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Monografias: Trabalhador Ganha Com Horario Flexivel. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Jenninha • 9/5/2013 • 1.920 Palavras (8 Páginas) • 508 Visualizações
A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Tentar definir a sociedade contemporânea é uma ilusão. Não há como descrever minimamente a quantidade de fenômenos e acontecimentos do nosso tempo. O que se pode tentar fazer é apontar alguns traços, identificar linhas de força, pontos de convergência, sempre de um ponto de vista particular, que muitas vezes é impreciso e limitado. Não é preciso aprofundar-se muito para compreender que a interpretação lançada embute uma pré-compreensão do intérprete, alinhado que está a um ou outro sentido político, cultural, social e psicológico. Assim, para fins deste capítulo, que se propõe a estudar a sociedade contemporânea, seus mecanismos de controle e as condições de liberdade, vale à pena destacar elementos que servem à nossa interpretação e pesquisa.
Em seus trabalhos sobre o poder Foucault (2004 e 2007) estuda a passagem das sociedades pré-modernas à modernidade. Para o pensador francês, a modernidade não se caracteriza por um domínio da razão sobre pensamento dogmático e religioso. Toda a narrativa dos iluministas, que se colocavam como o princípio da Idade da Razão, é reduzida por Foucault como um pensamento meramente idealista e abstrato, distante dos mecanismos que constituíram a modernidade. O método genealógico de Foucault implica analisar as relações de força, isto é, não só quem está dominando e quem é dominado, mas como se está dominando, como o poder se exerce. Para ele, o que interessa é entender o como do poder. A genealogia vai analisar, portanto, os dispositivos de exercício do poder na sua materialidade e não na sua mera titularidade. O Estado deixa de ser a figura central das relações de força da sociedade moderna. Ao invés do estado, com suas instituições, suas leis, seus modelos sociais; trata-se de entender como as relações de poder se formam e circulam por assim dizer microscopicamente, numa espécie de "micro-física do poder".
A passagem para a modernidade, segundo Foucault, dá-se quando os mecanismos de poder tornam-se mais eficazes, eficientes e minuciosos, o que coincide com a mudança européia das monarquias absolutas para os estados modernos – repúblicas ou monarquias constitucionais. O autor expõe diversos mecanismos que vão se desenvolvendo nos séculos XVII e XVIII que confluem para a formação de novas disciplinas. São exemplos: a vigilância e controle, o exame, a docilização dos corpos, a medicina social. Tais tecnologias do poder, como ele as chama, aplicam-se nas escolas, no exército, nas fábricas, nos hospitais, nas prisões. Ele dá como exemplo do que quer dizer, uma de suas aulas no Colégio da França. Nela, ele apresenta um regulamento do final do século XVIII e pede para os alunos lhe responderem de qual instituição pertenceria. São muitas as respostas, pois o regulamento poderia aplicar-se sem solução de continuidade numa escola militar, num hospício ou numa cadeia pública.
Na modernidade, as tecnologias tornam-se mais refinadas. Anteriormente, as punições eram aplicadas do modo mais visível possível. O rei fazia questão de ser visto, de ostentar o seu poder, como forma de garantir a própria soberania. Na passagem para a sociedade disciplinar, a punição é escondida, é realizada em recintos afastados do olhar público. Ao invés das forcas em praça pública, punições discretas dentro das prisões ou mesmo nos subterrâneos. Ao mesmo tempo, os criminosos já não são mais humilhados, porém guardados e escondidos. Tudo isso não ocorreu por causa de um tratamento mais humano ou racional, mas sim, explica-nos Foucault, porque é uma estratégia para que o poder se exerça melhor. Pois quando era exercido em público, como vingança do soberano, por vezes ocorriam revoltas, rebeliões e mesmo ataques ao carrasco, principalmente quando a multidão identificava-se com os punidos. O caso é que o sistema punitivo, nas suas três faces – policial, judicial/penal e penitenciária – sempre esteve atrelado ao controle social e como tal possui sentido político. Vigiar e punir, sem ser visto, é talvez o trecho mais literal da reflexão foucaultiana sobre a transição moderna, o que acabou consagrado na expressão "panoptismo". O Panóptico é um desenho de poder aplicado a múltiplas esferas, e não somente à prisão, como muitos pensam. Neste sistema os dominantes vigiam os dominados, no qual muitas vezes os dominados consideram-se permanentemente vigiados, internalizando o sistema de controle.
Outra característica das sociedades disciplinares é o controle mais preciso do tempo e do espaço. Os saberes ligados a essas relações de força buscam a todo o momento delinear a ocupação do espaço e a organização do tempo. Nas escolas, trata-se de compartimentalizar os períodos de tempo e atrelá-los a espaços adequados, sob o princípio do máximo controle. Nas fábricas, as técnicas de controle dos corpos, mediante a organização do tempo e espaço voltam-se à segregação do homem dentro de seu próprio ambiente de trabalho. Ele se torna alienado, principalmente em relação ao Fordismo de linha de montagem, em atividades cada vez mais específicas e segmentadas, impedindo a reunião e associação operárias em grupos maiores.
Estabelecida a sociedade disciplinar, Foucault (2008) passa a analisar a formação da sociedade moderna, a partir do século XIX e detém-se justamente em como a sociedade disciplinar caminhou para o que ele batiza de sociedade biopolítica. Um novo esquema de forças e uma nova rede de relações de poder nascem de dentro da sociedade disciplinar, é o que ele chama de biopoder. Na sociedade disciplinar, criam-se mecanismos de controle voltados à formação de corpos dóceis e produtivos, inseridos em instituições completamente regulamentadas, com espaços e tempos segmentados e organizados segundo uma disciplina rigorosa. Estes elementos tinham a sua razão de ser dentro do primeiro capitalismo industrial, momento inicial em que eram suficientes para controlar os sujeitos sociais.
No entanto, a maior produção de alimentos, a medicina, a aplicação de técnicas de urbanismo e sanitarismo, tudo isso permitiu que no século XIX se multiplicassem as cidades. Grandes aglomerados populacionais se formaram ao redor dos pólos industriais e de consumo. Em meados do século XIX, o capitalismo industrial entra numa fase de alta produtividade e gera monstruosas cidades. Novos problemas nascem, principalmente problemas políticos e de saúde pública. A aproximação de grandes grupos de trabalhadores, simultaneamente a condições precárias de trabalho, experimenta o fortalecimento de sindicatos, centrais e também partidos. A partir daí que os mecanismos de poder sofrem uma nova metamorfose. De fato, na micro-física do poder de Foucault, são as próprias relações
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