou “tranqüilizantes maiores” são sinônimos. Os bons resultados dependem muito mais de quem os usa do que do tipo ou marca utilizada. O mais usado nos grandes centros é a thioridazine (Melleril) que no nosso meio vem apenas em comprimidos de 50 mg. Usa-se um a dois comprimidos por dia, inicialmente, observando-se a resposta terapêutica. Se não ocorrerem melhoras, aumenta-se a dosagem gradualmente de 50 mg de dois em dois ou três em três dias, podendo-se chegar a 400 mg por dia em uma criança de quatro a seis anos. Obviamente se tentará evitar, conforme já foi citado, efeitos colaterais desagradáveis, como sedação excessiva. É importante, também, ressaltar que a utilização de uma dosagem baixa sem os efeitos terapêuticos desejados é fútil, pois o paciente estará sujeito aos efeitos colaterais da medicação sem se beneficiar da mesma. De tempos em tempos, cerca de seis em seis meses, a redução da dosagem deve ser tentada, verificando-se a possibilidade de continuar o tratamento sem a utilização de medicamentos. Em outras palavras, quando utilizar uma medicação isto deve ser feito corretamente. Outra observação importante é o uso concomitante de outras abordagens ou técnicas que, se usadas adequadamente, tornarão a medicação mais eficiente.
Capitulo VI – A educação de Autistas
6.1- O papel da escola
A abordagem escolar visa técnicas especiais de educação inclusiva, ocorreram mudanças dramáticas na capacidade de aprendizado de crianças em geral e, em particular, das crianças com necessidades especiais. O enfoque atual é fazer com que estas crianças aprendam conceitos básicos para que funcione o melhor possível dentro da sociedade. As escolas especializadas, atualmente, individualizam o tratamento para cada criança, tornando assim o aprendizado bem mais específico e eficiente.
O objetivo da educação é, em primeira instância, proporcionar condições para que todos os alunos, sem qualquer exceção, desenvolvam suas capacidades, salvo suas diferenças, a fim de que esses exerçam sua cidadania de forma ampla. As escolas são vistas como pequenos sistemas da sociedade os quais são capazes de transmitir valores e práticas culturais, que podendo ser positivos ou negativos, serão usados durante a vida toda. Daí toda a sua importância na vida dos alunos.
Todas as organizações caracterizam-se por ter certas finalidades estabelecidas, certos meios pessoais e recursos materiais relativos a tais finalidades. Um centro educacional é uma organização que tem por finalidade a educação dos cidadãos e, para isso, conta com certos meios e recursos materiais, cuja harmonização, diante de seu objetivo, exige uma gestão eficaz. (COOL et al, 1995, p. 296).
Sabemos, no entanto, que uma educação para todos depende de uma política educacional que os inclua de forma efetiva e real no sistema de ensino, independentemente das diferenças, tomando como base uma sociedade democrática. Assim sendo, um dos maiores desafios para se garantir uma qualidade de ensino e também aprendizagem é o de existir essa política educacional forte na formação dos professores e de um bom projeto político pedagógico.
A educação especial também entra nesta abordagem, considerando que ela deve integrar todas as modalidades e níveis da educação, tal qual a educação regular. A formação de todos os professores atuantes na escola necessita de uma coerência com a política educacional que busca a integração e inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular.
Projeções da Organização Mundial da Saúde mostram que no Brasil vivem cerca de 30 milhões de pessoas portadoras de deficiência, com diversos graus de comprometimento físico e mental. Menos de 10% dessas pessoas recebem atendimento médico e educacional adequado, por falta de uma política voltada para a deficiência. Isso apesar da lei n 7.853 de outubro de 1989, que dispõe sobre o apoio aos portadores de deficiência e sua integração social (MANTOAN, 1997, p.104).
