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VIDA EXECUTIVA

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Por:   •  29/9/2014  •  3.576 Palavras (15 Páginas)  •  458 Visualizações

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A globalização desponta no estudo como uma das principais vilãs responsáveis pelo aumento da tensão no mundo corporativo. Com a competição disparando de todos os lados, as empresas correm atrás de aumento de produtividade para brigar em condições de igualdade com a concorrência mais e mais voraz. Legiões de profissionais foram demitidas nesse processo. Quem antes fazia apenas o seu trabalho passou a realizar o de três pessoas. Quem chefiava um único departamento assumiu o comando de vários setores. Os que sobreviveram tiveram de provar sua competência de forma quase obsessiva. "O acirramento da competição globalizada representou uma virada no mundo corporativo brasileiro", afirma Betania. Metas cada vez mais ambiciosas foram estabelecidas. A tecnologia também teve um papel decisivo na aceleração do ritmo de trabalho nos últimos anos.

Equipamentos como o BlackBerry, o celular que facilita o envio e recebimento de e-mails, e os laptops, que permitem acessar a internet de qualquer lugar, sem precisar de rede fixa ou pontos wireless, acabaram por eliminar a fronteira entre a vida pessoal e o escritório. Trabalha-se o tempo todo. Na quadra de tênis. Em casa, com os filhos. No jantar romântico com a pessoa querida. Também nas férias e feriados. Veja o executivo paulista Davide Marcovitch, presidente do grupo Moët Hennessy na América Latina, dono de algumas grifes do setor de bebidas (Veuve Cliquot e Moët & Chandon), Marcovitch chega a passar 20 horas por dia no escritório em São Paulo. Ao longo de quatro décadas de carreira, ele afirma ter-se desligado das atribuições profissionais somente em duas ocasiões. "Uma na lua-de-mel, há 30 anos, e outra em 1999, numa viagem com minha mulher." Por que se sacrificar tanto? "É o único jeito de chegar ao topo", diz.

Revista EPOCA

A angústia da vida profissional

Por Jerônimo Mendes para o RH.com.br

Com relação ao mundo corporativo, costumo dizer o seguinte: manda quem pode, obedece quem precisa, muda quem tem juízo. Essa última parte é por minha conta, mas eu já pensei diferente no passado. Reconheço que é bem mais fácil pensar assim depois de certa idade, quando você sabe exatamente o que quer e, principalmente, quando você trabalha de cabeça erguida, graças ao seu esforço, à sua dedicação e, sem dúvida, um pouco de sorte. Dessa forma, pensar diferente é um exercício gratificante para não se deixar escravizar, apesar da necessidade que, na maioria dos casos, sempre fala mais alto.

Entender o ditado requer interpretação em três etapas. "Manda quem pode" é algo típico da Idade Média, quando os senhores feudais dominavam vastas propriedades de terras e os servos e os vassalos viviam à mercê do seu temperamento nada amistoso; portanto, qualquer descontentamento era sinônimo de ameaça e, para evitar conflitos, cuja pena máxima era a perda de proteção ou a expulsão do feudo, a alternativa mais sensata era obedecer. Assim foi no tempo da escravidão, quando os reis, imperadores e senhores de engenho detinham a propriedade do indivíduo, de papel passado, em regime absoluto de escravidão. Durante essa fase repugnante da nossa história, isso era comum.

"Obedece quem precisa" surgiu mais adiante quando Frederick Taylor, o precursor da administração científica do trabalho, instituiu o conceito de chefia e organização e estabeleceu, de forma veemente e unilateral, que alguns nascem para mandar, outros para fazer. Naturalmente, quem nascia para a execução morreria sob esse estigma e poderia se tornar um obediente operário até o fim da vida. Por essa razão, Taylor era meio paranóico, obcecado por controle e produtividade.

"Muda quem tem juízo" é a minha praia, por assim dizer. Considero a melhor atitude para se livrar do ditado original. Embora eu tenha sido forçado à mudança há algum tempo e isso tenha me proporcionado um bem danado, eu posso dizer que se trata de um dilema difícil de ser solucionado e isso não é privilégio de poucos, ao contrário, é o caso da maioria dos profissionais do mundo moderno.

A mudança é o caminho mais adequado para livrá-lo dessas tolices que mancham o mundo corporativo e para colocar todo o seu potencial em prática em um lugar onde você possa ser tratado, literalmente, como ser humano. Você é a única pessoa capaz de reverter o quadro depreciativo que pintam a seu respeito e a cerca do seu trabalho, por mais esforçado que você tente parecer.

De acordo com pesquisa divulgada na Revista Negócios (Edição n. 3, maio de 2007), o ambiente de trabalho se tornou fonte de infelicidade para presidentes e diretores de grandes empresas e, por experiência própria, estendo esse descontentamento geral para outros níveis hierárquicos que sofrem diferentes tipos de pressão por resultados cada dia mais insaciáveis.

Ainda segundo o levantamento, realizado com mais de mil executivos de 350 empresas, a angústia da vida executiva é algo digno de reflexão. Dentre os principais resultados obtidos, a pesquisa aponta que 84% dos executivos se dizem infelizes no trabalho, 54% que se dizem insatisfeitos com o tempo dedicado à vida pessoal e 35% deles apontam os problemas com o chefe como a crise mais marcante da sua vida, o que não é tanta novidade assim.

Por um lado, o excesso de trabalho; por outro, a falta dele. Ambos têm a ver com a dignidade humana, relegada com frequência ao segundo plano. Albert Camus, filósofo francês, lembra que não existe dignidade no trabalho quando este não é aceito livremente. Pior ainda quando não é aceito de forma alguma.

Concordo plenamente com o escritor James Hunter, autor de O Monge e o Executivo, quando diz que "os seres humanos têm um profundo anseio por significado e propósito em sua vida e retribuirão a quem os ajudar a atender a esta necessidade. Eles querem acreditar que o que estão fazendo é importante, que serve a um desígnio e que agrega valor ao mundo". Isso vale para o mais simples dos mortais.

Meu pai ficou praticamente 30 anos na mesma empresa repetindo esse ditado e por vários lugares onde passei havia sempre um insatisfeito que parecia ter assumido o lugar dele, mas não o condeno. Ele foi feliz do seu jeito e, apesar dos revezes, sobreviveu e conseguiu criar os filhos com dignidade.

Embora as circunstâncias mudem e as oportunidades sejam frequentes, muitos profissionais ainda se submetem a essa filosofia de vida, por medo ou insegurança, enquanto o verdadeiro potencial vai lhe escapando pelo vão dos dedos sem que o mesmo seja capaz de esboçar a mínima reação. Isso soa um pouco deprimente.

O fato de não ter conseguido livrar-me definitivamente desse ditado

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