Entretanto, como apontado pelas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), esta política que apresenta a necessidade da inclusão de alunos especiais no ensino regular não prevê apenas a inserção desses alunos na escola, mas busca acima de tudo, a valorização desses alunos em seus paradigmas e dificuldades, além do desenvolvimento real de suas vidas, respeitando acima de tudo, suas diferenças. É claro que a educação especial deve abranger as escolas públicas e privadas também. Além disso, as escolas devem assegurar uma resposta educativa adequada às necessidades dos alunos em todos os processos pedagógicos, a fim de prestarem os serviços especializados necessários a estas atividades.
Diante do exposto, sabe-se que uma educação inclusiva é ponto crucial para que os alunos especiais se desenvolvam na sociedade. Porém, o que se observa no atual modelo de currículo para a formação dos professores que irão atuar nessas situações não é satisfatório para que estes sejam capazes de atuar com alunos que apresentam necessidades especiais em classe comum.
Segundo Aincow (2000 apud RODRIGUES, KREBS, FREITAS, 2005), as escolas que buscam proporcionar através de seus modelos educativos uma maior inclusão, devem levar á sério algumas mudanças:
1. Assumir como ponto de partida as práticas e conhecimentos existentes;
2. Ver as diferenças como oportunidades para a aprendizagem;
3. Inventariar as barreiras à participação;
4. Usar os recursos disponíveis para apoiar a aprendizagem;
5. Desenvolver uma linguagem ligada à prática;
6. Criar condições que incentivem aceitar riscos (p. 56).
A educação de pessoas autistas também está inserida neste contexto e não têm recebido até então a atenção necessária. Sabe-se que a educação especial não tem dado conta desses alunos, cujo comportamento é de alguém que não vive neste mundo, provocando até mesmo sentimentos de incapacidade e incompetência nos profissionais.
Para toda educação especial, é preciso ter forte determinação profissional, sendo esta fundamental para que se possa desenvolver uma prática educacional adequada e eficaz. Assim também, deve-se considerar os autistas e suas necessidades, levando para a prática a atenção de seus direitos.
É fundamental um profissional com ampla formação geral, com capacidades educativas e interdisciplinares, a fim de lidar com os seus alunos de forma plena. Isso porque, a formação superior não garante uma prática com qualidade melhor ou pior, e sim uma qualificação na área profissional. Para se lidar com as inúmeras diversidades existentes no âmbito escolar, é preciso muito mais que a graduação. É necessário ter competência profissional.
De qualquer forma, o preparo nessas e outras técnicas é necessário não somente para o controle e eliminação de condutas alteradas, mas também para atingir o objetivo de desenvolver a comunicação, a inteligência, a independência e o equilíbrio pessoal das crianças autistas. Trata-se de objetivos difíceis e que exigem, além de uma formação especializada e de bom nível, certas características pessoais de tenacidade, clareza expressiva e resistência à frustração. Naturalmente, nem todos os professores possuem as mesmas competências naturais para trabalhar com crianças autistas, mas, talvez, fosse positivo que muitos vivessem a experiência apaixonante de uma relação educacional que abala profundamente as ideias vigentes sobre a educação e o desenvolvimento humanos.
6.2 – O papel dos pais
Os pais que têm filhos com problemas sofrem. Isto é inevitável e sem exceção. E sofrem tanto mais quanto maior for a problemática do filho, a dificuldade de tratamento, a cronicidade do processo e também quanto maior for o seu nível de sensibilidade. Este sofrimento precisa ser abordado não só por razões humanitárias, mas, também, para que funcionem melhor como pais de filhos com problemas. Em outras palavras, esta criança precisa de ajuda de toda e qualquer ajuda e pais que tenham conseguido melhorar o seu funcionamento poderá fazê-lo muito mais eficientemente. Se isto não ocorrer, esta criança deficiente terá pais lhe dificultando ainda mais a vida.
Inicialmente, apesar de todo o sofrimento emocional eles devem encarar e enfrentar o problema de frente. Como? Procurando ajuda profissional especializada, competente, atualizada e séria. Como eles podem avaliar isto? Perguntando, solicitando informações de outros e, obviamente, também do profissional. Em outras palavras, nada de cerimônias. Está em jogo o tratamento do seu filho. Além disto, devem estar em contato com outros pais para troca de experiências e vivências e com isto evitar a repetição de dificuldades, erros ou problemas. A criação de uma Associação de Pais e Amigos de Crianças Autistas tem surtido bons efeitos em outros países, e à semelhança da APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional) pode permutar conhecimentos, pesquisas e avanços nesta área. É crucial uma informação adequada dos pais sobre esta doença. Estas associações dão também uma sensação de coesão e meta, com isto podendo-se pressionar órgãos governamentais visando aos interesses destas crianças. Pode-se, também, levantar fundos junto a empresas e pessoas físicas para ajudar os menos favorecidos. A vantagem global da participação dos pais nestas atividades é que isto lhes dá a sensação de estar fazendo algo e não apenas esperando alguém fazer algo por eles. Isto lhes mitiga a sensação de impotência e inadequacidade. Também é importante a publicação de literatura específica e periódica, assim como o convite de especialistas para a troca de vivências e atualização.
Considerações Finais
Pode-se concluir que a educação para todos ainda não é realidade nas escolas e estas, sem dúvida, não estão preparadas para lidar com as diversidades existentes. Porém, sabemos que esta mudança só se dará a partir do momento que houver um esforço de toda a sociedade, unida, lutando por condições educacionais respeitáveis e agindo conjuntamente com as autoridades que auxiliarão no processo. É preciso estar aberto a novas metodologias, novos horizontes pedagógicos e curriculares, um mínimo aceitável de recursos e um povo forte vencido pela esperança.
As pessoas com autismo, apesar do autismo ou além dele, são tão diferentes como qualquer pessoa. As pessoas autistas podem ter uma grande capacidade de concentração, o que podemos ver desde o início da infância. Elas tendem a desenvolver paixões intensas, às vezes chamadas obsessões. Num certo sentido, as pessoas autistas precisam aprender um vocabulário do que é ser como nós. E nós também precisamos aprender o vocabulário deles, e a melhor maneira de compreender as pessoas surdas é ter um vizinho surdo, um amigo surdo, um parente surdo. Assim sendo, a melhor maneira de aprender sobre o autismo é manter algum tipo de relacionamento com uma pessoa autista.
Todo ser humano tratado com carinho, amor e respeito sentem-se querido e amado e, consequentemente, é feliz. Estas crianças não são exceção. As dificuldades que têm causam certos empecilhos para obter carinho, amor e respeito, mas se o adulto souber redimensionar a sua escala de valores estas crianças se tornam tão queridas quanto qualquer outra e serão felizes. Os pais, por sua vez, passarão a vivenciar esta mesma sensação. O inverso também é verdadeiro. Pais saudáveis e bem equacionados, que souberam reavaliar expectativas e sonhos em relação ao filho, poderão ser felizes e completarem assim, sua felicidade também.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
AMA – Associação de Amigos do Autista. < www.ama.org.br >, 2001
BOSA, C. Atenção compartilhada e identificação precoce do autismo. Psicol. Reflex. Crit., vol.15, no.1, 2002.
COLL, C; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e educação - Necessidades Educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 1995.
GAUDERER, C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento – Guia prático para Pais e Profissionais. Editora Revinter: Rio de Janeiro / RJ
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A integração de pessoas com deficiência. São Paulo: Memnon, 1997.
MOREIRA, Patrícia Schiewe Torres. Autismo: a difícil arte de educar. Universidade Luterana do Brasil – Ulbra – Campus Guaíba – RS, 2005.RITVO, E. & FREEDMAN, B. - The National Society for Autistic Children’s Definition of the Syndrome of Autism. J. Am. Acad. Child. Psych, 1978.
SCHWARTZMAN, J.S. Autismo infantil. Brasília,Corde,1994.
http://www.tuasaude.com/autismo-leve/. Dr. Arthur Frazão (Médico) disponibilizado em 08/07/2013.
http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo disponibilizado em 08/07/2013.
http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/autismo-e-suas-teorias/ disponibilizado em 08/07/2013.
http://maoamigaong.trix.net/oliversacks.htm disponibilizado em 08/07/2013.
...